Poucos ficaram de fato ricos. Mas, enquanto a febre durou, dinheiro não foi problema em Serra Pelada e gastavam-se quantias exorbitantes apenas por diversão. O governo também foi contaminado pela enfermidade e anunciou que o ouro de Serra Pelada, o maior garimpo do mundo, poderia ser usado para amortizar parte da dívida externa brasileira.
Havia, no entanto, outras doenças grassando entre os garimpeiros, como malária e meningite, e o meio ambiente sofria danos irreversíveis por causa do mercúrio utilizado na extração do ouro. O Eldorado era um ajuntamento desordenado, e, até a intervenção do governo, não contava com nenhuma infraestrutura.
O novo eldorado brasileiro ganhou as manchetes dos jornais. Na edição do GLOBO que foi às bancas no dia 27 de dezembro de 1980, o título principal destacava: "Serra Pelada é a maior reserva de ouro do mundo". Levantamento da Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais (CPRM), entregue ao presidente João Figueiredo, mostrava que Serra Pelada, em Carajás, tinha cerca de quatro mil toneladas de ouro, superando a reserva de Mununtal, na hoje extinta União Soviética.
Com o passar dos anos, mais e mais pessoas chegaram à região, e estima-se que, no auge da produção de ouro (88 toneladas anuais), eram 85 mil os garimpeiros no enorme buraco que se formou. Finalmente, em 1986, o governo anunciou que a lavra manual cessaria, no ano seguinte, e empresas passariam a explorar mecanicamente a jazida.
A interdição oficial só veio em 1990, mas alguns insistiram em permanecer no "garimpinho", uma área próxima ao buraco de 500 metros de comprimento por 200 de largura, que se enchera de água após os garimpeiros terem atingido um lençol freático. Estima-se que o buraco – tombado como patrimônio cultural no Governo Collor – ainda guarde 400 toneladas de ouro.
1980. A massa humana em Serra Pelada: garimpo de ouro no Pará chegou a ter 85 mil trabalhadores Sergio Marques / Agência O
Fonte: Veja
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