Derrota do Facebook é golpe duro a fundadores do Vale do Silício
Quando o Facebook tentou seguir o exemplo das empresas de tecnologia e ter mais controle nas mãos do fundadores, os acionistas rejeitaram o plano
São Francisco/Nova York – O Vale do Silício passou mais de uma década encontrando formas de entregar mais controle aos fundadores das empresas. Quando o Facebook tentou seguir o exemplo, os acionistas rejeitaram o plano.
O Google começou com uma oferta pública inicial em 2004 que entregou aos cofundadores Larry Page e Sergey Brin direitos de voto muito maiores do que os garantidos por suas participações econômicas na gigante de pesquisa. Groupon, Zynga e Facebook também fizeram o mesmo e neste ano a Snap vendeu ações sem nenhum direito a voto.
Em todos os casos os investidores aceitaram, comprando o argumento de que os fundadores precisavam de controle para poder executar suas visões de longo prazo. Às vezes os acionistas entravam com processo e invariavelmente perdiam.
Em 2015, o Facebook dobrou a aposta com a proposta de uma nova classe de ações para consolidar para sempre o poder do cofundador Mark Zuckerberg na gigante das redes sociais, mesmo que ele vendesse quase todas as suas ações. Os acionistas entraram com processo novamente e desta vez ganharam. O Facebook cancelou seus planos na sexta-feira, poucos dias antes da data prevista para o julgamento de uma ação coletiva que contestava o plano.
“Este é realmente o fim para as empresas atuais que tentam adotar uma classe de ações sem direito a voto”, disse Ken Bertsch, diretor-executivo do Council of Institutional Investors, um grupo sem fins lucrativos que defende uma governança corporativa forte.
Existem outros sinais de mudança de postura. Nas esferas política e regulatória há um novo esforço para controlar as empresas do ramo de internet dos EUA, que cresceram e se transformaram nas corporações públicas mais valiosas do mundo nos últimos anos.
Nos mercados de capitais, a S&P Global recentemente proibiu empresas com múltiplas classes de ações de participarem de seus principais índices nos EUA — excluindo a Snap, embora o Facebook tenha sido isentado. E a FTSE Russell, uma unidade da London Stock Exchange Group, anunciou uma lista de mais de 30 empresas que seriam banidas de seus índices a menos que aumentassem a porcentagem de direitos de voto concedidas aos investidores públicos. A MSCI, outra importante provedora de índices, também se posicionou recentemente contra esse tipo de estrutura.
“Quando são criadas essas classes especiais de ações que não estão alinhadas com os interesses econômicos dos acionistas, alguns chamam de governança corporativa ruim”, disse George Maris, gerente de portfólio da Janus Capital. “Trata-se essencialmente de ter seu próprio bolo e também comê-lo. Você quer o dinheiro de outra pessoa, mas essa classe não é o que os acionistas querem.”
E apesar de as provedoras de índice terem poder, porque centenas de bilhões de dólares são investidos contra suas referências, não está claro se sua postura fraca sobre as estruturas de múltiplas classes é suficiente para dissuadir um fundador que deseja manter o controle.“Se a S&P e os índices disseram que não incluirão a ação, então uma empresa como o Facebook diria ’tudo bem, então não nos coloque no índice’ — é uma questão de quem tem mais força”, disse Matt Maley, estrategista de ações da Miller Tabak.
Fonte: Bloomberg
O Google começou com uma oferta pública inicial em 2004 que entregou aos cofundadores Larry Page e Sergey Brin direitos de voto muito maiores do que os garantidos por suas participações econômicas na gigante de pesquisa. Groupon, Zynga e Facebook também fizeram o mesmo e neste ano a Snap vendeu ações sem nenhum direito a voto.
Em todos os casos os investidores aceitaram, comprando o argumento de que os fundadores precisavam de controle para poder executar suas visões de longo prazo. Às vezes os acionistas entravam com processo e invariavelmente perdiam.
Em 2015, o Facebook dobrou a aposta com a proposta de uma nova classe de ações para consolidar para sempre o poder do cofundador Mark Zuckerberg na gigante das redes sociais, mesmo que ele vendesse quase todas as suas ações. Os acionistas entraram com processo novamente e desta vez ganharam. O Facebook cancelou seus planos na sexta-feira, poucos dias antes da data prevista para o julgamento de uma ação coletiva que contestava o plano.
“Este é realmente o fim para as empresas atuais que tentam adotar uma classe de ações sem direito a voto”, disse Ken Bertsch, diretor-executivo do Council of Institutional Investors, um grupo sem fins lucrativos que defende uma governança corporativa forte.
Existem outros sinais de mudança de postura. Nas esferas política e regulatória há um novo esforço para controlar as empresas do ramo de internet dos EUA, que cresceram e se transformaram nas corporações públicas mais valiosas do mundo nos últimos anos.
Nos mercados de capitais, a S&P Global recentemente proibiu empresas com múltiplas classes de ações de participarem de seus principais índices nos EUA — excluindo a Snap, embora o Facebook tenha sido isentado. E a FTSE Russell, uma unidade da London Stock Exchange Group, anunciou uma lista de mais de 30 empresas que seriam banidas de seus índices a menos que aumentassem a porcentagem de direitos de voto concedidas aos investidores públicos. A MSCI, outra importante provedora de índices, também se posicionou recentemente contra esse tipo de estrutura.
“Quando são criadas essas classes especiais de ações que não estão alinhadas com os interesses econômicos dos acionistas, alguns chamam de governança corporativa ruim”, disse George Maris, gerente de portfólio da Janus Capital. “Trata-se essencialmente de ter seu próprio bolo e também comê-lo. Você quer o dinheiro de outra pessoa, mas essa classe não é o que os acionistas querem.”
E apesar de as provedoras de índice terem poder, porque centenas de bilhões de dólares são investidos contra suas referências, não está claro se sua postura fraca sobre as estruturas de múltiplas classes é suficiente para dissuadir um fundador que deseja manter o controle.“Se a S&P e os índices disseram que não incluirão a ação, então uma empresa como o Facebook diria ’tudo bem, então não nos coloque no índice’ — é uma questão de quem tem mais força”, disse Matt Maley, estrategista de ações da Miller Tabak.
Fonte: Bloomberg
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