sábado, 9 de setembro de 2017

O que são essas luzes que apareceram no céu durante o terremoto no México? 

O que são essas luzes que apareceram no céu durante o terremoto no México?

O terremoto no México em imagens
As complexidades de um raro e extraordinário fenômeno natural, como poderosos terremotos, são acompanhados de mistérios. Um que recebe bastante atenção tanto de cientistas e céticos são as luzes de terremotos, flashes ou outros fenômenos brilhantes que ocorrem antes e durante um terremoto.

Vídeos (reais ou não) documentam essas luzes aparecendo durante o terremoto de 8.1 pontos de magnitude que chacoalhou o México nesta madrugada.


Relatos dessas luzes de terremoto são comuns, mas estes estranhos flashes ainda não são muito bem explicados pela ciência. “Não é um fenômeno geológico que eu conheça”, explica ao Gizmodo Robert Sanders, geofísico do Serviço Geológico dos Estados Unidos. É claro, colher dados sobre isso não é algo particularmente simples, uma vez que os pesquisadores teriam que esperar por um grande e imprevisível terremoto, ou avaliar testemunhos que podem nem sempre ser verdadeiros.

Mas, enfim, o que diabos são essas luzes?

Cientistas afirmam que estes flashes durante terremotos existem desde antes do uso maciço da eletricidade. Durante um terremoto em 1888 na Nova Zelândia, o professor Hutton reportou ter visto “uma aparição luminosa ao lado oeste nos céus”, mas ele mesmo não acreditou muito no que viu, continuando seu relato com “menciono essas luzes, mas não acredito que elas estejam de maneira alguma conectadas ao terremoto”. Uma pesquisa de 1913 do Bulletin of the Seismological Society of America disse que não era “científico ou racional afirmar ou negar a existência de fenômenos luminosos de um terremoto”, concluindo que essas luzes poderiam se tratar de relâmpagos ou meteoros.

Ainda assim, evidências em imagens e vídeos parecem confirmar que, em alguns casos, flashes de luz ocorrem durante terremotos. Um estudo tradicionalmente citado do periódico Seismological Research Letters avaliou os últimos 65 terremotos para descobrir o que eles tinham em comum e o documento descreve que “um grande número de relatos de testemunhas (e.g., Saguenay, Pisco, L’Aquilla), acompanhado das semelhanças que dizem respeito a formatos e cores (e.g., globos, luminosidades em formato de chamas) para incidentes em regiões muito diferentes do mundo deve ser entendido como evidência que ocorrências de luzes no céu durante terremotos são um fenômeno real e difundido”.

Estes pesquisadores, entretanto, não oferecem uma explicação. Na era moderna, é obviamente possível que essas luzes sejam simplemente o resultado de transformadores danificados – pessoas em Nova York talvez se lembrem do forte flash de luz causado pela explosão de um transformador durante o furacão Sandy. Mas um outro grupo acredita na possibilidade que o estresse na crosta terrestre possa gerar campos elétricos, potencialmente fortes o bastante para eletrificar moléculas do ar. Um outro grupo tentou recriar um modelo destes flashes em um laboratório e observaram picos de tensão. Eles acreditaram que isso poderia ser resultante da quebra de cadeias químicas, o que liberaria energia.

Leila Ertolahti, professora adjunta de geologia na Universidade Farleigh Dickinson, explica mais sobre o caso em um email. “Em certos tipos de rochas, esse acúmulo de estresse pode quebrar átomos de oxigênio negativamente carregados no solo, permitindo a eles pairar no ar como uma corrente elétrica. Se a região tem átomos o suficiente, eles podem ionizar regiões do ar formando um plasma, ou um gás carregado, que emite luz”.

Provavelmente existe muitas outras explicações por ai, mas por agora, vamos ter que ficar com a seguinte: é bem provável que existam flashes de luz durante terremotos. Eles podem ser coincidências, eles podem ser devido aos efeitos do terremoto ao ambiente, ou eles podem ainda se tratar de algum fenômeno até então desconhecido. A ciência nem sempre tem todas as respostas: ela é uma ferramenta para tentarmos responder nossas perguntas. E nos casos em que a Terra resolve chacoalhar violentamente, a ciência parece ter priorizado a proteção das pessoas a explicar o que acontece nos céus.

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