sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Reserva Nacional do Cobre e Associados

O inferno astral do presidente Michel Temer continua. Como se não bastasse a crise política diária enfrentada pelo comandante do Palácio do Planalto, as labaredas do incêndio provocado por ele mesmo, com a adoção de medidas que colocam em risco a sobrevivência da Amazônia, provocam um clarão em todo o mundo. Na realidade, qualquer coisa que coloca em risco a floresta, ganha repercussão planetária. O pior de tudo é que a ameaça tem origem no fogo amigo, ou seja, surgiu a partir de um decreto elaborado a pedido do Ministério de Minas e Energia e que contribui para colocar o seu governo no meio de mais um embate, a partir do momento em que o presidente extinguiu a
COBRE NATIVO
PEPITA DE OURO
Reserva Nacional do Cobre e Associados.
A repercussão negativa foi tão grande que, desde então, o governo recuou, editou um novo Decreto com texto similar, foi questionado pela Justiça e, enfim, suspendeu a medida. Mesmo na China, em viagem diplomática, Temer ainda foi questionado sobre o assunto, que, para o governo, não passou de uma confusão na hora de comunicar. O episódio, na realidade, faz parte de uma série de atos contra a área ambiental no Brasil, que vêm desde o governo de Dilma Rousseff e se intensificam na Presidência de Temer, em sua busca desesperada de apoio no Congresso.
Conceitualmente, o termo "reserva" sugere se tratar de uma Unidade de Conservação. Entretanto, não é bem assim. O lugar, na verdade, é um grande retângulo desenhado no mapa do Brasil entre o Pará e o Amapá que abrange 4,2 milhões de hectares. A Reserva Nacional do Cobre e Associados foi criada no final da ditadura militar para evitar que os minérios fossem explorados por empresas estrangeiras. Ou seja, não tinha nenhuma intenção ambiental, tanto que há áreas protegidas sobrepostas à área da reserva. Desde que a empresa estatal de mineração, a Vale do Rio Doce, foi privatizada, a existência da reserva faz pouco sentido. Nada mais natural, para um governo que se esforça em atrair a atenção da iniciativa privada, em extingui-la. Acontece que esse retângulo pega uma região conhecida como "Escudo das Guianas". É uma área que envolve o norte da Amazônia brasileira, as Guianas e a Venezuela. Do ponto de vista ambiental, ela é muito importante. Lá se encontra o maior corredor de áreas protegidas do mundo. Ela é extremamente bem conservada, com menos de 1% de sua área desmatada. Além disso, conta com uma alta quantidade de espécies endêmicas, ou seja, que não existem em outro lugar do mundo.

A Reserva Nacional do Cobre nunca conseguiu impedir o garimpo na região

Apesar de existir no papel, a Reserva Nacional do Cobre e Associados nunca conseguiu impedir o garimpo na região, incluindo em áreas de importância biológica. A ausência do Estado na Amazônia e a péssima implementação das unidades de conservação fizeram florescer a mineração ilegal de ouro. Essa mineração de pequena escala é a mais perigosa. Ela coloca em risco a saúde dos garimpeiros e não há nenhuma preocupação com a proteção ambiental, resultando em desmatamento ilegal e contaminação de rios e peixes por mercúrio.
Levantamentos feitos por pesquisadores em 2008, constataram que cerca de 1.000 garimpeiros trabalhavam ilegalmente nas duas áreas protegidas. Hoje, com base em estimativas feitas pela quantidade de voos que saem do município de Laranjal do Jari, no Amapá, para os garimpos, acredita-se que 2 mil garimpeiros atuam na região.
A atividade de mineração na Amzônia sempre foi considerada uma atividade altamente polêmica, principalmente por se tratar de uma prática construída na ilegalidade, uma vez que geralmente o local explorado não tem um "dono". O que existe é a figura de uma pessoa que possui o maquinário utilizado e que ganha o posto de patrão. Os garimpeiros, que ocupam o lugar de empregados, formam a população mais vulnerável. São em sua maioria, homens que trabalhavam na agricultura ou construção civil e foram atraídos pela riqueza do ouro. A maior parte tem pouca educação formal. Eles trabalham em média 60 horas por semana e recebem entre 20% e 30% do valor da produção do ouro. Os frutos do trabalho ficam, em grande parte, no próprio garimpo, em troca de alimento, roupas e bebidas. A moeda que circula é o ouro. Tudo é vendido a peso de ouro.

Fonte: UOL

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