Uma bomba nos mercados
Ao lançar um míssil que sobrevoou o território japonês, a Coreia do Norte mantém a tensão elevada. O quanto isso afeta os investimentos?
Às seis horas da manhã da terça-feira 28, enquanto Tóquio preparava-se para mais um dia de verão, as autoridades japonesas alertaram o povo: um míssil balístico da Coreia do Norte se aproximava rapidamente do espaço aéreo japonês. O projétil, desarmado, sobrevoou a ilha de Hokkaido, a mais setentrional do arquipélago. Apenas 14 minutos após seu lançamento, ele caiu no mar, 1.200 quilômetros a leste da costa nipônica. Mais tarde na terça-feira, o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, declarou, em uma nota, que o lançamento era “uma ameaça séria, grave e sem precedentes ao Japão.” No dia seguinte, o governo de Kim Jong-Un, o ditador norte-coreano, disse que “o mundo deve se preparar para mais testes.”
Nos Estados Unidos, Donald Trump disse que “todas as opções para conter a ameaça norte-coreana estavam sobre a mesa”. Os mercados, claro, reagiram imediatamente. Apesar de os solavancos das moedas não terem sido dos maiores, petróleo e ouro subiram, pressionados por investidores apostando em um aumento na busca por proteção financeira (observe o quadro ao final da reportagem). Nos dias que se seguiram, especialistas militares americanos, japoneses e coreanos debateram se o lançamento poderia ou não colocar a ilha de Guam, uma base militar estratégica para os Estados Unidos, ao alcance dos mísseis de Pyongyang.
Enquanto isso, porém, a situação dos mercados se normalizou. As bolsas se recuperaram, especialmente nos Estados Unidos, animadas pela notícia de um crescimento anualizado de 3% no Produto Interno Bruto (PIB) americano no segundo trimestre. O dado, divulgado pelo Departamento do Comércio na quarta-feira 30, superou as expectativas que previam um avanço de 2,6%, e segue-se a um crescimento de 1,2% no primeiro trimestre. Além disso, desconsiderando-se Japão e Coreia do Sul, os investidores estão ficando acostumados com os testes da Coreia do Norte, o que reduz seu impacto sobre os mercados.
Até que ponto os testes ordenados por Kim Jong-Un e a retórica agressiva de Donald Trump devem ser levados a sério na hora de decidir o que fazer com seu dinheiro? Para os especialistas, essa é uma ameaça que tem de ser acompanhada de longe, mas não deve, pelo menos no curto prazo, justificar uma corrida em direção a ativos reais, como ouro e petróleo. Na avaliação de Brian Jacobsen, estrategista-chefe de investimentos do banco americano Wells Fargo, “quando o presidente diz que ‘todas as opções estão sobre a mesa’, a melhor estratégia para os investidores é não fazer nada.”. Segundo Jacobsen, o impacto dos testes balísticos deverá diminuir gradativamente. “O mercado simplesmente vai ficar acostumado com isso.”
A explicação para o minueto sinistro entre Estados Unidos e Coreia do Norte é simples. Kim Jong-Un quer se manter no poder. Para isso, nada melhor do que lançar a culpa do desempenho ruim da economia norte-coreana sobre um inimigo externo, e as sucessivas manobras militares são a demonstração, para o público interno, de que a ameaça externa é concreta. Outro motivo é que os testes deixam Trump sem muitas opções além de esbravejar. “Trump sabe que um ataque militar à Coreia do Norte é uma opção ruim”, diz o analista americano Jonathan Cristol, associado ao World Policy Institute. Para os especialistas, um ataque americano, seja nuclear, seja convencional, seria devastador.
O problema é que Seul, a capital da Coreia do Sul, e a maioria de suas grandes cidades, está a menos de 100 quilômetros da fronteira com o vizinho encrenqueiro. “Antes de ser detido, o exército de Pyongyang provocaria uma devastação sem precedentes ao sul da fronteira”, diz Cristol. No complicado xadrez da geopolítica internacional, Washington não pode se dar ao luxo de sacrificar a peça estratégica da Coreia do Sul. Por isso, o mais provável é que Trump faça pouco além de esbravejar e realizar exercícios militares com a Coreia do Sul, como ocorreu na quarta-feira 30. Por isso, a recomendação dos especialistas é de que não se tome nenhuma decisão. O desejo de todos os envolvidos, em ambos os lados do Pacífico, é que nada mude por enquanto.
Nos Estados Unidos, Donald Trump disse que “todas as opções para conter a ameaça norte-coreana estavam sobre a mesa”. Os mercados, claro, reagiram imediatamente. Apesar de os solavancos das moedas não terem sido dos maiores, petróleo e ouro subiram, pressionados por investidores apostando em um aumento na busca por proteção financeira (observe o quadro ao final da reportagem). Nos dias que se seguiram, especialistas militares americanos, japoneses e coreanos debateram se o lançamento poderia ou não colocar a ilha de Guam, uma base militar estratégica para os Estados Unidos, ao alcance dos mísseis de Pyongyang.
Enquanto isso, porém, a situação dos mercados se normalizou. As bolsas se recuperaram, especialmente nos Estados Unidos, animadas pela notícia de um crescimento anualizado de 3% no Produto Interno Bruto (PIB) americano no segundo trimestre. O dado, divulgado pelo Departamento do Comércio na quarta-feira 30, superou as expectativas que previam um avanço de 2,6%, e segue-se a um crescimento de 1,2% no primeiro trimestre. Além disso, desconsiderando-se Japão e Coreia do Sul, os investidores estão ficando acostumados com os testes da Coreia do Norte, o que reduz seu impacto sobre os mercados.
Até que ponto os testes ordenados por Kim Jong-Un e a retórica agressiva de Donald Trump devem ser levados a sério na hora de decidir o que fazer com seu dinheiro? Para os especialistas, essa é uma ameaça que tem de ser acompanhada de longe, mas não deve, pelo menos no curto prazo, justificar uma corrida em direção a ativos reais, como ouro e petróleo. Na avaliação de Brian Jacobsen, estrategista-chefe de investimentos do banco americano Wells Fargo, “quando o presidente diz que ‘todas as opções estão sobre a mesa’, a melhor estratégia para os investidores é não fazer nada.”. Segundo Jacobsen, o impacto dos testes balísticos deverá diminuir gradativamente. “O mercado simplesmente vai ficar acostumado com isso.”
A explicação para o minueto sinistro entre Estados Unidos e Coreia do Norte é simples. Kim Jong-Un quer se manter no poder. Para isso, nada melhor do que lançar a culpa do desempenho ruim da economia norte-coreana sobre um inimigo externo, e as sucessivas manobras militares são a demonstração, para o público interno, de que a ameaça externa é concreta. Outro motivo é que os testes deixam Trump sem muitas opções além de esbravejar. “Trump sabe que um ataque militar à Coreia do Norte é uma opção ruim”, diz o analista americano Jonathan Cristol, associado ao World Policy Institute. Para os especialistas, um ataque americano, seja nuclear, seja convencional, seria devastador.
O problema é que Seul, a capital da Coreia do Sul, e a maioria de suas grandes cidades, está a menos de 100 quilômetros da fronteira com o vizinho encrenqueiro. “Antes de ser detido, o exército de Pyongyang provocaria uma devastação sem precedentes ao sul da fronteira”, diz Cristol. No complicado xadrez da geopolítica internacional, Washington não pode se dar ao luxo de sacrificar a peça estratégica da Coreia do Sul. Por isso, o mais provável é que Trump faça pouco além de esbravejar e realizar exercícios militares com a Coreia do Sul, como ocorreu na quarta-feira 30. Por isso, a recomendação dos especialistas é de que não se tome nenhuma decisão. O desejo de todos os envolvidos, em ambos os lados do Pacífico, é que nada mude por enquanto.
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