Novos rumos para o setor da mineral e diversificação econômica
O 1º Fórum de Negócios de Congonhas, organizado pela Prefeitura, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Sustentável, marcou o início do debate sobre a economia local e apontou proposições para o futuro próximo. O evento contou com o apoio da Associação Comercial de Congonhas, IFMG, Ferros, CSN, Gerdau, VALE e In Group. Autoridades, como o prefeito Zelinho, secretários municipais como o de Desenvolvimento Sustentável, Christian Souza Costa, o deputado federal Marcus Pestana, vereadores, além de especialistas em diversas áreas do desenvolvimento econômico, empresários, alunos do IFMG e o público em geral acompanharam uma extensa programação distribuída entre a manhã e a tarde desta terça-feira, 21, no Museu de Congonhas.
O prefeito Zelinho lembrou que existem em Congonhas e Ouro Branco mais de dez cursos de engenharia entre o IFMG e a UFSJ, além dos cursos técnicos. “Este é o pontapé inicial para avançarmos nesta área, criando aqui um polo tecnológico para que nossos jovens talentos não precisem mais deixarem a cidade e, em muitos casos, o País. Aqui temos a maior usina de aço do Brasil, que é a Gerdau; uma das maiores mineradoras do mundo, que é a VALE; a CSN, que é a segunda maior mineradora do Brasil; além de Ferrous e a Ferro +, e do lado a VSB, em Jeceaba. Temos empresas, bons alunos, muitos deles oriundos da nossa rede municipal de ensino, na qual investimos muito. O que falta agora é unirmos forças com o SEBRAE e a FIEMG. Agradeço muito aos empresários que acreditam na nossa cidade”, discursou o prefeito.
Também presente à abertura do evento, o deputado federal e economista, Marcus Pestana, afirmou que o Brasil viveu a maior recessão econômica brasileira entre 2014 e 2016. “Agora estamos começando a sair da crise. Há muito capital líquido querendo entrar no Brasil. Aqui na região temos grandes empresas com poder de absorver parte deste investimento. E as ramificações que este fórum propõe surgem deste grande polo metalúrgico. Então vamos incentivar as pequenas empresas a se organizarem e se beneficiarem também desta riqueza gerada pelo minério”, afirmou.
Durante o encontro, o prefeito Zelinho sancionou o Programa Municipal de Apoio às Startups e a Criação de Empresas de Inovação e Tecnologia. A Câmara Municipal aprovou o projeto de lei, por entender a necessidade de se efetivar esta iniciativa no Município. Este é um programa inovador e que é desenvolvido em poucas cidades brasileiras.
Segundo o secretário de Desenvolvimento Sustentável e articulador do 1º Fórum de Negócios de Congonhas, Christian Souza Costa, os objetivos do Fórum foram alcançados. “Propusemos um caminho de diversificação econômica. Agora o Governo vai poder investir nas iniciativas inovadoras que surgem no IFMG e UFSJ. Vamos tentar trazer a rede municipal de ensino para esta grande conexão que estamos estabelecendo. Congonhas foi pré-selecionada pelo Governo do Estado para participar do Minas Inova, programa totalmente voltado às startups, criando um ecossistema de inovação e a possibilidade de investimento de recursos do Município em iniciativas com potencial de se transformarem em um bom negócio. Há condições favoráveis para avançarmos nesta área e nossa equipe está preparada para esta tarefa”, garantiu.
A ideia da criação de um programa voltado para as startups e áreas afins surgiu após os estudantes Túlio Niquini e Kleider Matheus procurarem a Secretaria de Desenvolvimento Sustentável da Prefeitura (SDS). “Eu tive uma ideia, procurei o Kleider, que a melhorou, ficamos 5 meses criando uma apresentação para levar até o secretário Christian, para que ele nos ajudasse a tirar do papel a KT, que trabalha com gestão de pessoas, seja comerciante, comerciário ou consumidor, para que consigam se organizar”, diz Túlio.
“A SDS nos recebeu de portas abertas, estudou nosso projeto e encurtou os caminhos para buscarmos conhecimento técnico”, lembra Kleider. A empresa já vai iniciar suas atividades. “Vemos o celular 159 vezes por dia em média, quem não buscar a tecnologia como suporte vai perder informação, e por consequência benefícios”, garantem.
Painéis
Participaram do Painel Startups: inovação, tecnologia e internet das coisas o representante da FAPEMIG, Renato Ciminelli; a gerente de Empreendedorismo Tecnológico da FIEMG, Mariana Humberto Yasbeck; o coordenador de Biotecnologia e Ecossistemas de Inovação da Secretaria de Desenvolvimento de Minas Gerais, Guilherme Marinho; o gerente de Propriedade Intelectual e Tecnologia da Vale, Fabiano Tonucci; e a coordenadora do curso de Engenharia de Produção do IFMG, Renata Veloso. Esta explicou que o impacto do modelo de negócios internet das coisas sobre a economia da cidade é grande. “Sobretudo mediante a necessidade de repensar os negócios que busquem atender o mercado minero-siderúrgico, mas que explore outras oportunidades que sejam decorrentes dele”, diz.
Renata adverte que as startups, por surgirem de ideias inovadoras, oferecem riscos altíssimos, mas também grandes oportunidades de rentabilidade. “Entrar nesta área é repensar a forma de fazer varejo e o modelo de fornecedor das grandes empresas. É preciso se tornar parceiro delas, compartilhar projetos para que a ajuda apareça. Por ser um modelo de negócio inovador, a startup explora um mercado completamente novo, que vem acompanhado de alta tecnologia e precisa criar seu mercado, demonstrando ao consumidor que ele tem a necessidade de consumir seu produto. Não há garantia de sucesso. Porém existem diversos exemplos exitosos como a Netflix, Airbusb, Facebook, Ulber, Google, Google Drive, entre tantos outros”, explicou.
Durante o Painel Potencial do município: cenário atual e oportunidades, o representante da FIEMG, Felipe de Faria, apresentou o potencial econômico de Minas Gerais. O secretário municipal de Meio Ambiente, Neylor Araão, apontou algumas ações que o Governo Municipal tem planejado e incentivado, como projetos para recuperação de rejeitos e desenvolvimento de polímeros e o Plano Municipal de Segurança das Barragens.
Já o diretor técnico e funcionário de carreira do SEBRAE e ex-prefeito de Congonhas, Anderson Cabido, falou sobre os desafios e oportunidades de negócios de Congonhas: “Nossa cidade possui a quarta economia mais forte da região dos Inconfidentes, atrás somente de Ouro Preto, Mariana e Itabirito. Somos também em renda e população a quarta colocada. Municípios mineradores têm como desafio traduzir sua riqueza em renda e qualidade de vida para as pessoas. Outro é contribuir para o desenvolvimento da região, porque do contrário os problemas da região recaem sobre Congonhas. Precisamos também aumentar as compras de fornecedores locais, como o comércio e a Agricultura Familiar, a exemplo do que tentei fazer quando prefeito, mas não é fácil. Antes de conseguir vencer esta batalha, é preciso fazer um grande acordo regional. Precisamos fortalecer ainda o turismo. É necessário aumentar o número de empresas, até para que nossa juventude e nossa comunidade possuam outras áreas com as quais elas possam sonhar. A nossa estratégia mãe para a diversificação é o desenvolvimento tecnológico, temos a semente que é a produção acadêmica, produzida pela UFSJ e o IFMG. Estamos conversando com o prefeito Zelinho e os secretários Christian (Desenvolvimento Sustentável) e Maria Aparecida Resende (Educação) para trabalharmos o protagonismo juvenil nas escolas”.
No Painel Mineração e Siderurgia – Cenário atual e oportunidades, Lucio Cavalli, diretor de Plaejamento e Desenvolvimento de Ferrosos, da VALE; Cristiano Parreira, diretor de Meio Ambiente e Relações Institucionais da Ferros; Paulo H. Assunção Rocha dos Reis, gerente de Planejamento e Projetos CAPEX, da Gerdau; e Maurício Max, diretor de Operações da CSN, trataram dos desafios do setor minero-siderúrgico e dos investimentos previstos por elas para a região.
E no Painel Compras Públicas: como participar e oportunidades de Territorial do SEBRAE, Wilson Dutra, presidente da Associação Comercial e Empresarial de Congonhas, apresentou a frustração do comerciante local ao não conseguir se tornar fornecedor da Prefeitura. O secretário municipal de Planejamento, Antônio Odaque, lembrou que as compras públicas acontecem por meio de processo licitatório e que o Poder Público não pode se relacionar com empresa que esteja sem sua documentação em dia. Outro pré-requisito é a qualificação financeira, que dá suporte ao cumprimento do contrato firmado. O painel contou ainda com Alessandro Barbosa, gerente da Unidade de Desenvolvimento. O Governo Municipal anunciou que ajudará a capacitar seus potenciais fornecedores locais. “Há um volume imenso investido anualmente na aquisição de materiais e serviços pela Prefeitura. Já existe uma lei complementar que permite conceder vantagens competitivas para os pequenos empresários. A intenção é que boa parte destes recursos fique com os empresários da cidade, porque o interesse é gerar riqueza e novas oportunidades de trabalho, emprego e renda”, completou Christian.
Intercâmbio
Os setores de compras, suprimentos e contratos das grandes empresas estiveram presentes ao Museu de Congonhas para atenderem empreendedores interessados em fazer negócios e trocarem experiências. O proprietário do Restaurante O Tropeiro e de uma grande cozinha industrial na praça Bandeirantes, Afonso Luiz de Assis, acompanhou alguns painéis e aproveitou para estreitar o relacionamento com clientes e tentar novos contatos. “Forneço refeições para a Ferrous, para a Ferro +, para terceirizadas delas e da VALE. São duas mil refeições diárias destinadas somente para a mineração. O Fórum serviu para muita troca de ideias e de informações. Congonhas precisa muito disso, meu filho que está mais ligado a essas coisas acredita muito na atual política de desenvolvimento econômico que está sendo desenvolvida em Congonhas”, afirmou.
O engenheiro civil e pesquisador da Universidade Federal de Itajubá, Daniel Carlos Ribeiro, desenvolveu um sistema que monitora a estaticidade das barragens e, que agora, está se transformando em uma startup. Ele e estudantes da universidade apresentaram o trabalho durante o fórum aos potenciais clientes. “Foi muito importante estar aqui, pois fizemos contatos com como a CSN, a Vale, a Ferrous e o IFMG. Já marcamos reuniões para apresentar o nosso sistema, que tem três nichos de mercado: as mineradoras, órgãos fiscalizadores e a comunidade, representada pela Prefeitura. Viemos com a intenção de atrair o interesse desses nichos. O sistema pode passar informações sobre a segurança das barragens direto para o Município, o que vai acalmar e trazer tranquilidade para a Defesa Civil, Corpo de Bombeiros e comunidade”, destacou.
Fonte: Estado Atual
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