domingo, 3 de dezembro de 2017

O quadro mais caro da história é uma farsa?

O quadro mais caro da história é uma farsa?

O quadro mais caro da história seria uma farsa© Reuters O quadro mais caro da história seria uma farsa Salvator Mundi. O Salvador do Mundo. Jesus Cristo. Leonardo da Vinci. Um leilão. Várias ofertas. 450 milhões de dólares. Uau! O quadro mais caro da história. Uma farsa. Uma farsa? Sim. Pelo menos é o que alguns críticos andam dizendo na imprensa internacional, contrariando alguns especialistas que afirmam categoricamente que esse é um dos pouquíssimos quadros finalizados pelo mestre do Rinascimento lombardo.
Um dia antes de a pintura ir a leilão na Christie’s na última quarta-feira, o crítico de arte da New York Magazine, Jerry Saltz, escreveu um artigo contestando a autenticidade da obra. “Várias técnicas de raio-X mostram arranhões e ranhuras no trabalho, tinta faltando, uma tela empenada, uma barba aqui e que desapareceu, além de outras partes do quadro que foram obviamente retocadas e corrigidas para fazer essa provável cópia se parecer mais com o original”, afirma.
Saltz diz ainda que, durante quase seus 50 anos como crítico, “uma olhada para este quadro me diz que isso não é um Leonardo”. “Sua superfície é inerte, envernizada, lúgubre, esfregada e repintada tantas vezes que parece simultaneamente nova e velha. Isso explica por que a Christie´s o define com termos vagos como ‘misterioso’, preenchido com uma ‘aura’, e algo que ‘pode se tornar viral”, complementa.
E ele não está só no questionamento sobre autenticidade. Em um artigo publicado no The New York Times, o crítico Jason Farago pergunta se o que foi comprado foi o quadro ou a marca “da Vinci”.
O crítico complementa: “não sou o homem para afirmar ou rejeitar sua atribuição; o quadro é aceito como um Leonardo por muitos acadêmicos sérios, embora não todos. Posso dizer, contudo, o que eu senti ao olhá-lo quando me coloquei entre a multidão que ficou na fila por uma hora ou mais para contemplar e fotografar infinitamente o ‘Salvator Mundi’: uma proficiente, mas não especialmente distinta, pintura religiosa da virada do século 16 na Lombardia, submetida a um espremedor de restaurações”.
O quadro atribuído a Leonardo da Vinci foi criado possivelmente por volta de 1500 e foi parar na coleção do rei Carlos I, da Inglaterra.  Desapareceu dos inventários por volta de 1700 e retornou em meio ao último século, em uma mansão em Richmond, nos Estados Unidos. Foi vendido em 1958, sumindo novamente e reaparecendo em um leilão, quando foi comprado junto a outras duas pinturas antigas por 10.000 dólares, em 2005.
O Salvator Mundi, que passou por um longo e complexo processo de restauração executado por Dianne Dwyer Modestini, chegou até à coleção privada do bilionário russo Dmitry Rybolovlev, que se vê ligado a um processo judicial com seu antigo agente.
A questão, no final das contas, é até que ponto o processo de restauração manteve o que há de Leonardo no quadro, pergunta a Bloomberg, em uma reportagem. A restauração removeu grande parte da poeira e do verniz da obra. Porções significativas da composição estavam faltando completamente na pintura de Leonardo. Os danos são explicados pelo transporte e pelas condições de manutenção de seus antigos donos.
“A tolerância do mercado por um da Vinci é bem diferente da tolerância por um Van Gogh”, diz um representante da casa de leilões Sotheby’s, em uma entrevista para Bloomberg. E explica o porquê: “mesmo que um Van Gogh seja raro e alguém queira pagar 81 milhões de dólares por uma grande pintura dele, há ainda muito mais gente para um da Vinci, que pintou menos de 20 quadros no mundo

Fonte: MSN/Reuters

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