quinta-feira, 29 de março de 2018

MP de Minas cobra da Samarco reassentamento de famílias


MP de Minas cobra da Samarco reassentamento de famílias

O Ministério Público de Minas Gerais cobrou da Fundação Renova o reassentamento das famílias atingidas pelo rompimento da barragem da Samarco, em Mariana, em 2015. As reuniões viraram rotina na vida dos moradores de Mariana. À medida que o tempo passa, dona Maria do Carmo diz que não tem tanta esperança. “Nada resolvido até hoje. Vai para três anos e está esse jogo de empurra que a gente não entende”, afirmou a aposentada.
Os atingidos pela maior tragédia ambiental do Brasil discutiram mais uma vez onde os vilarejos serão reconstruídos. “A gente está pleiteando o básico, o necessário, simplesmente o necessário para que a gente tenha uma moradia digna”, disse o comerciante Mauro Marcos da Silva.
A Fundação Renova, empresa criada pela mineradora Samarco e as donas dela, Vale e BHP, tinha prometido entregar os novos vilarejos até o meio de 2019, mas a data não será cumprida.
“Nós tivemos que intervir em vários momentos para corrigir falhas das empresas e da Fundação Renova. E, por isso, houve o atraso. E, além disso, nós temos um reassentamento onde algumas cláusulas foram fixadas dentro de um acordo que não houve participação das vítimas. Nós queremos que o prazo seja fixado aqui, homologado pela Justiça de Mariana, onde nós vamos ter a capacidade de tomar medidas concretas para que esse reassentamento saia sob pena de aplicação de sanções severas, tanto para as empresas, quanto para a Fundação Renova”, explicou o promotor Guilherme de Sá Meneguin.
Nesta terça-feira (27), em Belo Horizonte, integrantes do Movimento dos Atingidos por Barragens apresentaram dados de um estudo feito com onze moradores de Barra Longa, outra cidade afetada pela lama. Exames de laboratório apontaram que a maioria deles tem altos níveis de níquel e arsênio e níveis abaixo do normal de zinco.
O instituto que fez a pesquisa afirmou que esses resultados não comprovam a relação entre a presença dos metais pesados nos moradores e a lama da barragem. O Ministério Público Federal pediu estudos mais precisos sobre os impactos da tragédia na saúde de quem vive nas áreas afetadas. A Secretaria de Saúde de Minas informou que vai dar todo o auxílio a quem apresentar alterações nos exames.
Quem vive às margens dessa tragédia ainda deve levar um bom tempo para voltar a ter uma vida normal. “O pessoal está cansado de esperar. Dois anos e quatro meses não são dois dias. As pessoas precisam tocar a vida, continuar aquela vidinha que eles tinham nas suas propriedades naquele lugar tranquilo”, disse o aposentado Manuel Marcos Muniz.
A Fundação Renova disse que vai contratar um especialista em toxicologia para apoiar os profissionais de saúde em Barra Longa; que monitora a qualidade do ar no município; que os resultados atuais estão dentro da legislação; e que vai realizar uma pesquisa de análise de risco à saúde humana.
Sobre a construção dos novos vilarejos, a Fundação Renova afirmou que recebeu novas diretrizes para os reassentamentos em dezembro e que a nova data vai ser determinada junto com as instituições que participam do acordo.
Fonte: G1

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