terça-feira, 3 de abril de 2018

Cratera avança no Quênia e sinaliza divisão do continente africano em dois


Cratera avança no Quênia e sinaliza divisão do continente africano em dois

Em Mai Mahiu, um pequeno vilarejo rural no sudoeste do Quênia, a 50 km da capital, Nairobi, ocorrem há algumas semanas chuvas intensas, inundações e tremores. Mas, em 18 de março, algo estranho aconteceu: a terra começou a se abrir.
“Minha mulher começou a gritar para os vizinhos, pedindo ajunda para tirar nossos pertences de casa”, contou Eliud Njoroge à agência de notícias Reuters.
Desde então, a fenda no piso de cimento de sua casa não parou de crescer, fazendo com que a família de Njoroge e muitas outras fossem evacuadas.
“As fendas correm quase em linha reta, então, dá para projetar para onde vão. Se você vê uma vindo em sua direção, você sai dali correndo”, disse o geólogo David Adede à Reuters.
A enorme fissura já tem quilômetros de comprimento e alguns metros de largura. Ela está ligada a uma falha tectônica conhecida como Vale do Rift, ou Vale da Grande Fenda, na África Ocidental. Segundo os geólogos, esse é um sinal de que, daqui a dezenas de milhões de anos, a África pode ser separada em duas.
De acordo com o especialista, não é possível conter o avanço da rachadura, já que se trata de movimentos da crosta terrestre. Por isso, autoridades e a população devem ficar alertas, principalmente em períodos de chuvas, como o esperado para os próximos meses.
— As pessoas devem ficar em alerta, especialmente quando chove. Verificar se existem rachaduras, terras que estão afundando ou tremores — recomendou Adele. — As rachaduras avançam praticamente em linha reta, então é possível projetar. Se você avistar uma fissura vindo na sua direção, vá embora.

 África sem o Chifre

Assim como ocorreu com a América do Sul, separada da África há 138 milhões de anos, os geólogos estimam que chegará um momento em que o Chifre da África também se desprenderá do continente. O Vale da Grande Fenda se estende por mais de 3 mil km, “desde o Golfo de Adén, no norte, até o Zimbábue, no sul, dividindo a placa africana em duas partes iguais”, afirma a geóloga Lucía Pérez Díaz na revista científica The Conversation.
A pesquisadora do Grupo de Investigação de Falhas Dinâmicas da universidade Royal Holloway defende que “a atividade ao longo da parte oriental do Vale da Grande Fenda, que corre ao longo da Etiópia, Quênia e Tanzânia, tornou-se evidente quado a grande fissura apareceu repentinamente no sudoeste do Quênia”.
Para Pérez Díaz, a fenda é única no planeta, porque permite observar as diferentes etapas de seu processo de fissura ao vivo.
A fratura mais interessante, escreve, começou na região de Afar, no norte da Etiópia, há cerca de 30 milhões de anos. Desde então, está se propagando rumo ao sul, na direção do Zimbábue, a uma média de 2,5 a 5 centímetros por ano. Atualmente em Afar, a camada exterior sólida da Terra, chamada de litosfera, tem sido reduzida a ponto de a ruptura ser quase completa.
Quando a quebra estiver completa, detalha Pérez Díaz, um novo oceano começará a se formar e, “em um período de dezenas de milhões de anos, o leito marinho avançará ao longo de toda a fenda”.  “O oceano inundará e, como resultado, o continente africano ficará menor, e haverá uma grande ilha no Oceano Índico composta por partes da Etiópia, Somália, incluindo o Chifre da África”, afirma.
Fonte: Tropical FM

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