Nova espécie mineral descoberta em Odemira
Tem um tom entre o amarelo e o castanho e é algo nunca antes visto no mundo da mineralogia. Foi nas antigas minas da Herdade dos Pendões, cinco quilómetros a norte de Odemira, que o mineralogista Pedro Alves descobriu um novo membro do grupo da jahnsite, já reconhecido oficialmente pela IMA-Associação Mineralógica Internacional, a entidade que gere mundialmente todas as questões relacionadas com a mineralogia. Ou seja, a partir de agora Odemira fica a ser, para os mineralogistas de todo o mundo, a localidade-tipo (localidade de referência/ origem) desta nova espécie mineral.
“È um momento importante, sobretudo, para o nosso país, que tem uma riqueza mineralógica muito importante à qual nunca se deu muita atenção”, observa ao “CA” o mineralogista de 39 anos. “E é bom lembrar que Portugal tem, neste momento, 12 minerais com localidade-tipo num universo de 5.400″, acrescenta Pedro Alves, que é natural de Monção e trabalha no laboratório mineralógico da EPDM, nas minas de Aljustrel.
A descoberta desta nova espécie, a quem a IMA atribuiu o código 2017-113, é fruto do trabalho que Pedro Alves tem vindo a realizar desde há dois anos, por interesse pessoal, nas minas da Herdade dos Pendões. “Sou mineralogista e vou a antigas minas para conhecer a mineralogia que era explorada ou que existe nesses locais. Ora esta mina tem uma mineralogia muito rica, embora seja pequena. E dentro dos vários minerais que lá foram identificados, cerca de 40, um deles tinha uma forma e uma composição que não encaixavam com nada conhecido”, lembra.
Começou então um processo moroso e minucioso, que durou cerca de dois anos até ao pedido de reconhecimento submetido à IMA. “Fiz primeiro uma análise química e depois enviei para os EUA, para confirmar a estrutura do mineral. E chegou-se à conclusão que com aquela estrutura e com aquela composição química era uma espécie nova”, revela Pedro Alves, que contou ainda com a colaboração de mineralogistas da Rússia e da República Checa. “Unindo os esforços de todos conseguimos obter toda a informação para estarmos em condições de propor o mineral à IMA”, diz.
Segundo Pedro Alves, “é o conteúdo em zinco que distingue esta nova espécie das outras jahnsites”, que são fosfatos de ferro, manganês e cálcio. “É a primeira jahnsite que tem zinco e que surge em quantidades suficientes para constituir uma nova espécie”, sublinha o mineralogista, reconhecendo que esta descoberta tem mais interesse científico que propriamente económico.
“Mas o facto de ter zinco quer dizer que existe este mineral nesta zona. Em quantidades pequenas, é certo, mas se calhar em profundidade poderá existir zinco e cobre em quantidades que sejam economicamente viáveis. Não neste momento, mas num futuro em que a escassez de minerais faça com que isso aconteça”, acrescenta, admitindo a possibilidade de novas espécies minerais virem a ser descobertas na região, apesar de tal ser, de momento, mais comum em meteoritos ou em zonas vulcânicas.
A oficialização desta nova espécie mineral deverá ser anunciada dentro de poucas semanas pela IMA, que já notificou Pedro Alves para efeito. Depois o mineralogista português terá dois anos para publicar a sua descoberta numa revista científica.
Esta é a segunda vez que Pedro Alves passa por este processo, depois de em 2015 ter sido o primeiro português a submeter uma nova espécie mineral à IMA, na ocasião a zincostrunzite, que tem Gouveia como localidade-tipo. “Em termos pessoais é uma grande satisfação chegar a este ponto”, conclui.
Esta é a segunda vez que Pedro Alves passa por este processo, depois de em 2015 ter sido o primeiro português a submeter uma nova espécie mineral à IMA, na ocasião a zincostrunzite, que tem Gouveia como localidade-tipo. “Em termos pessoais é uma grande satisfação chegar a este ponto”, conclui.
Fonte: CorreoAlentejo
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