As ações da Petrobras (BOV:PETR4) caíram bastante nos últimos dias, 14% ontem e 21% na semana, por conta do aumento do risco político, mas o movimento atual é excessivo, avalia Frederico Sampaio, responsável pela gestão de renda variável no Brasil da americana Franklin Templeton. Segundo ele, os resultados previstos para a empresa continuam melhorando, o que torna o preço de suas ações atraente. O papel está em alta hoje, de 1,44% a ação preferencial (PN, sem voto), enquanto a ordinária (ON, com voto) está estável.
O gestor lembra que os papéis da estatal vinham apresentando excelente performance desde meados de 2017. O movimento da ação acompanhou a forte valorização do petróleo tipo Brent, negociado em Londres, que subiu de US$ 48 o barril para os atuais US$ 78. A empresa também se beneficiou da guinada em sua gestão que ajustou o plano de investimentos ao alto endividamento, implementou plano de desinvestimentos, cortou despesas e adotou política de preços de combustíveis que repassa automaticamente o custo de sua principal matéria-prima.

Interferência nos preços

Segundo Sampaio, a queda abrupta das ações nos últimos dias é resultante da reação dos investidores aos sinais de que a interferência política na empresa pode fazer a política de preços ser revista.
Ele considera que os riscos políticos justificam a correção do preço da ação e revela que a gestora vinha reduzindo a aplicação em Petrobras no fundo da casa. “Contudo, o movimento recente é excessivo”, afirma Sampaio.
Após anos de investimentos pesados para desenvolver oito sistemas de produção no pré-sal, a empresa finalmente receberá os equipamentos que permitirão aumentar sua produção de óleo no país, lembra o gestor.  Tais equipamentos serão instalados ao longo de 2018 e entrarão em operação em 2019.
Caso a companhia receba os equipamentos de acordo com o cronograma esperado, e a maioria deles já está com mais de 95% concluídos, a produção aumentará 20% em 2019 versus 2018. “Porém dado o histórico de dificuldades que a companhia teve no passado para iniciar as operações em sistemas de produção semelhantes, nossa projeção de 12% é menor que o guidance da empresa”, diz Sampaio.

Forte geração de caixa

Ainda assim, a geração de caixa para o acionista em 2019 será muito forte (30% do seu valor de mercado atual). Além disso, os múltiplos que a empresa está sendo negociada hoje são muito atraentes. Sampaio estima que o valor de firma da empresa, ou seja, seu valor de mercado mais a dívida em relação ao lucro ante de juros, impostos, depreciação e amortização (chamado EV/Ebitda pelo mercado, que estima em quanto tempo a geração de caixa da empresa seria suficiente para pagar todo o negócio, e portanto, quanto menor o número, melhor) projetado para este ano está em 4 vezes. Já o preço da ação equivale a 7 vezes o lucro.

Ação mais barata entre as petroleiras

Para o ano que vem, a estimativa é de um EV/Ebitda ainda menor, de 2,8 vezes, e uma relação preço/lucro de 5,4 vezes. “Esses múltiplos são talvez os menores da indústria global, vis-à-vis o baixo crescimento da produção desses peers, considerando um preço médio do Brent de US$ 65 o barril”, avalia Sampaio.
Fonte: Jornal ADVFN