Portugal pode ser o principal europeu de lítio
A mina do Barroso tem a maior reserva da Europa Ocidental do mineral que permite a produção de lítio. Investigadores britânicos admitem que Portugal pode ser o primeiro produtor europeu.
Desde 2017 que a empresa britânica Savannah Resources estuda a possibilidade de encontrar na Mina do Barroso, em Trás-os-Montes, um mineral que permite a produção de lítio, a Espodumena. Este material é bastante difícil de ser encontrado, no entanto, os britânicos da empresa mineira descobriram em Portugal aquela que será a maior reserva do mineral na Europa Ocidental.
«Acreditamos que a Mina do Barroso tem a maior reserva de espodumena da Europa ocidental e tem potencial para ser uma peça-chave na cadeia de valor emergente de lítio da Europa, que pode ajudar na alteração dos fabricantes de carros europeus para a produção de veículos elétricos», refere David Archer, CEO da Savannah.
Situada no distrito de Boticas, concelho de Vila Real, existem pelo menos 14 milhões de toneladas de um dos minérios de onde se extrai o lítio. A descoberta foi anunciada em comunicado esta quarta-feira pela empresa britânica, Savannah Resources, que fechou o dia atingindo mais de 12% em bolsa.
A subida do preço dos compostos de lítio nos últimos anos instaurou uma corrida às minas em Portugal. Nas nove regiões do país que concentram o minério, existem pelo menos 60 mil toneladas métricas, que colocam o país no top dez mundial das reservas de lítio. O minério já é explorado em Portugal há décadas, mas o seu uso tem sido quase exclusivo na indústria cerâmica.
«É importante salientar que o concentrado de espodumena é o produto mineral de lítio dominante nas transações internacionais, e não existindo atualmente qualquer produtor europeu, acreditamos que Portugal poderá ser o primeiro, graças ao potencial de desenvolvimento a curto-prazo da Mina do Barroso, à qual já foi garantida uma licença de exploração», avança o CEO da Savannah Resources.
O responsável adianta que o objetivo da empresa nos próximos meses vai ser o estudo da viabilidade económica da exploração de lítio na Mina do Barroso. Isso passa por alterar as condições do contrato atual, que supõe a exploração de sete milhões de toneladas de lítio, quartzo, e feldspato em sete regiões distintas. Para além de ampliar a quantidade de minério a explorar, a Savannah quer garantir o direito a «construir uma fábrica para processar compostos de lítio».
A empresa aponta uma decisão final sobre o desenvolvimento da mina para o início do próximo ano. Os direitos de prospeção dos britânicos na região prolongam-se até 2036, podendo ser extensíveis por mais 20 anos.
Segundo a Savannah, a descoberta de Trás-os-Montes só é comparável às «muito bem-sucedidas» minas australianas, de onde são extraídos os concentrados de espodumena de lítio, «muito procurados no mercado internacional».
A ascensão dos carros elétricos iniciou na China há dois anos, o que fez triplicar o preço dos compostos de lítio. Na Europa, a corrida é mais recente, mas já traduz cerca de 24% do consumo mundial de lítio, que importa a 100%. É por esta razão que os britânicos pressupõem que «a Mina do Barroso está idealmente posicionada para satisfazer esta necessidade estratégica».
A Savannah Resources iniciou as suas pesquisas nas Covas do Barroso em maio do ano passado. Em dezembro último, a empresa anunciou os primeiros resultados «excecionais» obtidos na zona, após as primeiras impressões. Na altura, os britânicos anunciaram a descoberta de «algumas das melhores interseções de espodumena alguma vez descobertas num depósito europeu». A mina ocupa uma área de 1,018 quilómetros quadrado.
Fonte: Revista PORT
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