Dona de um solo valioso, cidade no interior de Goiás destaca-se pela grande ocorrência de quartzo e pela arte que dele é produzida.
No interior de Goiás está uma pequena cidade, com um nome que parece ter saído de um conto de fadas. Cristalina é um município de 54.337 habitantes, que se destaca pela grande ocorrência do mineral quartzo no subsolo e até mesmo na superfície da cidade, que está sob
uma camada de massa de rochas quartzo, chamada “domo estrutural”.
uma camada de massa de rochas quartzo, chamada “domo estrutural”.
Com cem anos de história e famílias tradicionais, Cristalina tem como diferencial o clima de misticismo embutido nas artes e nos cristais. O munícipio atrai turismo não apenas pelo charme de cidade pequena, mas também pelo solo valioso, que leva muitos a acreditarem que ali está o ponto de equilíbrio da Terra, devido ao magnetismo que as inúmeras pedras de quartzo carregam.
A cidade foi emancipada em 1916 e, antes de se tornar Cristalina, chamava-se São Sebastião da Serra dos Cristais. Ela começou a se formar como município por conta do grande fluxo de garimpeiros que chegavam de Paracatu (MG). Os trabalhadores iam atrás de joias e acabavam se ajeitando por lá, formando suas famílias e construindo casas às margens do córrego Almocrafe, onde se ergueu o bairro Cristalina Velha.
O prefeito Luiz Attié (PSD) explica que a base da cidade foi construída com a presença do cristal. “Temos a maior concentração de cristal em rocha quartzo do planeta. Isso tornou Cristalina mundialmente famosa, e, durante muitos anos, essa foi nossa principal atividade econômica”, afirma.
SEGUNDO O CADASTRO GERAL DE EMPREGADOS E DESEMPREGADOS (CAGED), CRISTALINA É O MUNICÍPIO DE GOIÁS QUE MAIS GEROU EMPREGO DE JANEIRO A OUTUBRO DE 2016.
A cidade contratou 12.994 pessoas e teve 8.923 demissões, que resultaram em um saldo positivo de 4.071 postos de trabalho no período. “Nossa economia é independente e pujante. Somos o município que mais emprega com carteira assinada em Goiás, estando à frente de Goiânia. Além disso, já fomos o quinto do Brasil, à frente de todas as capitais brasileiras. Aqui é um lugar para viver, investir e trabalhar”, destaca Attiê.
ORIGEM
Durante o século XVIII, a Capitania de Goiás buscava explorar cada vez mais o solo local, e a mineração crescia com o trabalho dos bandeirantes. Os sertanistas encontraram então uma grande serra com cristais de rocha de variados tipos e tamanhos em todo o chão.
Com a grande quantidade de minério, eles nomearam a região de “Serra dos Cristais”. Mesmo tendo ficado surpresos com a quantidade de cristal presente ali, o que os trabalhadores realmente buscavam era ouro e, por esse motivo, não deram importância ao quartzo.
Mais tarde, no ano 1879, dois franceses que moravam em Paracatu, Etienne Lepesqueur e Leon Laboussiere, viajaram até o município vizinho e encontraram ali o quartzo em sua forma de cristal. Eles se mudaram para a então Serra dos Cristais e passaram a explorar e a vender o mineral para a indústria bélica e para a fabricação de joias, as quais, segundo os moradores da cidade, eram exportadas para as monarquias europeias.
COMUNIDADE
O prefeito explica que, no início, o desenvolvimento da atividade mineradora no local se deu de forma amadora e desorganizada. Mas, com o tempo, mediante a criação da Associação dos Artesãos e a intervenção do poder público, foi possível acompanhar esse progresso. Com isso, muitos trabalhadores receberam incentivos do Fundo de Apoio à Mineração (FunMineral) para desenvolverem suas atividades e melhorarem as condições de trabalho.
O presidente da Associação dos Artesãos de Cristalina, Willian Souto, conta que o trabalho com o quartzo ainda é fundamental ali, especialmente para manter a tradição e atrair turistas. “Até o fim da década de 70, a cidade vivia exclusivamente da exploração do cristal. Era cultural. A partir dos anos 80, isso diminuiu, pois cresceu a procura pelo agronegócio. Assim, para essa cultura voltada para o trabalho com os cristais não acabar, tivemos a iniciativa de fundar uma associação”, relata. Atualmente, são 80 artesãos associados, e a intenção do trabalho realizado por eles é levar o conhecimento dos cristais para as gerações futuras. “Um de nossos projetos é criar uma escola técnica para ofertar cursos de lapidação, ourivesaria e polimento”, revela.
A MINERAÇÃO HOJE
Em relação ao quadro atual da mineração do quartzo na cidade, de acordo com o prefeito, ainda existem empresas em operação: lapidários e lojas de comercialização. O Mercado do Cristal reúne, segundo ele, diversas lojas, sala para palestras e lanchonete, além de comércio no centro, que, frequentemente, recebe visitas de autoridades de Brasília, em especial do corpo diplomático, que, ao retornar para seus países, leva presentes de cristal.
POR ISSO, A CIDADE CONTINUA ATRAINDO UM GRANDE FLUXO DE TURISTAS E ARTESÃOS DE TODO O PAÍS, QUE PROCURAM A MATÉRIA-PRIMA EM PRIMEIRA MÃO.
É esse fluxo que gera empregos diretos e indiretos na área da exploração do minério e também na comercialização do artesanato que é produzido com ele. “A cidade tem um potencial muito grande para o turismo, possui muitas cachoeiras, além de reservas particulares ambientais. Mas a característica que mais chama a atenção para o município são os cristais que temos aqui”, comenta o artesão.
MARCAS DE CRISTALINA
Outra peculiaridade geográfica do município é a pedra Chapéu do Sol, um bloco de rocha com 370 toneladas equilibrado em uma base com menos de um metro, exemplar único no mundo.
Ainda hoje, um dos eventos tradicionais que marcam o calendário da cidade é a Feira de Cristais e Pedras Preciosas (Fecris), além do feriado que ocorre no dia 16 de maio, homenageando o Dia do Garimpeiro. Nessa data, em 1951, cinco garimpeiros morreram em um desmoronamento que ocorreu enquanto extraíam cristal. Em homenagem aos trabalhadores, a prefeitura promove todo ano um grande churrasco e atividades de lazer para os garimpeiros e suas famílias.
Raio X
Fundação: 18/7/1916
População: 54.337 habitantes
Área: 6.162,089 Km²
Altitude: 1.189 metros
Localização: Leste Goiano
Distância da capital: 288 Km
Municípios Limítrofes: Acari, Campo Redondo, Cabeceira Grande e outros
PIB per capita: R$ 23 421,79
Clima: Tropical de altitude
Fonte: IBGE
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