sábado, 23 de junho de 2018

O Ouro do Tapajós: o começo?

O Ouro do Tapajós: o começo?


Ao longo de toda a história da humanidade, o ouro foi escolhido como meio de troca, substituindo o sal e outras formas de escambo, principalmente por ser, além de raro, bonito, brilhante, imune à corrosão e fácil de ser derretido e moldado. Foi o rei Cresus da Lídia, uma região da atual Turquia, que pela primeira vez cunhou moedas do metal com sua insígnia, por volta de 560 a.C. A partir daí o ouro virou dinheiro, auxiliando comerciantes na realização de seus negócios.
A necessidade de descobrir jazidas de ouro e prata para satisfazer o “apetite” voraz da Corte Portuguesa (e por tabela, de outros reinos europeus), além da ambição de riqueza imediata (da mesma forma que ocorre nestes dias) foram os principais motivos para que os bandeirantes adentrassem além dos limites do Tratado de Tordesilhas, o qual limitava as terras portuguesas e as espanholas, para descobrir um novo potencial mineral no país.
Os bandeirantes já haviam se arriscado desde São Paulo por Goiás e Minas Gerais na tentativa de descobrir mais e mais jazidas de ouro e prata, resolvendo se atrever ainda mais pelo limite da linha imaginária que demarcava o Tratado.    
Um deles, em 1718, chamado Pascoal Moreira Cabral Leme chegou a região que seria chamada, posteriormente, de Mato Grosso (batizadas em 1734 pelos irmãos Paes de Barros, impressionados com a exuberância das 7 léguas de mato espesso) e subindo o rio Coxipó descobriu enormes jazidas de ouro, dando início à corrida do ouro, fato que ajudou a povoar esta região.
Em virtude de possível esgotamento das jazidas auríferas do Mato Grosso e da vontade de empreender novos horizontes, os aventureiros continuaram explorando a região ao redor e além dos limites conhecidos. Um deles, cabo Leonardo de Oliveira, vindo do Mato Grosso, adentrou em 1742, chegando a boca do rio Tapajós.[1] Sobre esta viagem temos poucas informações, estando o único documento que fala deste feito arquivado em Évora – Portugal (informação do historiador Sidney Canto). Em 1746/1747, o ituano João de Souza Azevedo, desceu o rio Tapajós, a partir do rio Preto (dos Arinos e, posteriormente, Teles Pires) até Santarém, onde foi preso por ordem do padre Manoel dos Santos, por desobedecer às ordens da Coroa portuguesa, que proibia o trânsito entre o Mato Grosso e o Pará via acesso hidroviário[2]. Na sua viagem “achou outra mina no riacho Três-barras, afluente do Tapajós, e descendo por este em 1747 até a sua foz, com trinta e cinco dias de viagem passou ao Pará, participou a descoberta de sua navegação ao Governador do Estado Francisco Pedro de Mendonça Gurjão, que também a comunicou à Corte[3].
Após o episódio de João de Souza Azevedo ocorre uma lacuna histórica e não temos (ainda) ocorrência descrita sobre a exploração aurífera nesta região até o final do ano de 1950, tendo início a grande exploração de ouro do Vale do Tapajós, quando Nilson (ou Nilçon) Barroso Pinheiro, encontrou uma grande concentração aurífera na região do rio das Tropas[4], dando início à grande corrida do ouro na região que perdurou, com intensidade, até 1990. Tão logo surgiu a notícia da “descoberta de uma gigantesca jazida de ouro num igarapé chamado Pacu, próximo de Itaituba, e que mais tarde ficou conhecida como a maior área aurífera do mundo, com cerca de dois mil quilômetros quadrados[5], milhares de pessoas (na maioria nordestinos) vieram para esta região na tentativa de enriquecimento rápido.
Em 1962, o então deputado Ferro Costa, da UDN/Pará, em entrevista exclusiva ao “Diário de Notícias” dizia que fez uma exposição ao ministro Gabriel Passos sobre a exploração de ouro no vale do Tapajós e pedindo que “fossem colocadas homens de gabarito na SPVEA e não politiqueiros. Alertava também que “a Amazônia pode tornar-se um dos esteios da economia nacional, sem precisar ser colocada na humilhante condição de pedinte”[6]
Os garimpos do Tapajós tiveram intensa movimentação, a partir de sua “descoberta”, quando os garimpeiros encaravam “varações” intermináveis, dias infindáveis em barcos e canoas subindo os rios da região no afã de descobrir novos garimpos, até que a aviação dominasse o acesso.
Atualmente a atividade garimpeira de ouro ainda é intensa, mesmo com a displicência governamental em subsidiar as pesquisas e minimizar a dilapidação deste bem mineral.
Mas aí já é outra história.

Fonte: CPRM/DNPM

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