sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Petrobras deve ter lucro no 2º tri apesar de questões legais e protestos


Logo da Petrobras em tanque em São Caetano do Sul, no Brasil: Petrobras: © Reuters Petrobras:
Rio de Janeiro – O aumento nos preços do petróleo deve impulsionar os resultados trimestrais da Petrobras, mas a estatal enfrenta dúvidas sobre o seu futuro, em meio à implantação de um programa governamental de subsídios ao diesel para controlar preços, assim como obstáculos legais e políticos em vendas de ativos.
Os resultados do segundo trimestre da Petrobras, que serão divulgados na sexta-feira, virão apenas dois meses depois que as paralisações nacionais de caminhoneiros contra a alta dos preços do diesel resultaram em subsídio nas vendas do combustível da petroleira e de outras companhias dos setor.
O movimento reanimou preocupações sobre novas intervenções políticas e levou à renúncia de Pedro Parente do cargo de presidente-executivo.
No meio dos protestos, antes mesmo de o governo anunciar o programa de subsídios, a Petrobras reduziu em 10 por cento os preços do diesel, mantendo o valor nas refinarias por 15 dias, estimando uma perda de 350 milhões de reais em receita.
O tumulto aconteceu quando a Petrobras, a empresa de petróleo mais endividada do mundo, parecia deixar para trás anos de corrupção e má administração, tendo o maior lucro desde 2013 e pagando seus primeiros dividendos em três anos no primeiro trimestre.
Esses resultados foram ajudados pelos crescentes preços do petróleo, que deveriam ter alavancado ainda mais a receita da Petrobras no segundo trimestre, disseram analistas.
A empresa deve alcançar um lucro líquido de 1,505 bilhão de dólares no trimestre, de acordo com o consenso de estimativas, um salto na comparação com os 96 milhões de dólares de igual trimestre do ano passado, quando os resultados foram afetados pela adesão da empresa a um programa de regularização tributária.
Entretanto, uma decisão judicial interrompendo as vendas de ativos de estatais sem aprovação do Congresso, meses antes das eleições presidenciais em outubro, significa que talvez a empresa tenha dificuldades de cumprir suas metas de redução de dívida.
Além disso, investidores ainda estão preocupados sobre o que o controle dos preços do diesel representa no balanço da Petrobras.
“A interrogação número um para o relatório de resultados é: em que extensão os cortes nos preços impostos pelo governo encurtaram a lucratividade no segmento downstream”, disse Pavel Molchoanov, analista na Raymond James.
As projeções menores para a Petrobras marcam uma grande mudança para a petroleira, que viu os preços de suas ações subirem em maio antes da greve dos caminhoneiros para máximas desde 2010, época que antecedeu a investigação de corrupção desvendada pela operação Lava Jato.
Desde então, a companhia cortou custos, melhorou as regras de governança e diminuiu sua dívida por vendas de ativos, além de ter alinhado os preços dos combustíveis com os mercados internacionais –uma situação interrompida, no caso do diesel, após os protestos de maio.
Porém, em julho, a Petrobras foi forçada a suspender as vendas da sua empresa de gasodutos, a Transportadora Associada de Gás (TAG), que deveria arrecadar cerca de 7 bilhões de dólares, e da fábrica de fertilizantes Araucaria, depois que uma decisão judicial determinou que o Congresso precisa aprovar as vendas.
A decisão jogou uma mortalha sobre vendas planejadas de refinarias, já menos atraentes devido às preocupações surgidas com o programa de subsídios, e gerou dúvidas sobre a capacidade de a companhia de reduzir a dívida líquida de 84 bilhões de dólares.
Parente disse em março que a empresa poderia alcançar a meta de redução de alavancagem neste ano, ou até mesmo ultrapassá-la se os preços do barril de óleo continuassem por volta dos 70 dólares.
As eleições que colocarão um novo presidente à frente do Brasil em janeiro acrescentam ainda mais incertezas, com os principais candidatos muito divididos se deveriam diminuir ou aumentar o papel do governo na estatal.
O impopular atual presidente, Michel Temer, tentou amenizar os temores de intervenção política, prometendo compensar a Petrobras por segurar os preços do diesel com o programa de subsídio.
Porém, a Petrobras ainda não foi reembolsada, e muitos analistas não estão convencidos.
“O fato de que o novo sistema de fixação de preços não conseguiu passar no seu primeiro teste (altos preços do petróleo e fraqueza na moeda) é problemático”, disse Allen Good, uma analista da Morningstar.

Fonte: Exame

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