quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Outubro Tenso com Fortes Emoções

Outubro Tenso com Fortes Emoções

Por Alvaro BandeiraResumo do Mercado10.10.2018 

Encerrado o primeiro turno de eleições majoritárias com Bolsonaro e Haddad disputando a presidência, o quadro de tensão permanece, assim como a polarização, o que certamente não tem nada de positivo para o país.
Bolsonaro leva vantagem por ter chegado em primeiro lugar com 46% dos votos válidos contra 29% de Haddad, e agora terá o mesmo tempo disponível de TV (10 minutos) do PT para mostrar suas plataformas de governo. Além disso, deve participar de debates marcados em todas as TVs abertas.
Haddad tenta agora se descolar da imagem de Lula (que está preso), comandado por Jacques Wagner numa visão mais progressista que tenta imprimir no partido. Tanto é verdade que, depois de Haddad ter estado com Lula logo após o primeiro turno, não mais falou de Lula na entrevista do Jornal Nacional. Posicionou-se como social democrata. Haddad faz acessos para o centrão com postura mais light, e até sobre convocar constituinte mudou a postura. Agora pretende realizar mudanças em cláusulas não pétreas, via instrumento das PECs.
A partir de agora, ambos saem em buscas de adesões para suas candidaturas e novamente Bolsonaro parece ter vantagens comparativas. Seu partido de posição “baixo clero e nanico” passa a ser a segunda força na Câmara, depois do PT, que perdeu cadeiras. Ao mesmo tempo, com a derrota de Pimentel para o governo de Minas Gerais, e a quarta posição de Dilma na corrida para o Senado (não entrou), Haddad ficou sem palanque num dos principais colégios eleitorais do país.
Haddad, que só ganhou de Bolsonaro na região Nordeste, terá que buscar votos em Minas Gerais e outros estados do Sudeste. O problema maior parece estar em São Paulo, onde sua administração como prefeito sofre muitas críticas. O Rio de Janeiro parece imbuído de voto de protesto, tipicamente aderente a Bolsonaro e com risco do líder nas pesquisas para o governo do Estado (Eduardo Paes) perder para o desconhecido Witzel.
Tentando dar menos ênfase para tudo, o que importa mesmo é como os candidatos irão se apresentar para a sociedade já a partir da próxima sexta-feira, dia 12 de outubro, quando serão retomadas as campanhas de TV. Sabidamente o PT consegue fazer muito bem os programas de TV e rádio, independentemente da qualidade e veracidade de conteúdo. Do outro lado, Bolsonaro não tem estrutura para tal, e até o momento, os vídeos produzidos são toscos e de baixa qualidade. Para as redes sociais são completamente aceitáveis e produziram bons efeitos, mas para TVs e rádios a situação muda.
Com relação aos debates que acontecerão em profusão, a situação parece ser mais favorável a Haddad, principalmente se conseguir se descolar da imagem de Lula, como quer Jacques Wagner. Bolsonaro tem fala rude e, se provocado, as reações podem ser imprevisíveis, principalmente dada sua condição médica. Tudo perde relevância se os debates acontecerem no plano das proposições de governo. Que reformas serão feitas, com que urgências e profundidade e como serão montadas as equipes. Alguns nomes com boa adesão estão sendo colocados para a equipe de Bolsonaro, enquanto Haddad permanece silencioso sobre isso, na tentativa de evitar conflitos.
Olhando pelo enfoque dos investidores, Bolsonaro estaria melhor posicionado, salvo algum deslize, que é sempre possível. Isso significa dizer que os mercados de risco teriam ainda bom potencial de ajuste e fluxo de recursos. A Bovespa manteria tendência de alta e poderia superar o recorde histórico, enquanto o dólar pode voltar com consistência para faixa próxima de R$ 3,70, mas dependendo do comportamento da moeda no exterior.
São muitas especulações e muitas pontas deixadas em aberto e sem respostas. Portanto, outubro segue prometendo ser um mês tenso e de fortes emoções.
Fonte: MONEY TIMES

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