sexta-feira, 2 de novembro de 2018

"Santo Graal" da sismologia confirma que o núcleo da Terra é sólido



Núcleo da Terra é sólido. (Foto: NASA / JPL-Caltech)
Desde que os cientistas teorizaram que o núcleo da Terra era sólido, nas décadas de 1930 e 40, já se sabe como seria possível comprovar isso. As ondas de cisalhamento, ou “ondas J”, que são propagadas por grandes objetos sólidos. Mas de tão pequenas e fracas, era impossível de detectá-las, e acabou virando o "Santo Graal" da sismologia.


Um grupo de pesquisadores da Universidade Nacional Australiana, no entanto, afirmam que chegaram lá. Para isso utilizaram um método chamado correlação de campo de onda, em que analisam as semelhanças entre dados capturados por diversos receptores após grandes terremotos, no lugar de apenas mensurar as chegadas de ondas diretamente, como em um sismógrafo normal. Uma técnica semelhante foi usada pela mesma equipe para medir a espessura do gelo na Antártida.

“Estamos jogando fora as primeiras três horas do sismograma e o que estamos vendo é entre três e 10 horas depois que um grande terremoto acontece. Queremos nos livrar dos grandes sinais ”, contou o pesquisador Hrvoje Tkalčić.
Rede de receptores utilizados na pesquisa.  (Foto: ANU)

“Usando uma rede global de estações, pegamos todos os pares de receptores a cada grande terremoto - isso é muitas combinações - e medimos a similaridade entre os sismogramas. Isso é chamado de correlação cruzada ou a medida de similaridade. A partir dessas semelhanças, construímos um correlograma global - uma espécie de impressão digital da Terra ”, completou.

Assim, afirmam terem encontrado pela primeira vez provas diretas de que o núcleo da Terra é realmente sólido. “Também descobrimos que ele é mais suave do que se pensava anteriormente", disse Tkalčić. “Se nossos resultados estiverem corretos, o núcleo interno compartilha algumas propriedades elásticas similares ao ouro e platina.”

Essa conclusão é mais excitante até que o próprio “Santo Graal”. "A compreensão do núcleo interno da Terra tem conseqüências diretas para a geração e manutenção do campo geomagnético, e sem esse campo geomagnético não haveria vida na superfície da Terra", afirmou.

Mas ainda há muito o que descobrir. “Por exemplo, ainda não sabemos qual é a temperatura exata do núcleo interno, qual é sua idade ou quão rapidamente ele se solidifica, mas com esses novos avanços na sismologia global, estamos lentamente chegando lá.”

Fonte: Galileu

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