quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

A história do Pink Floyd




No final da década de 60, o rock'n'roll, como a música em geral, viria a se confrontar com algo novo, inusitado, e que seria responsável pela criação de um universo musical totalmente diferente dos já existentes. O responsável por tal feito é o Pink Floyd, uma das principais bandas do planeta. A psicodelia, o experimentalismo e os mega-shows são marcas desta banda, que transformou o modo de "fazer" rock e marcou uma nova era na música, com o rock progressivo.



A história do Pink Floyd iniciou-se no ano de 1965. Rick Wright, Roger Waters e Nick Mason estudavam arquitetura na Universidade Cambridge, em Londres, e resolveram formar uma banda e se aventurar em pequenos shows em pubs (espécie de bar) londrinos. O trio foi batizado de Sigma 6 e seu repertório inicial contava com covers de blues e folk.

Pouco depois, eles resolvem aumentar o contigente de integrantes e Waters apresenta dois amigos da faculdade, Roger Keith (Syd Barret) e David Gilmour. Com um novo grupo formado, os músicos resolvem mudar o nome da banda para The Screaming Abdabds, a palpite de Barret. Houve outros nomes como só Abdabs e T-Set, antes de chegarem ao Pink Floyd, que nada mais é do que a junção dos nomes de dois bluesmen, Pink Anderson e Floyd Council, de quem Syd Barret era fã.

David Gilmour resolve abandonar o grupo e ir para a França, estabelecendo-se a partir daà­ a seguinte formação do Pink Floyd: Roger Waters no baixo e vocais, Syd Barret na guitarra e vocais, Rick Wright, teclado e vocais e Nick Manson na bateria. O grupo estava se apresentado em pequenos festivais que aconteciam em Londres.

A grande sacada do Pink Floyd foi o uso de slides em suas apresentações. Durante o show, slides diversos eram projetados sobre todo o palco, uma iniciativa totalmente inovadora e que viria a ser adotada por diversas outras bandas, posteriormente. Syd Barret, que além de músico também era pintor, foi um dos principais responsáveis pelo projeto. O quarteto começava a ganhar maior visibilidade no cenário musical londrino e logo foram convidados a gravar alguns singles, que foram divulgados nas rádios. Mas a grande oportunidade veio com a contratação da banda pela gravadora EMI, que os levou para gravar no mà­tico estúdio Abbey Road.

A banda tinha um enorme desafio pela frente. Entrar num cenário musical que contava com nomes como Beatles, Rolling Stones, Bob Dylan, Eric Clapton, entre outros. Não seria uma tarefa fácil. Neste mesmo perà­odo e no mesmo estúdio em que o Pink Floyd gravava seu primeiro álbum, os Beatles gravavam Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band (1967). O fato de estar cara a cara com os Beatles pode ter ajudado, e muito, o Floyd.

Então em 1967 é lançado The Piper at the Gates of Down, que ocupa imediatamente as primeiras posições das paradas inglesas. Este trabalho é considerado por muitos o marco inicial do rock progressivo e rivaliza justamente com Sgt. Peppers... o tà­tulo de primeira obra de arte do rock.

A banda já desfrutava do sucesso, porém nem tudo era felicidade. A sanidade mental de Barret estava debilitada devido ao uso excessivo de drogas, chegando ao limite de, em uma das apresentações, o músico conseguir tocar apenas um acorde. Não tendo mais condições de tocar, Barret foi aos poucos sendo afastado do grupo; uma situação lamentável já que ele era um dos mais criativos músicos da banda. Neste perà­odo David Gilmour retornava da França e foi convidado a integrar novamente o Pink Floyd.

Roger Waters começa a assumir a liderança da banda e logo sai o segundo álbum, A Saucerful of Secrets (1968). O trabalho é muito bem aceito e acaba por provar que o grupo pode seguir em frente sem Barret. 

Em 1969 compõem More, trilha do filme homônimo (com direção de Barbet Schroeder). Ainda em 69, lançam Ummagumma, disco duplo, sendo um gravado em estúdio e outro ao vivo. Começam os anos 70 com Atom Heart Mother, que tem uma capa muito curiosa com relação ao tà­tulo, exibindo a foto de uma vaca. Paralelo a isso, Gilmour e Waters tentavam ajudar o amigo Syd, produzindo os álbuns The Madcap Laughs e Barrets, ambos de 1970. No entanto, Syd não conseguia se reabilitar e sua carreira musical chegava ao fim. Depois disso, ele se isola e passa a se dedicar somente à  pintura.

Em 1971 é lançado Meddle e no ano seguinte Obscured By Clouds, trilha do filme La Vallée (1972, novamente sob a direção de Barbet Schroeder). Seguindo na linha cinematógrafica, é produzido Live at Pompeii (1972, com direção de Adrian Maben), documentário do antológico show do grupo na ruà­nas de Pompéia, na Itália.

Apesar de diversos projetos e lançamentos, o ápice do Pink Floyd aconteceria em 1973, com Dark Side of the Moon. É uma obra-prima sem precedência na história, que bateu e criou recordes diversos. Permaneceu por mais de 14 anos nas paradas americanas, figurou entre os 50 discos mais vendidos na Inglaterra por mais de dois anos e entre os 100 por mais de oito. Uma curiosidade: A EMI, gravadora da banda, chegou a construir fábricas para a produção exclusiva de Dark Side of the Moon, de tão grande que foi a demanda. O álbum contou com a mão do respeitadà­ssimo engenheiro de som Alan Parson, que teve papel fundamental na produção deste trabalho sà­mbolo. Canções como 'Time' e 'Money' demonstram a qualidade do disco.

O próximo trabalho não seria muito bem aceito de à­nicio, devido as fortes crà­ticas à  indústria do entretenimento. No entento, após um tempo, o álbum recebeu o reconhecimento que merecia, sendo considerando um dos melhores do Pink Floyd. Wish You Were Here (1975) é uma espécie de homenagem a Syd Barret, que segundo relatos, teria aparecido sujo, careca e vestindo trapos, no estúdio onde a banda gravava. Devido ao estado em que se encontrava o ex-membro do Pink Floyd, seus colegas custaram a reconhecê-lo e se sentiram sensibilizados com a situação. A faixa 'Wish You Were Here' (Gostaria que Você Estivesse Aqui), hoje em dia, uma das mais famosas da banda, acabou dando o tà­tulo ao álbum, que homenageou o problemático Barret.

Animals (1977) foi um trabalho baseado no livro A Revolução dos Bichos, de George Orwell, que faz uma severa crà­tica ao sistema capitalista. Este disco acentua a fase de protesto e psicodelia da banda. Ao mesmo tempo em que acontecia a turnê de Animals, os integrantes do grupo trabalhavam em projetos paralelos. David Gilmour lançou um álbum auto-intitulado e Rick Wright lançou Wet Dream, ambos de 1978. Na época, Roger Waters se dedicava especialmente ao Pink firmando-se de vez como là­der da banda.

Após Dark Side... e Wish You Were Here, seria difà­cil imaginar que o Pink Floyd produzindo um trabalho melhor ou tão bom quanto os dois anteriores. Mas eis que em 1979 é lançado The Wall, trabalho altamente emblemático, que criticava o sistema de ensino da Inglaterra, além de retratar as fraquezas humanas. O sucesso do álbum foi arrasador. A produção da turnê foi uma das mais caras e grandiosas da história da música. A obra foi classificada como uma ópera-rock, a exemplo de Tommy (1969), do The Who, e virou um filme homônimo em 1982, dirigido por Alan Parker. Como o álbum, o filme fez um enorme sucesso e também foi considerado uma obra-prima. Roger Waters foi considerado o principal responsável por esta fase do Pink Floyd e seu relacionamento com o restante da banda não estava muito bom.

The Final Cut (1983) é mais um trabalho individual de Waters do que do Pink Floyd. Toda a idéia do álbum e as composições são de sua autoria. Rick Wright foi afastado do grupo por Waters e agravaram-se os problemas de relacionamento entre ele e seus colegas. Em 1985 este resolve deixar o Pink Floyd, ficando David Gilmour como o novo là­der.

Apartir daà­ trava-se uma batalha judicial entre Gilmour e Waters pela a posse do nome Pink Floyd, sendo Gilmour o vencedor. Wright é trazido de volta ao grupo e logo lançam A Momentary Lapse of Reason (1987), considerado um dos trabalhos mais fracos do Floyd. Waters inicia sua carreira solo e lança Radio K.A.O.S e When the Wind Blows, ambos de 1978. 

O último disco gravado pelo Pink Floyd foi The Division Bell (1994). Antes disso, em 88, foi lançado o disco ao vivo Delicate Sound of Thunder. Em 1995 saiu Pulse, também ao vivo. Após este trabalho, foram lançadas diversas compilações, sendo: Echoes: The Best of Pink Floyd (2001), a mais conhecida.

Durante o final do anos 90 e inà­cio dos anos 2000, Roger se mantêm em turnê, tocando músicas de sua carreira solo e clássicos do Pink Floyd, em shows muito elogiados por crà­tica e público. Chegou a se apresentar aqui no Brasil, em 2002, nas cidades de Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo. David Gilmour também não ficou parado. Em 2001 gravou um acústico no festival Royal Albert Hall (que não possui và­nculo algum com os conhecidos acústicos promovidos pela MTV) e que contou com a participação de Rick Wright, antigo amigo do Pink Floyd. E para surpresa de todos, em julho deste ano o Pink Floyd, cujos membros estavam separados há mais de 20 anos, se reuniu para uma apresentação no Live Aid 8 "” evento realizado em prol do combate à  fome no continente africano.

Não é preciso procurar muito para se observar as marcas deixadas pelo Pink Floyd no cenário musical. Das mega-produções à s inventivas capas de CD, a banda exala arte por todos os lados. A complexidade, excelência, precisão e criatividade dos integrantes do Floyd, seja no processo de composição, seja na produção dos shows, estabeleceram técnicas e padrões musicais inovadores, que romperam com qualquer outro paradigma estabelecido e que são utilizados por diversas bandas da atualidade. O Pink Floyd é música, é história, e é arte. Das melhores.

Em entrevista concedida ao jornal italiano La Repubblica no dia 3 de fevereiro de 2006, Gilmour indicava o fim do Pink Floyd, declarando que o célebre grupo não produzirá qualquer novo material, nem voltará a reunir-se novamente. No entanto a possibilidade de se fazer uma apresentação similar ao Live 8 não foi descartada tanto por Gilmour ou Mason. 

Waters foi convidado para se juntar a ele em Londres, mas os últimos ensaios para sua turnê de 2006 o fizeram recusar. Mason se juntou a Waters em 29 de Junho de 2006 na segunda metade do show em Cork na Irlanda, onde ele tocou todo o Dark Side of the Moon.
Waters e Wright trabalharam ambos em álbuns solo, e existem rumores que Waters estaria fazendo uma versão musical da Broadway de The Wall, com canções extras escritas por ele. Waters também embarcou em sua turnê mundial "The Dark Side of the Moon Live Tour", e o repertório consistiu no Dark Side of the Moon inteiro, junto com algumas seleções de canções do Pink Floyd e algumas poucas canções solo da carreira do Waters. Waters também contribuiu com a canção "Hello (I Love You)", co-escrita por Howard Shore, para o filme de 2007, "A Chave do Universo" (The Last Minzy). Waters teve a sua ópera "Ça Ira" executada no Brasil durante o 12º Festival de à“pera de Manaus, com espectáculos nos dias 15, 22 e 24 de Abril de 2008. Durante o espectáculo do dia 15, Waters esteve presente.
O tecladista e membro fundador do Pink Floyd, Richard Wright, morreu dia 15 de Setembro de 2008, aos 65 anos após uma curta batalha contra o câncer, conforme anunciou seu assessor.


Fonte: Antena1

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