Luiz Barsi conta como saiu do zero para construir sua fortuna na Bolsa
Luiz Barsi Filho – Muitos não me conhecem, portanto vale a pena iniciar este artigo me apresentando. Meu nome é Luiz Barsi Filho, formado em estrutura e analise de balanços, economia e direito. Sou consultor econômico financeiro independente, membro do conselho regional de economia – SP (Corecon-SP); presidente do conselho de administração da Eternit, além de membro do conselho de administração da Unipar/Carbocloro, empresas de capital aberto e líderes nos seus segmentos de negócios. Sou filho de imigrantes vindo de origens humilde. Fui editor de economia e mercado de capitais do jornal diário popular entre 1970 e 1988 e editor de mercado da revista marketing, entre 1989 e 1992. Trabalho desde os 9 anos de idade, e com 78 prossigo acompanhando o mercado de ações diariamente.
Muitos me conhecem por ser um investidor relevante e cativo no mercado de ações, onde inúmeras publicações já retrataram o meu perfil, qualificando meu ‘’DNA’’ como sendo o de dividendos. Entre as publicações destaco: Uol, Valor Econômico, Folha de S. Paulo, Valor Invest, Exame, InfoMoney, entre outras.
Pelo fato desses veículos de comunicação alcançarem audiência muito grande, é comum as pessoas me procurarem para solucionar dúvidas sobre investimentos, particularmente em relações ao segmento acionário. Uma das perguntas mais comuns que fazem é: ‘’Luiz, eu não sou rico. É possível se ter sucesso investindo em ações mesmo assim’’? SIM.
Quando iniciei meu projeto previdenciário era um jovem sem muitos recursos, como boa parte dos brasileiros, entretanto, sabia desde então que para se aplicar em ações era necessário investir, sentimentalizando a parceria nos negócios, além de muita disciplina e paciência: características fundamentais para todos que desejam ter sucesso nas ações, assim como aqueles que pretendam formatar um portfólio previdenciário.
Disciplina é fator de extrema importância em razão dos seguintes motivos: primeiramente, todo indivíduo que se propõe a investir deve seguir uma regra básica, ou seja, nunca gastar mais do que arrecada. Se o fizer não terá recursos para poupar, nem mesmo para investir. Simples e óbvio.
No começo da minha carteira de previdência estabeleci uma primeira meta, que era possuir 100.000 “cem mil ações da Cesp”’, que na época era cotada a R$ 0,50 por ação. A Cesp pagava dividendo mínimo, prioritário e obrigatório de 10% sobre o valor nominal de R$ 1,00, distribuídos semestralmente. Foi no início da década de 1970. O valor dessa meta era equivalente a 5 mil dólares da época, valor menor de um carro popular. Era uma meta modesta, porém, possível de ser alcançada.
Essa primeira meta foi concluída, que considero a primeira conquista como investidor pleiteante de uma estrutura de previdência. Dali em diante outras metas foram sendo estabelecidas e suplantadas, e, na razão direta que adquiria mais ações para integrar a carteira, os valores se multiplicavam em uma proporção superior a toda e qualquer expectativa.
Após dez anos de disciplina, paciência e perseverança já acumulava investimentos capazes de suportar uma renda mensal superior às proporcionadas pela aposentadoria compulsória. Concluindo, a disciplina para poupar e investir cada vez mais em ações que distribuíam bons dividendos foi fundamental para suplantar todas as metas.
Paciência é igualmente importante. Construir um patrimônio é um processo lento e gradual. Não existem atalhos. As maiores fortunas no segmento acionário em todo o mundo foram edificadas em décadas de poupança e investimento, além do reinvestimento dos ganhos. Apenas os investidores conscientes desta forma de acumular patrimônio e projetar receitas sistemáticas são capazes de esperar tanto tempo para serem recompensados.
Algumas instituições prometem riqueza rápida junto a bolsa, como opções e derivativos e outros processos especulativos de alto risco, onde prevalece a orientação de girar com a maior intensidade possível. Porém, em décadas de experiências nunca vi ninguém fazer fortuna de maneira rápida, ou mesmo optando por processos especulativos de risco elevado.
Eu não invisto em ações como essência. Invisto em projetos empresariais com perspectivas de serem bem sucedidos. Ação é uma maneira de participar esses projetos. Se você pretende investir em busca de riqueza rápida, procure outra aplicação que não as ações, mesmo porque o segmento acionário não lhe será favorável. Portanto, fuja da bolsa.
Um dos grandes problemas dos que buscam riqueza rápida na bolsa é que, possivelmente serão seduzidos a colocar seus recursos em aplicações muito arriscadas, como derivativos, opções, e outros. É ai que, caindo nessa armadilha, fatalmente perderão os recursos investidos.
Em muitos casos acabam perdendo muito mais, já que se endividam para tentar reverter os prejuízos e perdem tudo, além de ficarem com as dívidas. Se você tiver a orientação técnica e correta, selecionando as empresas certas, seguramente seu retorno será muito superior. Se ainda você reinvestir os ganhos, o efeito multiplicador atinge índices inacreditáveis.
Outras pessoas me perguntam: ‘“Luiz, por que investir em ações?” O que me motivou a iniciar o investimento nas ações foi a constatação de que no Brasil, principalmente, necessitamos de uma renda mensal que não dependa da estrutura “aposentadoria compulsória” ( aquela proporcionada pelo governo ).
Estruturei alguns ensaios sobre inúmeros investimentos e acabei concluindo que as ações, historicamente, reúnem condições melhores de acumular um patrimônio capaz de gerar a renda mensal desejada. Veio a primeira indagação: como fazer para que tal renda mensal se concretize? Teoricamente, teria que possuir ações de empresas que me premiassem com um dividendo mensal. Caso isso não ocorresse, pelo menos deveria possuir ações de 12 empresas que pagam um dividendo por ano, e assim sucessivamente. A conclusão, após várias experiências foi: nenhuma aplicação reúne condições de apresentar performance comparável às ações.
Se você tivesse investido US$ 100 em 1968 teria hoje US$ 18.000. Uma rentabilidade de mais de 10% ao ano em dólares. Essa foi a rentabilidade do índice Bovespa. Se você tivesse escolhido uma boa empresa e aplicado nos moldes que sugiro, com certeza teria obtido um ganho superior ao do índice Bovespa. Se ainda você reinvestiu os ganhos, esse efeito se multiplica de forma expressiva.
Desde 2008, quando ocorreu a crise sistémica nos EUA, o mercado de ações foi alvo de uma pressão vendedora sem precedentes, causando baixas expressivas na cotação das ações. Esse efeito vendedor, por outro lado acabou gerando oportunidades incríveis; por exemplo, as ações do Banco do Brasil, que baixaram para cerca de R$ 11,00 e hoje estão a R$ 25,30. A BM&FBovespa chegou a ser cotada a R$ 4,00, e hoje vale mais que R$ 17,00, e outras mais.
Foi um período de 11 meses de acentuadas baixas e recuperações graduais, que foram reposicionando os preços aos níveis atuais. Isso é inerente a um mercado de renda oscilante, sendo certo que as cotações oscilam na razão direta de acontecimentos sócio econômicos. Entretanto, com o tempo, acabam voltando aos patamares de valores normais.
As ações não andam em linha reta para cima ou para baixo. E esse é talvez o maior motivo que ter paciência é importante, já que, com certeza terá períodos de alta e outros de baixa. Você compra uma ação a R$ 1,00. Dias depois, ela é negociada a R$ 0,80. Nas semanas seguintes, essa mesma ação vai para R$ 1,25, para depois voltar para o R$ 1,00 inicial e, de repente, vai para R$ 1,50.
Esse tipo de cenário é muito comum e boa parte das pessoas se desesperam na primeira queda e vendem com prejuízo. Você tem paciência para suportar perdas?
Outro fator que faz ações interessantes são os dividendos. Os dividendos representam parte dos lucros das empresas que são distribuídos aos seus acionistas. Vamos falar muito sobre dividendos nessa coluna nas próximas edições.
Posso afirmar, sem engano, que se ao invés de investir em ações eu tivesse investido em renda fixa, certamente eu teria um patrimônio menor do que eu possuo hoje. Eu costumo chamar a renda fixa de “perda fixa”. Mas esse é um assunto que pretendo tratar no futuro.
Investimento em ações no brasil
O Brasil tem um mercado de capitais pobre em alternativas. Temos cerca de 400 empresas listadas na BM&FBovespa (http://www.bmfbovespa.com.br/pt_br/produtos/listados-a- vista-e-derivativos/renda-variavel/empresas- listadas.htm). A bolsa da Mongólia tem também cerca de 400 empresas listadas. (https://en.wikipedia.org/wiki/list_of_companies_listed_on_the_mongolian_stock_exchange).
Agora vamos fazer uma pequena comparação entre Brasil e Mongólia:
População: 200,4 milhões x 2,4 milhões
PIB (2015): US$ 1,775 trilhões x US$ 11,5 bilhões
O Brasil tem uma população cerca de 100 vezes maior que a da Mongólia. Nosso PIB é mais de 100 vezes maior que o dos mongóis. Como então temos tão poucas ações listadas no Brasil? É difícil apontar apenas um motivo único para esse nosso atraso. Mas uma das razões que contribui para nosso atraso é uma mentalidade que se formou ao longo das décadas de que o mercado acionário é um cassino.
O mercado acionário é um cassino? Sim, se você não estiver preparado. Diversas instituições incentivam comportamentos que são compatíveis com práticas de cassinos. De corretoras que incentivam o giro da carteira (pois faturam corretagem) a consultorias que prometem lucros rápidos. Se o investidor adota essas práticas provavelmente irá perder dinheiro e falará aos amigos que bolsa é um cassino. O boca a boca perpetua a mito que bolsa é cassino.
Bolsa não é um cassino!
Mas você precisa ter conhecimento e preparo para não cometer erros básicos. Alguns desses erros são inclusive incentivados por algumas instituições que deveriam defender o investidor. Um dia um rapaz que era médico me perguntou: “Como eu faço para investir?” Eu respondi: “Você consegue me passar em 15 minutos todo o conhecimento que você adquiriu ao longo da sua carreira como médico?”. Ele respondeu que não seria possível. O mesmo se aplica a investir em ações. Não é possível aprender em apenas 15 minutos o conhecimento necessário para ser bem sucedido ao investir em ações.
Escreverei semanalmente essa coluna, com o intuito de orientar o investidor baseado no que deu certo para mim ao longo de décadas investindo. Para você que está começando meu objetivo também é motivá-lo. Trazer exemplos reais ajudam aqueles que não têm referenciais positivos de bolsa.
Quando comecei a investir eu não tinha muito, mas com esforço, dedicação e paciência foi possível atingir meus objetivos financeiros através do mercado acionário. Ações garantem o futuro.
Um país forte se faz com um mercado de capitais forte. E um mercado de capitais forte se faz com um número crescente de investidores. Quanto mais investidores o brasil tiver, maior será a poupança interna e essa poupança poderá prover recursos para um brasil melhor. O mercado de capitais financia projetos de infraestrutura, financia rede de escolas e faculdades, financia o banco que vai financiar o pequeno empresário.
O Brasil precisa de um mercado de capitais forte. E para que o mercado de capitais seja forte, os investidores precisam de educação. Essa coluna tem como objetivo fomentar essa educação que muitas vezes o pequeno investidor não tem acesso. Aqueles que lerem essa coluna semanal estarão mais capacitados para ter sucesso investindo em ações.
Por que essa coluna se chama “ações garantem o futuro”?
Quando eu estava começando a investir fiz um estudo sobre as características das empresas que eram bons investimentos. Neste estudo, cheguei à conclusão que empresas lucrativas e que pagavam bons dividendos eram boas alternativas de investimento. Nas décadas seguintes baseie minha estratégia de investimento nesse estudo. O nome do estudo era “ações garantem o futuro”.
Hoje, eu posso afirmar sem engano que ações garantem o futuro.
Fonte: Infomoney
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