sábado, 16 de fevereiro de 2019

Gabriel Casonato: O que aconteceu com o bear market?

Gabriel Casonato: O que aconteceu com o bear market?





Opinião - 16/02/2019 - 16:49
Fed de Nova York dá uma chance de 21 por cento de recessão nos EUA no próximo ano (Pixabay)
Por Gabriel Casonato, Editor da Agora Brasil
Caro leitor,
Do fundo ao topo no espaço de um mês…
Os ursos estavam prestes a reivindicar a vitória no final de dezembro, e um clima de velório já começava a se instaurar em Wall Street.
Naquela altura, os principais índices de ações – S&P 500, Dow Jones e Nasdaq – acumulavam uma queda de quase 20 por cento desde as máximas de outubro.
O Nasdaq, na verdade, apresentava uma performance um pouco pior e já navegava oficialmente no território bearish.
Quem poderia prever o que estava por vir em janeiro?
Ainda mais sabendo que um dia tudo aquilo que é bom termina, e que dez anos de ganhos são uma corrida longa o bastante.
O presidente do Fed disse que estava “preparado para ajustar a política monetária de forma rápida e flexível”
Só esqueceram de combinar com Jerome Powell…
Ao contrário do que vinha sinalizando, o presidente do Fed disse que estava “preparado para ajustar a política monetária de forma rápida e flexível”.
Também afirmou que estava “ouvindo atentamente” os mercados e prometeu encerrar o aperto quantitativo se necessário.
Em suma, disse tudo aquilo que os investidores queriam ouvir e fez com que a instituição que comanda passasse de vilã a aliada do mercado.
Sem aumentar os juros e ainda sinalizando que novas altas não estão no radar, o Fed acabou acionando um forte gatilho de recuperação para as ações.
O Dow Jones subiu 3 mil pontos, o equivalente a 17 por cento, desde a mínima atingida em 24 de dezembro.
O S&P 500 deu um show semelhante, enquanto o Nasdaq deixou para trás os ursos que o atormentavam.
Mas e quanto as condições econômicas? Estariam elas também justificando a recuperação?
Aparentemente não, embora ainda seja cedo para cravar.
Muita coisa indica que o crescimento americano pode estar desacelerando.
Os números do PIB do quarto trimestre de 2018 ainda não foram divulgados, mas muito provavelmente virão piores que os do trimestre anterior.
Enquanto isso, a guarnição nova-iorquina do Fed acaba de publicar relatório que fornece detalhes preocupantes sobre a saúde financeira dos americanos.
Revelou, por exemplo, que um recorde de 7 milhões de pessoas no país está com um atraso de pelo menos 90 dias em seus financiamentos de automóveis.
Revelou também que a dívida privada atingiu um recorde de 13,5 trilhões de dólares ao final do ano passado.
Esse mesmo Fed de Nova York dá uma chance de 21 por cento de recessão nos EUA no próximo ano, sua maior leitura desde 2008.
Está em linha com pesquisa da Bloomberg feita com economistas que aponta 25 por cento, taxa mais alta em seis anos.
E um pouco abaixo dos 35 por cento de chance apontado pelo JPMorgan, ante previsão anterior de 16 por cento feita em março.
Também não posso deixar de citar os números do desemprego, que após atingir o nível mais baixo em 49 anos, de 3,7 por cento em setembro, já voltou para 4 em janeiro.
Nada que preocupe muito por enquanto, mas há de se ter um olho aberto para uma possível reversão da tendência.
Afinal, segundo estatísticas do próprio governo, o desemprego normalmente começa a subir nove meses antes de uma recessão.
Ou seja, ela poderia chegar ainda este ano nos EUA, embora eu prefira não arriscar uma previsão formal.
Olhando um pouco para fora, as notícias também não são muito boas no que diz respeito à economia global.
A China chafurda, o Japão segue cochilando, a Alemanha beira a recessão, e o Brexit pende sobre a atividade da Grã-Bretanha.
Isso para citar apenas os principais.
Enquanto isso, o prazo para a trégua comercial entre EUA e China termina daqui duas semanas.
Num dia, um acordo parece provável. No outro, fica distante. Incerteza, portanto, seria a palavra mais adequada para definir a questão.
Mas nada disso ainda parece ter muita importância nos arredores de Wall Street, com uma certa euforia renovada em torno das ações.
Deixo claro que acho ótimo que isso esteja acontecendo. Significa que provavelmente nossos assinantes estão ganhando dinheiro.
O meu alerta, no entanto, é para que apenas tenha em mente que um dia, por mais distante que esteja, haverá um inferno a pagar.
E quando isso acontecer, não se preocupe…
Estaremos aqui para lhe proteger.

Fonte: MONEY  TIMES


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