sábado, 9 de março de 2019

Febre amarela, malária, dengue? Inhame inhame!

A saúde é simples, as doenças é que são complicadas.
Por séculos e séculos as populações tropicais sobreviveram comendo apenas o que dava no local onde tinham suas aldeias. Nas regiões úmidas, ladeando as grotas onde grassavam mosquitos, sempre houve fartura de inhame – na Ásia, na África, na América do Sul. Fácil de colher, fácil de preparar e ainda por cima gostoso, o inhame se tornou um dos principais alimentos básicos desses povos.
O que não se sabia é que, durante séculos e séculos, o pequeno e cabeludo inhame estava protegendo as gentes da malária, da dengue, da febre amarela. E eis que chegou a mandioca, aipim, também deliciosa e fácil. Que além do mais dava boa farinha, própria para guardar ou fazer pão, goma para a tapioca de cada dia e ainda bebidas alcoólicas como cauim, alué e tiquira, que ajudavam a esquecer e sonhar. O inhame ficou pra lá. As gentes começaram a morrer de malária, de dengue, de febre amarela. Isso foi muito bem observado na África, onde as roças de inhame foram substituídas por seringais.
Comer inhame continua funcionando para evitar e tratar as doenças transmitidas por mosquitos. Há algo no inhame, talvez o altíssimo teor de zinco, que neutraliza no sangue o agente infeccioso transmitido pelo mosquito. Diz o povo que é seu visgo que tem poderes. Não se sabe ao certo. A pesquisa científica ainda não se interessou.
Até pouco tempo atrás circulava nas farmácias um tônico centenário à base de inhame e salsaparrilha, o Elixir de Inhame Goulart, usado até como coadjuvante no tratamento de sífilis. A Anvisa não renovou a licença por falta de comprovação da eficácia. Nada corre mais perigo hoje em dia do que uma coisa barata com propriedades medicinais. (Não confundir com um tal de Elix de Inhame que anda por aí, querendo ocupar o lugar do outro sem nada de suas virtudes.)
Mas o inhame ainda está nas feiras e mercados para quem quiser se beneficiar dele. Cru, cozido, amassado, em sopa, em creme, em caldo, batido com água de coco ou como massa de pizza.

Fonte: Seleções

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