Biografia de Rachel de Queiroz
Rachel de Queiroz (1910-2003) foi uma escritora brasileira. A primeira mulher a entrar para a Academia Brasileira de Letras e a primeira mulher a receber o Prêmio Camões. Foi também jornalista, tradutora e teatróloga. Seu primeiro romance "O Quinze", ganhou o prêmio da Fundação Graça Aranha. O romance "Memorial de Maria Moura" foi transformado em minissérie para televisão.
Infância e Adolescência
Rachel de Queiroz nasceu, em Fortaleza, Ceará, no dia 17 de novembro de 1910. Filha de Daniel de Queiroz Lima e Clotilde Franklin de Queiroz é parente, pelo lado materno, da família de José de Alencar. Com 45 dias de nascida, a família mudou-se para a Fazenda Junco, em Quixadá, uma propriedade da família. Em 1913 retornam para Fortaleza, onde seu pai foi nomeado promotor. Em 1917, a família vai morar no Rio de Janeiro procurando fugir de uma grave seca que desde 1915 atingia a região. Em 1919 a família retorna para Fortaleza e, em 1921, Rachel de Queiroz ingressa no Colégio Imaculada Conceição, diplomando-se professora, em 1925, com apenas 15 anos.
Em 1927, com o pseudônimo de Rita de Queluz, escreve uma carta para o jornal O Ceará, promotor do evento, ironizando o concurso de Rainha dos Estudantes. Com o sucesso da carta, Rachel foi convidada para colaborar com o jornal. Passa a organizar a página literária e publica o folhetim “História de um Nome”. Nessa época, leciona História, como professora substituta, no colégio Imaculada Conceição.
O Quinze
Em 1930, com apenas vinte anos, Rachel de Queiroz projetava-se na vida literária do país, através da publicação do romance "O Quinze", uma obra de fundo social, profundamente realista na sua dramática exposição da luta secular de um povo contra a miséria e a seca. O Quinze, lançado na Segunda fase do Modernismo representou um importante impulso para o “Romance Regionalista de 30”. A obra, cujo título refere-se à grande seca de 1915, atribui novas dimensões à dramaticidade social.
O livro, que foi editado em apenas mil exemplares, já mostrava as características que marcariam toda sua obra. Teve grande repercussão no Rio de Janeiro, recebendo elogios de Mário de Andrade e de Augusto Schmidt. A consagração de Rachel de Queiroz veio em 1931, quando a escritora foi ao Rio de Janeiro receber o “Prêmio Fundação Graça Aranha”, na categoria romance. Nesse mesmo ano, conhece integrantes do Partido Comunista Brasileiro e, ao retornar para Fortaleza, participa da implantação do partido no Nordeste.
Caminho das Pedras
Após forte militância política no Nordeste, Rachel de Queiroz muda-se para o Rio de Janeiro, em 1932. Casa-se com o poeta José Auto da Cruz Oliveira. Nesse mesmo ano, lança o romance “João Miguel” (1932), ainda dentro do enfoque social dos problemas da seca e do coronelismo no Nordeste. Nos anos seguintes, militou no Partido Comunista e em 1937 foi presa, por três meses, por defender ideias esquerdistas. Nesse mesmo ano, Rachel de Queiroz publica “O Caminho das Pedras” (1937), onde enfoca a problemática humana, mas a paisagem nordestina deixa o primeiro plano, dando lugar à abordagem de agitações políticas, métodos de educação e um texto que exalta a participação feminina na vida pública.
Jornalista
Rachel de Queiroz que iniciou a carreira de jornalista no jornal “O Ceará”, colaborou também para o jornal “O Povo”, de Fortaleza. Em 1939, quando se mudou para o Rio de Janeiro, colaborou com o “Diário de Notícias”, “O Jornal” e a revista “O Cruzeiro”, onde publicou, em quarenta edições, em folhetins, o romance “O Galo de Ouro”. A partir de 1988, colaborou semanalmente para “O Estado de São Paulo” e para o “Diário de Pernambuco”. Rachel de Queiroz escreveu mais de duas mil crônicas, que foram reunidas e publicadas em diversos livros.
Além de romancista e cronista e jornalista, Rachel de Queiroz escreveu algumas peças para o teatro, entre elas “A Beata Maria do Egito” (1958), que recebeu o prêmio de teatro do Instituto Nacional do livro. Traduziu para o português mais de quarenta obras. Foi membro do Conselho Estadual de Cultura do Ceará. Participou da 21ª Sessão da Assembleia Geral da ONU, em 1966, onde serviu como delegada do Brasil, trabalhando especialmente na Comissão dos Direitos do Homem. Foi membro do Conselho Federal de Cultura desde a sua fundação em 1967, até sua extinção em 1989. Integrou o quadro de sócios Efetivos da Academia Cearense de Letras.
Academia Brasileira de Letras
Rachel de Queiroz foi eleita para a Academia Brasileira de Letras em 4 de agosto de 1977, vencendo por 23 votos a 15, o jurista Francisco Cavalcanti Pontes de Miranda. Foi a primeira mulher a entrar para a Academia Brasileira de Letras, tomado posse em 4 de novembro de 177, ocupando a cadeira nº. 5.
Memorial de Maria Moura
Em 1992, com 82 anos, Rachel de Queiroz publicou “Memorial de Maria Moura”. A obra, conta a vida de Maria Moura, órfã, que se envolve em brigas com seus primos, por uma questão de herança de terras. Escrita em estilo narrativo, à maneira de uma telenovela, a obra foi adaptada para a televisão na minissérie “Memorial de Maria Moura”, que foi sucesso de audiência.
Prêmios
Rachel de Queiroz recebeu diversos prêmios, entre eles, o Prêmio Machado de Assis (1957) pelo conjunto de sua obra, o Prêmio Nacional de Literatura de Brasília pelo conjunto de obra (1980), o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal do Ceará (1981), a Medalha Rio Branco, do Itamarati (1985), o Prêmio Luís de Camões (1993), sendo a primeira mulher a receber essa honraria, e o título de Doutor Honoris Causa, pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (2000).
Família
Rachel de Queiroz foi casada com o poeta José Auto da Cruz Oliveira de 1932 a 1939, ano em que se separa. Juntos tiveram uma filha, Clotilde, que falece com 18 meses, vítima de septicemia. Em 1940, casa-se com o médico Oyama de Macedo, com quem viveu até 1982, ano em que ficou viúva.
Rachel de Queiroz faleceu em sua casa no Rio de Janeiro, de um ataque cardíaco, no dia 4 de novembro de 2003.
Obras de Rachel de Queiroz
- O Quinze, 1930
- João Miguel, 1932
- Caminho de Pedras, 1937
- As Três Marias, 1939
- A Donzela e a Moura Torta, 1948
- O Galo de Ouro, 1950
- Lampião, 1953
- A Beata Maria do Egito, 1958
- Cem Crônicas escolhidas, 1958
- O Brasileiro Perplexo, 1964
- O Caçador de Tatu, 1967
- O Menino Mágico, 1969
- Dora, Doralina, 1975
- As Menininhas e Outras Crônicas, 1976
- O Jogador de Sinuca e Mais Historinhas, 1980
- Cafute e Pena-de-Prata, 1986
- Memorial de Maria Moura, 1992
- Cenas Brasileiras, 1995
- Nosso Ceará, 1997
- Tantos Anos, 1998
- Memórias de Menina, 2003
- Pedra Encantada, 2011
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