Melhor analista de abril conta como atropelou Ibovespa com duas apostas certeiras
Por Investing.com
A Carteira Recomendada de abril da Modalmais teve o melhor desempenho das 20 carteiras acompanhadas pelo Investing.com Brasil, com um retorno de 13,4% aos investidores, 4,5 pontos percentuais acima da segunda colocada. O Ibovespa, principal índice acionário brasileiro e referência para comparação de ganhos, teve uma modesta alta de 0,98%.
A Modalmais fez uma aposta forte nas produtoras e exportadoras de carne JBS(JBSS3) (+24,2%) e BRF (BRFS3) (+37,1%), que compunham 40% da carteira. As empresas deram um grande retorno com as notícias de redução de estoques de carne suína na China por uma doença dizimando a capacidade de produção local. Com o maior importador mundial indo às compras, as empresas dispararam na bolsa.
“A utilização de fundamentos na composição de uma carteira recomendada de curto prazo não traz resultados imediatos”, afirma Leandro Martins, analista-chefe da Modalmais, explicando que 90% da seleção dos ativos que compõem a carteira mensal da Modalmais é baseada em análise técnica e gráfica. “Tenho, logicamente, um filtro fundamentalista de boas empresas, por isso a gente não coloca papel em recuperação judicial ou que está em queda acentuada”, continua.
Martins demonstrou felicidade pelo resultado. O economista é responsável pela elaboração da Carteira Mensal da Modalmais e é professor convidado em matérias relacionadas a “análise gráfica em mercados de ações” na Apimec.
O analista conversou com o Investing.com Brasil sobre a ótima performance de abril, a metodologia e critério de seleção para os papéis e como elaborar uma carteira que combina ações com potencial de ganhos elevados com ativos conservadores para não ter o risco de uma perda substancial. Por fim, Martins apresentou os ativos que compõem a Carteira Recomendada de maio da Modalmais e os motivos da seleção.
Confira os principais trechos:
Investing.com Brasil: Como foi feita a seleção das ações que compuseram a Carteira Recomendada de abril da Modalmais?
Leandro Martins: Havia dois papéis muito fortes do ponto de vista gráfico. JBS vinha de grandes altas consecutivas e mostrava o apetite de grandes players e de gestores pelo ativo. Por isso, puxou bem a [alta da] carteira recomendada. E, principalmente BRF, que não só tinha bandeira de alta, mas tinha dois gaps no caminho do seu alvo de movimento e a replicação do mastro, o que traria uma volatilidade positiva no ativo, de fato se concretizando.
Em linhas gerais, meu foco total foi na análise técnica e gráfica, utilizando padrões que abordo em alguns cursos na Apimec. O público pode acompanhar essas análises no programa ao vivo de fechamento no canal da Modal.
Inv.br: As notícias que justificaram a escalada de JBS e BRF estavam em seu radar?
LM: Independentemente de fatos que ocorram, o gráfico mostrava volume de alta da JBS em meses anteriores. Não foi o evento que puxou, mas o movimento de gestores e players. Se não fosse a China, esses papéis já teriam movimentos fortes de subida.
A própria BRF tinha Pedro Parente no comando, justamente o que os melhores players falavam. Mesmo se os resultados não apareceram como esperado, mercado se antecipa. A empresa mostrou replicação na recuperação de preço no movimento de gap. Notícias podem justificar, mas na minha expectativa o gap mostrava alta aos papéis.
Inv.br: Havia duas ações de estatais que sofreram com algum grau de intervencionismo do governo em abril. Qual era a sua projeção sobre estes papéis? Como se proteger desse tipo de risco e, mesmo assim, obter ganhos satisfatórios?
LM: A composição da carteira é restrita em quantidade e é mais agressiva. O bom senso é neutralizar o beta, que é a correlação entre ação e índice. Então, desse ponto de vista, a tendência é escolher uma grande ação como Banco do Brasil (BBAS3), que tem ótima ponderação no índice.
A ação do BB não foi espetacular, mas neutralizou a carteira. Mas a ideia era se os bancos subissem, Banco do Brasil iria junto. A notícia da Petrobras (PETR4) [sobre veto de reajuste do diesel] pode ter impactado um pouco no BB em abril, mas as notícias têm pouco impacto.
Em dois, três dias, as ações voltam ao patamar anterior. Foi o que aconteceu com a Petrobras: o ativo sentiu com a interferência em 12-15 de abril, depois no dia 18, até o movimento de alta no dia 25.
Eu considero que os grandes players seguem critério de seleção que não muda, mas o investidor menor, que é impactado por uma notícia ou outra, mexe com preço momentaneamente, retomando depois.
Notícias impactam, mas grande fluxo que conseguimos monitorar no gráfico é o que fala mais alto. Para montar a carteira, é preciso diversificação. Se vejo volatilidade, coloco papéis conservadores, como bancos e elétricas.
Inv.br: Lojas Renner subiu 7% no mês. O que o gráfico apontava no horizonte do ativo?
LM: Os papéis de consumo e varejo estavam um pouco defasados em fevereiro e março, em abril havia a expectativa de uma retomada. Se colocarmos o gráfico do final de março, Lojas Renner (LREN3) tinha padrão de altista, um padrão envolvente em candlestick. Ela teve uma primeira quinzena mais pesada, mas na segunda parte do mês subiu. De 17 de abril ao fim do mês, o ativo ganhou 15%. Era um setor defasado, sofre um pouco com o nosso PIB, mas já via a possibilidade de retomada.
Lojas Renner era um ativo no setor que gosto dos fundamentos e que graficamente estava interessante. Era uma das ações com maior possibilidade com replicação de alta.
Inv.br: Qual é a carteira de maio, mês que é conhecido por trazer prejuízos aos investidores?
LM: Está cada vez mais famosa a frase “Sell in May and Go away”. No exterior há um sentimento de desfazer a carteira com o início das férias de meio de ano para depois recomprar.
Tem essa expectativa de mês negativo, por isso pensei em ativos de bons fundamentos e com beta mais conservador, nem tão elevado, com volatilidade mais calma. Ambev (ABEV3) está defasada há um tempo, é um ativo mais tranquilo, parado e tem testado resistência. Assim como BB Seguridade (BBSE3), também em uma linha de ativo testando resistência e sem sofrer uma volatilidade tão absurda.
Pão de Açúcar (PCAR4) está interessante, testando resistência, pois está cerca de 10% do seu topo histórico. É um ativo com bom comportamento. Assim como Engie(EGIE3), uma elétrica menos volátil e traz uma defesa à carteira.
Por fim, trago à carteira um ativo com perfil semelhante ao de BRF da carteira de abril, trazendo um beta mais volátil, maior, que tem gap significativo. A Ser Educacional (SEER3) desde a segunda quinzena de março fechou gap de R$ 22. Tem um gap para baixo, pode gerar correção pontual na primeira quinzena, mas reverte e vem forte, estava descansando em R$ 22 desde fim de janeiro.
Todos estes papeis foram avaliados graficamente, iniciando reversão, com boas correções, principalmente pelo timing gráfico.
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