FECHAMENTO: Ibovespa estável com frigoríficos em baixa; aumentam chances de corte de juros nos EUA
Ações4 horas atrás 03.06.2019
© Reuters.
Investing.com - Junho inicia com a aversão ao risco crescendo nos principais mercados mundiais, manifestada pelo o aumento da demanda dos ativos portos-seguros, entre os quais o ouro, os títulos de 10 anos do Tesouro americano e o franco suíço. Além disso, os investidores digerem novas notícias a respeito da guerra comercial entre EUA e China e os novos alvos do presidente Donald Trump - México e Austrália – na avaliação dos prêmios de risco dos ativos.
No Brasil, um caso atípico do “mal da vaca louca” em Mato Grosso levou o Ministério da Agricultura a suspender as exportações de carne bovina brasileira à China, um revés para os frigoríficos que puxaram a ligeira queda do Ibovespa na primeira sessão da semana. O índice caiu apenas 0,01% a 97.020,48 pontos, após ensaiar uma alta até o início da tarde, quando saiu a medida do Ministério. Com mínima de 96.429,88 e máxima de 97.756,75 pontos, o volume de negócios alcançou R$ 14,3 bilhões
Já o dólar continuou sua trajetória de queda iniciada no fim de maio, cuja cotação máxima chegou a R$ 4,12. A moeda americana fechou em baixa de 0,9% a R$ 3,8890, com a perspectiva de melhoras na relação entre Congresso e Presidência da República após a aprovação de Medidas Provisórias mais importantes para o governo e a queda do dólar com a expectativa de corte da taxa de juros nos EUA.
Um pequeno suspense para votação da MP 871
A votação da Medida Provisória 871, que combate as fraudes previdenciárias no INSS, ficou agendada para o plenário do Senado nesta segunda-feira, dia em que os parlamentares geralmente estão em sua base eleitoral. Havia a possibilidade de não haver quórum e a MP, que vence hoje, caducar. Até o momento da escrita desta matéria, havia quórom com 42 senadores, com expectativa de aprovação pelo governo.
Mesmo assim, os senadores reclamaram da demora da tramitação do texto na Câmara e afirmaram que não serão apenas despachantes das medidas aprovadas pelos deputados. O presidente da Câmara respondeu no Twitter que a responsabilidade da lentidão era a articulação do governo que havia deixado 98 dias na Comissão, com o plenário tendo apenas 11 dias para votar, segundo Maia.
O presidente da Câmara também se manifestou sobre a reforma da Previdência e o governo do presidente Jair Bolsonaro em entrevista ao jornal O Globo. Maia disse da importância da reforma da Previdência, mas que ela não vai “salvar o Brasil”, que precisa de iniciativa em outras áreas. Ele ressaltou que, sem a Previdência aprovada, o país corre risco de colapso social.
“Mal da vaca louca” derruba frigoríficos
A identificação de um caso isolado do “mal da vaca louca” em Mato Groso para o Ministério da Agricultura suspender as exportações de carne bovina brasileira à China, seguindo um protocolo sanitário assinado pelos dois países. A suspensão coloca uma incerteza sobre a habilitação de 19 frigoríficos para exportar ao país asiático, que era dado como certo.
As ações das empresas de proteína animal desabaram e contribuíram para a queda do Ibovespa. JBS (SA:JBSS3) encerrou com baixa de 2,93% a R$ 21,22, enquanto Marfrig (SA:MRFG3) liderou as maiores baixas, com queda de 4,25% a R$ 6,54. Ainda no Ibovespa, BRF (SA:BRFS3) caiu 0,36% a R$ 27,60, enquanto Minerva (SA:BEEF3), que não compõe o principal índice acionário brasileiro, cedeu 2,80% a R$ 7,97.
Guerra Comercial e PMIs aumentam ativos porto-seguros
A China aumentou a pressão acusando Washington de "intimidação e coação" e chamou as exigências americanas de "exorbitantes". Pequim também abriu uma investigação na FedEx (NYSE:FDX) depois que a Huawei informou que a empresa de distribuição desviou para os Estados Unidos dois pacotes destinados aos escritórios da empresa na China.
Com os planos do presidente Donald Trump de impor tarifas sobre todas as exportações mexicanas para os EUA bem adiantados, uma delegação mexicana de alto escalão estava preparada para iniciar as conversações de alto escalão na segunda-feira em Washington. O governo mexicano acredita que pode se chegar a um acordo migratório, assunto que causou a ira americana, mas sem revelar detalhes
Ampliando o escopo das tensões comerciais, o The New York Times informou que os assessores comerciais da Casa Branca pediram a imposição de tarifas sobre o alumínio australiano, cujas exportações para os EUA subiram ao longo do ano passado.
Em relação aos PMIs industriais de maio divulgados nesta segunda-feira, o índice dos EUA diminuiu o ritmo de crescimento para o menor nível em dois anos e meio. Na zona do euro, houve intensificação da retração, enquanto na China a expansão foi a um nível estável. No Brasil, o otimismo enfraqueceu e a indústria nacional se aproxima da estagnação em maio.
A intensificação da guerra e a sinalização de desaceleração global a partir da leitura do PMI nos EUA, China e Zona do Euro aumentaram a aversão ao risco e a demanda por ativos portos-seguros. Destaque para o ouro, que quebrou a resistência de US$ 1.300 na semana passada e tem ganhos de 1,42% a US$ 1.329,75.
A busca por proteção elevou o preço de outros ativos considerados livres de riscos, como o franco suíço, que se valorizou 0,81%, negociada a US$ 0,9927. Já o rendimento do título de 10 anos do Tesouro dos EUA continua caindo, chegando a 2,071% e mantendo a curva de juros dos títulos de menor prazo invertida, com o rendimento dos títulos de 3 meses a 2,335%.
Vale ressaltar que os ganhos com os títulos caem à medida que a demanda aumenta, além de ser um indicador de corte da taxa de juros do Fed. O Monitor da Taxa de Juros do Fed do Investing.com aponta chances de ao menos um corte dos juros de 65,9% na reunião de julho e de 92,7% na de setembro. Na próxima reunião, em 19 de junho, a chance de corte para 2-2,25% é de 35%.
Investigação anti-concorrencial derruba ações de tecnologia
A Bloomberg News informou que o Departamento de Justiça dos EUA abriu investigação antitruste contra Google e Facebook. As ações de Alphabet (NASDAQ:GOOGL), controladora do Google, e da empresa de Mark Zuckenberg despencaram, contribuindo para o mergulho da Nasdaq.
A Alphabet A caiu 8,85%, enquanto o Facebook perdeu 7,5%. A Nasdaq despencou 1,61%, a S&P caiu 1,61% e Dow Jones subiu 0,02%
Ações
- VALE (SA:VALE3) desvalorizou-se 0,35%, em dia de queda dos preços do minério de ferro na China. Mais cedo, os papéis subiram após relatório de analistas do Itaú BBA, que ajustaram estimativas para a mineradora e elevaram o preço-alvo das ações de 58 para 63 reais.
- PETROBRAS ON (SA:PETR3) subiu 2,2% e PETROBRAS PN (SA:PETR4) avançou 1,72%, apesar da piora dos preços do petróleo no exterior. No radar está decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) prevista para esta semana sobre vendas de ativos da petrolífera de controle estatal.
- VIA VAREJO fechou com elevação de 5,53%, em meio a especulações na mídia sobre interessados em adquirir a rede de móveis e eletrodomésticos, entre eles LOJAS AMERICANAS, que viu as suas preferenciais recuarem 2,6%.
- BRASKEM recuou 3,69%, penalizada pelo acordo de leniência firmado na semana passada com a Advocacia-Geral da União e com a Controladoria-Geral da União, que prevê mais 1,54 bilhão de reais em pagamentos. A empresa também enfrenta paralisação de unidade de produção em Alagoas.
- BRADESCO PN (SA:BBDC4) fechou em baixa 0,32% e ITAÚ UNIBANCO PN (SA:ITUB4) subiu 0,29%.
- SUZANO (SA:SUZB3) caiu 2,59%, tendo no radar comentário da área de análise doMorgan Stanley (NYSE:MS), estimando menor crescimento da demanda de celulose em 2019 e 2020. Para o analista Carlos de Alba, a relação risco-retorno no setor melhorou, mas não é o momento de comprar ainda. KLABIN cedeu 1,67%.
Fonte: ADVFN
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