terça-feira, 25 de junho de 2019

Fed menos dócil e tensões geopolíticas derrubam Ibovespa aos 100 mil pontos

Fed menos dócil e tensões geopolíticas derrubam Ibovespa aos 100 mil pontos





Investing.com Brasil - 25/06/2019 - 
O Ibovespa despencou 1,93% a 100.092,95 pontos, perdendo os 100 mil pontos por alguns minutos durante à tarde

A escalada das tensões geopolíticas entre EUA e Irã e incertezas em relação à reforma da Previdência impulsionaram os investidores a realizar lucros no Ibovespa em sessão marcada por aversão ao risco no exterior. As incertezas quanto a disputa comercial entre EUA e China e julgamento de habeas corpus sobre a liberdade de Lula no Supremo Tribunal Federal (STF) alimentaram a cautela dos investidores a se expor em ativos de risco.
O Ibovespa despencou 1,93% a 100.092,95 pontos, perdendo os 100 mil pontos por alguns minutos durante à tarde após incertezas quanto a temores em relação a atraso na tramitação da reforma da Previdência no Congresso. O volume financeiro negociado foi de R$ 15,1 bilhões, com 98,48% dos papéis fechando no negativo.
A profundidade da queda do principal índice acionário brasileiro no dia também foi decorrente de declarações de dirigentes do Federal Reserve sobre os próximos passos da política monetária americana, indicando que o próximo ciclo de afrouxamento monetário – o primeiro desde a crise de 2008 – deve ser menos dovish do que o mercado aguardava. A sinalização contribuiu para a recuperação do valor do dólar em relação a outras divisas mundiais, entre as quais o real brasileiro.
A moeda americana subiu 0,69% em relação ao real, cotada a R$ 3,8528. Já o índice dólar, que mede a força da moeda americana em uma média ponderada de uma cesta com seis divisas, subiu 0,19% a 96,17, após se aproximar da mínima de três meses no início do pregão. Influenciou a alta do índice a busca por ativos de refúgio devido ao aumento do risco geopolítico e preocupações comerciais. O índice VIX, espécie de termômetro de volatilidade do mercado, subiu 6,68% nesta terça-feira.

Fed menos dovish que esperado

Os índices acionários de Wall Street encerraram a sessão no negativo. As sanções impostas pelos EUA a autoridades iranianas, entre as quais o líder supremo aiatolá Ali Khamenei, como resposta ao ataque do drone não-tripulado na última sexta-feira, elevou preocupações de um eventual conflito entre os dois países, sobretudo pela resposta do Irã de que a medida fechou as negociações pela via diplomática.
Dow Jones teve uma queda de 0,67%, enquanto S&P 500 mergulhou 0,94%. Já Nasdaq despencou 1,51%. A declaração do presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, de que não vê necessidade de um corte de 0,50 ponto percentual da taxa de juros levou os investidores a interpretarem que a adoção de uma política monetária acomodatícia pelo Fed deve ser menos dovish do que o esperado. Bullard é considerado um dos defensores do ciclo de corte e único dirigente do Fed que votou pelo corte dos juros na reunião passada
O chairman Jerome Powell também se manifestou nesta terça-feira a respeito das pressões políticas que recebe do presidente Donald Trump para suavizar a política monetária. Powell afirmou que o Fed está “isolado” das pressões política, reforçando a independência da autoridade monetária. Trump voltou novamente a se manifestar contra a atual política do Fed, que vem de 4 altas dos juros em 2018 e manutenção nas reuniões deste ano. O presidente responsabilizou a instituição pelo dólar estar forte demais em relação a outras divisas, como o euro.
O Monitor da Taxa de Juros do Fed do Investing.com continua a apostar em um corte de 0,25 ponto percentual nos juros na reunião de julho, enquanto a expectativa de um segundo corte de 0,25 na reunião continua alta, de 78,5%. A taxa atual está no intervalo entre 2,25-2,5%.

Busca por ativos de refúgio

As tensões no Oriente Médio somada com as indefinições da disputa comercial entre EUA e China impulsionaram à aversão ao risco no exterior, manifestada por meio da elevação da busca por ativos de refúgio, entre os quais o ouro e os títulos do Tesouro americano. O metal dourado solidificou a permanência na faixa dos US$ 1400 com a alta de 0,57% a US$ 1.426,25.
Já o rendimento dos títulos de 10 anos do Tesouro americano perdeu o piso de 2% e caíram para 1,992%. Quanto maior a demanda por esses papéis, menor é o rendimento. Além disso, a inversão da curva de juros com títulos de menor prazo continua, com os ganhos do título de 3 meses em 2,136%. A inversão da curva tradicionalmente indica sinal de recessão na economia americana em breve.

Reforma da Previdência

Os investidores locais negociaram sob o receio de a votação da reforma da Previdência na Comissão Especial ocorrer na semana que vem. Devido ao elevado número de deputados inscritos para falarem durante a apreciação do parecer do deputado Samuel Moreira (PSDB-SP) após a sessão de hoje, a votação realmente vai ficar para semana que vem, aumentando a chance de a reforma não ser votada no plenário antes do recesso.
O presidente da Câmara Rodrigo Maia se manifestou afirmando que não vê problema em adiamento da votação na Comissão Especial em um ou dois dias, mas cobrou pela reabertura de negociação para inclusão de Estados e municípios, que estão de fora no atual texto em trâmite.

Ata do Copom

Banco Central divulgou a ata da última reunião de política monetária do Copom, diminuindo a expectativa quanto a retomada do afrouxamento monetária na próxima reunião em julho, o que também influenciou na realização de lucros do Ibovespa no pregão desta terça-feira.
A ata foi menos dovish do que o comunicado após a reunião da semana passada. O Copom avaliou que a economia brasileira deve ficar perto da estabilidade neste segundo trimestre, com uma “nítida” interrupção em seu processo de recuperação como reflexo de uma mudança na dinâmica da atividade depois do segundo trimestre de 2018. Além disso, menciona que os principais choques sofridos pela economia brasileira ao longo de 2018 se dissiparam e que as condições financeiras já caminharam para território “mais estimulativo”. Leia mais aqui.

Ações

JBS ON (JBSS3) avançou 0,5%, passando grande parte da sessão como único papel com tendência positiva do índice, de olho em atendimento ao crescimento da demanda do mercado chinês, cujo rebanho passa por impacto da crise de peste suína africana. Nos Estados Unidos, a controlada Pilgrim’s Pride foi alvo de abertura de investigação criminal sobre suposta prática de conluio para fixação de preços de carne de frango.
ITAÚ UNIBANCO PN (ITUB4) apoiou a tendência negativa do índice, fechando em queda de 1,25%. No setor, BRADESCO PN (BBDC4) e BANCO DO BRASIL ON (BBAS3)caíram 0,84% e 0,92%, respectivamente, e SANTANDER BR UNIT recuou 1,6%. As ações da B3 lideraram as quedas na sessão, recuando 5,1%. Na véspera, o presidente da comissão especial da reforma da Previdência, deputado Marcelo Ramos (PL-AM), afirmou que parlamentares aliados ao governo não devem “forçar a barra” ao buscar alterar o parecer do relator Samuel Moreira (PSDB-SP), que inclui aumento da alíquota CSLL cobrada do setor financeiro.
VALE ON (VALE3) desvalorizou-se 1,95%, refletindo o recuo no minério de ferro. O contrato mais ativo do minério de ferro na bolsa de Dalian fechou em queda de 1,2%, a 798,5 iuanes por tonelada.
PETROBRAS ON (PETR3) perdeu 3% e PETROBRAS PN (PETR4) caiu 2,6%, em meio aos planos do governo para abrir o mercado de gás no país e tensões internacionais entre os EUA e Irã.


Fonte:  Investing.com

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