quarta-feira, 5 de junho de 2019

Petrobras espera vitória apertada contra liminar que trava desinvestimentos, dizem fontes da estatal

Petrobras espera vitória apertada contra liminar que trava desinvestimentos, dizem fontes da estatal




Ações2 horas atrás (05.06.2019 13:02)

© Reuters. .© Reuters. .
Por Ricardo Brito
(Reuters) - Em julgamento a ser retomado nesta quarta-feira pelo STF, a Petrobras (SA:PETR4) aposta numa vitória apertada para derrubar uma liminar concedida no ano passado pelo ministro Ricardo Lewandowski, que condicionou operações de alienação de controle acionário por estatais a um aval do Congresso e licitação pública, segundo duas fontes da companhia envolvidas no caso.
Caso confirmada a expectativa da estatal de derrubada da liminar, disseram à Reuters as fontes da Petrobras, haverá uma injeção direta de recursos nos cofres da companhia pela venda da empresa de gasodutos TAG -- operação suspensa por outra liminar que usou a decisão de Lewandowski como base.
Se isso ocorrer, segundo as fontes, a previsão é que os 8,6 bilhões de dólares da venda da TAG a um grupo liderado pela francesa Engie (SA:EGIE3) possam entrar nos cofres da estatal em prazo de 15 a 30 dias.
O julgamento no Supremo Tribunal Federal, iniciado na semana passada, será retomado na tarde desta quarta com o voto dos ministros sobre se a venda do controle acionário de empresas públicas, sociedades de economia mista ou de suas subsidiárias ou controladas --como foi a operação da TAG-- precisa de prévio aval do Congresso Nacional e licitação pública.
Desde a semana passada, representantes da Petrobras e do governo Jair Bolsonaro têm feito uma espécie de ofensiva junto a ministros do STF a fim de conseguir uma decisão favorável da corte.
Envolveram-se nos esforços os ministros da Economia, Paulo Guedes, da Advocacia-Geral da União, André Mendonça, e de Minas e Energia, Bento Albuquerque. Eles têm se reunido com ministros da corte, distribuído memoriais e documentos para defender a posição do governo e de empresas públicas que podem ser atingidas pela decisão.
Uma derrota no STF poderia colocar em xeque o plano de privatizações do governo, além da política de desinvestimentos da estatal petrolífera, que conta com a venda de ativos para reduzir sua dívida líquida de 372,2 bilhões de reais.
Uma fonte da Petrobras que participa diretamente dessas tratativas disse que há um "sentimento" a favor da derrubada da liminar de Lewandowski, mas por um quórum apertado.
O ministro do Supremo condicionou operações de alienação de controle acionário a um aval do Congresso e à realização de licitação pública, em decisão referenciada posteriormente pelo ministro Edson Fachin para suspender com uma liminar no final de maio a alienação da TAG, que já havia sido anunciada pela Petrobras,
REQUISITOS
A avaliação dessa fonte da Petrobras é que já há uma maioria de ministros da corte que considera que a estatal já dispõe de uma autorização legislativa --no caso, a Lei do Petróleo-- para alienar o controle acionário de empresas.
A maior controvérsia entre os ministros é sobre a necessidade de o processo de venda passar por licitação --se o decreto editado pelo governo Michel Temer e usado como base pela estatal para a negociação da TAG já valeria ou se outro procedimento específico seria necessário, afirmou a fonte.
Esse último aspecto poderia em tese comprometer a operação.
Contudo, do ponto de vista jurídico, os ministros do STF podem avançar ou não nesse tipo de debate --sobre a validade do decreto de Temer para sustentar a operação da TAG-- na discussão da liminar em plenário ou deixar isso para um julgamento posterior, quando estiver em análise o mérito do processo.
A expectativa é que haja uma divergência aberta para derrubar a liminar de Lewandowski, mas não avançar nessa discussão, disse uma das fontes. Dessa forma, a venda da unidade de gasodutos da Petrobras estaria preservada, afirmou a fonte.
EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO
Há ainda a previsão de um segundo julgamento importante para a estatal nesta semana no STF, possivelmente na quinta-feira. A Petrobras está confiante em manter os efeitos de um segundo decreto, editado no governo Temer, que institui processo especial de cessão de direitos de exploração, desenvolvimento e produção de petróleogás natural e outros hidrocarbonetos fluidos pela Petrobras e subsidiárias.
Para uma das fontes, esse julgamento também é vital para colocar em prática o plano de desinvestimentos da estatal.
Outra fonte da estatal disse que uma decisão favorável dará liberdade para que a Petrobras possa se desfazer de concessões em contratos de campos de petróleo já maduros e que não têm alta rentabilidade para se concentrar, por exemplo, em participar de rodadas de exploração do pré-sal.
"A briga é para participar de disputas com petroleiras internacionais que não têm as amarras que nós temos", disse essa segunda fonte da estatal à Reuters.



Fonte: Reuters

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