sábado, 1 de junho de 2019

Por que o bitcoin superou 100% de valorização em 2019

Por que o bitcoin superou 100% de valorização em 2019



Entenda o motivo pelo qual a criptomoeda vem ganhando cada vez mais destaque no mercado.

Por   para  XDEX

Por Fernando Ulrich, analista-chefe da XDEX
Toda vez que o bitcoin bate recordes de preço, abundam as matérias na mídia questionando o porquê da escalada de valorização. Quais os motivos que fizeram o criptoativo sair de cerca de US$ 4.000 no início de abril para mais US$ 8.000 em meados de maio? Alguma notícia relevante? Houve algum anúncio importante? Talvez, alguma regulação mais amena numa jurisdição do G7? 
Sem dúvida, alguns catalisadores podem explicar a alta súbita neste segundo trimestre. Primeiro, o já alardeado -- mas não oficializado -- projeto de criptomoeda do Facebook toma contornos cada vez mais claros de que envolverá alguma stablecoin ou, ao menos, tecnologia similar ao blockchain. 
O fato de uma gigante com bilhões de usuários adotar a tecnologia do blockchain para prover pagamentos integrados à plataforma, sem dúvida alguma, ajuda a alavancar essa grande invenção. Seja uma facecoin lastreada em dólar, seja apenas uma solução de pagamentos inspirada no blockchain, o projeto -- supostamente intitulado Libra -- pode ter um impacto determinante. 
Outra gigante de tecnologia, a Microsoft, confirmou uma iniciativa de "identidade descentralizada" no blockchain do bitcoin. O uso para identidade digital é uma das aplicações mais promissoras da tecnologia. Agora, uma empresa de tamanha relevância e alcance estar desenvolvendo aplicações desse tipo com o bitcoin é inegavelmente um sinal muito positivo. 
Já no mundo financeiro tradicional, há poucas semanas a Fidelity Investments, cujos ativos sob gestão ultrapassam US$ 7 trilhões, divulgou uma pesquisa realizada por ela própria com mais de 400 investidores institucionais que representam vários trilhões de dólares, já que se trata de fundos de pensão, fundações, gestores de investimento, assessores financeiros 
O foco da pesquisa? Criptoativos, ativos digitais. Em suma, praticamente um quarto dos entrevistados pretendem ter alguma exposição a ativos digitais e consideram estes importantes alternativas de diversificação num portfólio. 
Na mesma linha, e inaugurando a Blockchain Week da semana do 13 de maio em Nova York, a Bakkt, investida da Intercontinental Exchange (ICE, dona da Bolsa de Nova York), anunciou que deve finalmente começar a operar em julho deste ano, ofertando ao mercado o primeiro contrato futuro de bitcoin com entrega física.
A notícia é muito significativa para a indústria dos criptoativos porque já é aguardada há vários meses. A criação da Bakkt em agosto do ano passado gerou enorme expectativa no mercado, uma vez que a iniciativa contava também com a parceria da Microsoft e do Starbucks. A proposta da Bakkt é prover não apenas negociação, custódia e futuros para os players institucionais, mas também permitir pagamentos pelos consumidores no varejo.
O atraso no início das operações, contudo, deveu-se aos entraves regulatórios. O contrato futuro elaborado pela empresa difere daquele negociado na CME (Chicago Mercantile Exchange) porque há entrega física e, portanto, custódia e liquidação pela própria Bakkt. Nos últimos meses, a companhia esteve atuando muito próxima a CFTC (Commodity & Futures Trading Commission) para obter o aval do regulador ao seu produto financeiro. 
Em síntese, esses foram os principais gatilhos, por assim dizer, que podem justificar a nova alta do bitcoin e demais criptoativos nas últimas semanas.
Porém, notícias como essas, isoladamente, não são causa do valor do bitcoin. Na verdade, são sintomas, são resultados diretos da utilidade inerente à tecnologia. Porque somente quando se entende a utilidade do bitcoin e do blockchain é que conseguimos atribuir algum valor a esse grande invento. 
Por esse motivo, costumo afirmar que é necessário ignorar o preço. Ou melhor, é preciso olhar além do preço. Quem tem se detido a analisar apenas a dinâmica da cotação do ativo digital, acaba sendo incapaz de compreender por qual razão o bitcoin vale o que questão pagando no mercado. Quem vê apenas preço não vê valor. Pode ser uma frase clichê, mas se encaixa perfeitamente. 
Mas qual é a utilidade, afinal de contas? Ao meu ver, são inúmeras. A começar pelo primeiro ativo escasso e digital da história. Não é confiscável. Pode ser transacionado sem terceiros de confiança e entre duas partes, com segurança, rapidez, baixo custo, para qualquer lugar do planeta e em qualquer montante. Um ativo cuja oferta não poder ser inflacionada por nenhuma entidade ou banco central. 
Além disso, por se tratar de um mero protocolo que funciona com software em código-fonte aberto, a tecnologia pode ser utilizada das formas mais variadas, cujas possibilidades ainda estão sendo descobertas e testadas. 
É uma tecnologia de base, uma tecnologia fundacional, assim como a própria internet. Mas ao contrário da rede mundial de computadores, com o bitcoin é possível "investir" diretamente na tecnologia, é possível ter uma "participação" no sucesso dessa rede ao simplesmente deter uma fração de bitcoin. 
Portanto, qual o valor justo do bitcoin? Não sei afirmar. Mas tenho convicção que se trata de um ativo poderoso, transformador, e que vale muito acima de zero.

Fonte: ADVFN

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