Adornos de ouro, diamantes ou os dois combinados são utilizados desde a Antiguidade como símbolos de status e riqueza. Porém, em um duelo de raridade, qual dos dois seria mais difícil de se encontrar? Ambos podem ser reproduzidos em laboratório, mas será que isso afetou o valor ou status deles? Veja abaixo as condições de formação de cada um, com suas características específicas.
Ouro
O metal é um dos mais raros elementos encontrados no planeta Terra. Sempre muito valorizado, sua origem ocorreu após a colisão de estrelas de nêutrons, segundo Ulrich Faul, cientista e professor do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). Após o acontecimento, enquanto a Terra se formava, os elementos mais pesados, como o ouro, se depositaram no centro, restando pouco material próximo à superfície.
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"É possível encontrar ouro em inúmeros locais, mas sempre em baixíssimas concentrações, o que inviabiliza sua mineração", afirmou Yana Fedortchouk, professora de Ciências da Terra e codiretora do Laboratório de Pesquisa Geológica Experimental de Alta Pressão da Universidade Dalhousie, em Halifax, no Canadá.
Segundo dados fornecidos pela pesquisadora, a concentração média de ouro na crosta terrestre é de 4 partes por bilhão, ou seja, baixíssima. Como comparação, para que determinado local seja considerado viável economicamente à mineração, precisa apresentar pelo menos 5 mil partes por bilhão.
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Desde a Antiguidade, cientistas tentam encontrar a fórmula mágica para produzir ouro em laboratório — estão incluídos nessa lista algumas figuras históricas, como Isaac Newton, Roger Bacon e Robert Boyle. Glenn T. Seaborg, em 1980, conseguiu elaborar o tão desejado metal de forma artificial, mas o custo da produção se mostrou tão alto que o experimento se limitou à demonstração dessa possibilidade.
Diamantes
Sem a necessidade de eventos astronômicos de grandes proporções, os diamantes são basicamente carbono, que conhecemos bem como o grafite de nosso lápis, altamente pressurizado. A concentração média do material na crosta terrestre é de 200 mil partes por bilhão, de acordo com o geólogo William Fyfe — muito mais do que o necessário para um local ser considerado uma mina de ouro. Mesmo assim, sua valorização ocorre mais pela dificuldade em sua mineração do que propriamente pela concentração.
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"Diamantes só podem ser produzidos no manto da Terra e precisam, de alguma maneira, ser trazidos à superfície, mas podem também ser formados durante o impacto de meteoritos", disse Fedortchouk, mas o material dificilmente é uma gema valiosa. Ela ainda complementa: "Os diamantes que surgem no fundo do manto da Terra podem ser trazidos pelo magma ou durante a lenta elevação das rochas profundas, nos processos de crescimento das montanhas. O problema é que, durante esse processo, os diamantes se transformam em grafite e nunca aparecem como pedras preciosas".
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Diferente do ouro, diamantes podem ser produzidos em laboratório de maneira relativamente fácil, mas as condições de produção natural são um tanto quanto extremas.
Sua formação exige a presença de carbono a 150 quilômetros de profundidade, que precisa ser aquecido a 1204 °C enquanto sofre uma pressão de 5000 MPa (o concreto convencional possui resistência de 25 MPa). Após esse processo, é necessário que o recém-formado diamante seja trazido rapidamente até a superfície por uma erupção vulcânica, para que seja resfriado e mantenha as propriedades adquiridas.
Disputa acirrada
Quando consideramos todo esse complexo processo, as gemas de diamantes mineráveis precisam de muito mais esforço para serem encontradas. A questão se inverte quando é levada em conta somente a forma elementar do material, onde o ouro ainda se mostra mais raro.
Outra importante questão é que, ao contrário do ouro, diamantes conseguem ser produzidos em laboratório de forma economicamente viável. Mesmo assim, as pedras sintéticas não são tão valorizadas — o valor se mantém 30% menor do que o cobrado por pedras naturais.
Segundo Faul, essa questão torna a utilização desse tipo de pedra muito mais comum, pois “os diamantes, abaixo de um certo tamanho, não valem a mineração. Quem quer comprar um diamante que precisa de uma lupa para ser observado?”. Ele ainda complementa, dizendo que “o ouro é mais abundante do que os grandes diamantes, mas os diamantes como uma classe de material não são particularmente raros. Acho que parte da sua reputação tem a ver com relações públicas surpreendentes”.
Cada uma com suas peculiaridades e raridades específicas, tanto ouro quanto diamantes vão continuar significando status e riqueza para quem utiliza adornos produzidos com eles.
Fonte: Seleções
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