quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

Tailândia e o negócio das pedras preciosas

Havana (Prensa Latina) – Um trabalhador mineiro na Tailândia recebe menos de um dólar por dia para extrair rubis ou safiras cujo preço pode chegar até os quatro milhões de dólares em filiais da conhecida galeria de leilões Sotheby’s.
Dados a respeito, publicados em qualquer meio de imprensa, ilustram que essa cifra a atingiu um rubi em Genebra, Suíça, o que confirma que tal pedra preciosa é a mais valorizada mundialmente.
Fontes das Nações Unidas e inclusive do próprio governo tailandês, admitem que a exploração em minas nesse país asiático é normalmente ilegal, o que exime de qualquer respaldo institucional aos que ali trabalham.
Nessa nação existem mais de 60 variedades de gemas de incalculável valor comercial, como a água-marinha, zircão, granate, jade, turmalina, safira ou rubis, segundo estimativas do Instituo Nacional de Estudos sobre as Gemas.
Chanthanburi, uma localidade ao norte de Bangkok, a capital, é o maior centro para o processo industrial e comercial de pedras preciosas, mas os ramos do tráfico ilegal chegam sobretudo a Mae Chang, localizada na fronteira tailandesa com o Myanmar e Laos.
Algo de uma história pouco conhecida
A zona fronteiriça entre Tailândia, Myanmar e Laos foi chamada numa época -década de 60 e primeiros anos da de setenta- o Triângulo de Ouro, por onde circulava uma enorme quantidade de droga cujo destino fundamental resultava o mercado mais extenso de consumidores: os Estados Unidos.
Das selvas tailandesas saíam toneladas de produtos elaborados em laboratórios artesanais e um dos meios de transporte utilizados implicou o pessoal do exército estadunidense, então envolvido na agressão ao Vietnã.
Depoimentos a este respeito abundam, entre eles, o filme American Gangster, dirigido por Ridley Scott e protagonizado por Denzel Washington e Russell Crowe, baseado em fatos reais sobre o tráfico de heroína.
Desde então, as condições variaram, o comércio de estupefacientes buscou outros rumos, mas a zona mencionada continuou como centro do contrabando dos mais diversos artigos, de pessoas e prostituição.
Cifras estimadas calculam que esses negócios geram bilhões de dólares por ano, ainda que sem precisar o montante que inclui o comércio legal ou ilegal de pedras preciosas.
Investigações e documentos da Global Financial Integrity, uma instituição sem fins lucrativas em Washington, Estados Unidos, assinala que os negócios a respeito movem por meio de subornos às autoridades, roubos de servidores públicos governamentais e complicados manejos para a evasão de impostos.
Thomas Naylor, autor do livro O submundo das gemas, menciona Bangkok como um importante centro para a compra e venda por atacado de pedras preciosas que têm como destino final New York, Mumbai, Tel Aviv ou Genebra, entre outras grandes cidades.
Para o simples e explorado mineiro tailandês não fica muito por escolher e só aparece nos meios de comunicação como um portador ou vendedor de supostas pedras preciosas com a figura do Buda ou outros símbolos que servem de amuleto chamativo.
* Chefe da Redação Ásia da Prensa Latina.
RUBI BRUTO

RUBI LAPIDADO


Fonte:Brasil Mineral

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