sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

A mineradora canadense Belo Sun quer extrair 60 toneladas de ouro, as margens do rio Xingú

A mineradora canadense Belo Sun quer extrair 60 toneladas de ouro, as margens do rio Xingú





A mineradora canadense Belo Sun quer extrair 60 toneladas de ouro, as margens do rio Xingú e, para isso, vai investir US$ 1 bilhão. Mas os imensos riscos sociais e ambientais levantam dúvidas sobre a viabilidade do negócio no coração da Amazônia







O garimpo, assim como os jogos de azar, é um vício. Para muitos moradores da Vila Ressaca, uma pequena comunidade localizada às margens do Rio Xingu, no Pará, só isso explica alguém se arriscar a descer dezenas de metros em um buraco instável, preso a um cabo de aço, dia após dia, ano após ano. “Dá para ganhar muito dinheiro no garimpo”, afirma Eguinaldo Silva, o Naldo, morador da Ressaca, ex-garimpeiro e hoje piloto de lancha, ou “voadeira”. “Só que, do jeito que se ganha, se gasta.” Pelas ruas de terra da vila, enlameadas nessa época do ano por conta das chuvas constantes, as histórias dos tempos de glória dessa corrida do ouro se repetem.
No bar do Gilson, um bêbado proclama os números do negócio, em altos brados. “Hoje, quem consegue dois gramas de ouro tem sorte”, afirma o ébrio, resoluto. No posto de saúde, a recepcionista Luciene Silva confirma a derrocada da atividade. “Meu marido trazia para casa 120, 130 gramas por semana. Hoje, quando sobram duas é muito”, diz a moradora, resignada. Mata adentro, no entanto, as precárias operações mineradoras são tão comuns quanto os agrupamentos de bois a se movimentar lentamente pelas pastagens, vegetação que, há algum tempo, substituiu as densas florestas amazônicas como a paisagem predominante na região.
Acontece que o ouro rareou, mas não acabou. Ao contrário. Ele só está incorporado em rocha dura, ou sã, como dizem os geólogos, na camada logo abaixo do solo mais raso, o saprólito, inalcançável pelos métodos rudimentares dos garimpeiros. Para extraí-lo é necessário profissionalizar. O modo de vida crédulo do local, que confia a própria sorte na manipulação a mãos limpas do mercúrio, metal pesado, altamente tóxico e capaz de separar o ouro do solo, precisa dar lugar aos engenheiros e seus equipamentos pesados. É aí que entra a mineradora canadense Belo Sun.



Em 12 anos, a mina vai gerar 60 milhões de toneladas de resíduos, que serão armazenados em uma barragem

Listada na bolsa de Toronto, principal praça de comércio da mineração mundial, a empresa está instalando no município de Senador José Porfírio, onde fica a Ressaca, uma operação de grande porte, que consumirá investimentos de US$ 1 bilhão. A meta é extrair 60 toneladas de ouro no período de 12 anos, o suficiente para mais do que duplicar o valor aportado e colocar a mina entre as cinco maiores do País. “É uma região com grande potencial”, afirma Mauro Barros, diretor-geral da companhia no Brasil.
https://www.belosun.com/



Fonte: Istoé Dinheiro

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