No ano de 2009, a notícia da produção de um belo diamante da cor champanhe a partir de fios de cabelo de Pelé ganhou as manchetes em todo o país. Ele presenteou a sua mãe com essa peça. Ela, então, em gesto muito generoso, doou a joia para um hospital que cuida de crianças carentes no Paraná.
Essa foi a primeira vez que essa façanha foi realizada em nosso país e, daí em diante, outras notícias do tipo surgiram.
Mas será que é possível mesmo produzir um diamante verdadeiro por meio do cabelo de uma pessoa? E será que isso é economicamente viável?
Bem, a resposta para a primeira pergunta é: sim, é possível. Para entender como se dá esse processo, vamos ver primeiro um pouco da constituição do diamante e do cabelo.
O diamante natural é uma das formas alotrópicas do carbono, que também pode ter seus átomos rearranjados de modo a formar a grafite, sua outra forma alotrópica mais comum. Na imagem abaixo, vemos um número muito grande de átomos de carbono, sendo que cada átomo de carbono se liga a outros quatro átomos de carbono e origina uma macromolécula com estrutura tetraédrica:
O diamante natural é formado nas camadas mais internas da Terra, onde o magma é submetido a uma pressão bastante elevada, já que durante muito tempo mais camadas de lava depositaram-se por cima dele, e também a temperaturas muito altas, já que geralmente são associados a chaminés vulcânicas. O magma é então transformado em diamantes duráveis e valiosos que são expelidos para a crosta terrestre graças aos movimentos geológicos naturais.
Os cientistas atualmente modificam a estrutura da grafita para produzir diamantes sintéticos que são muito usados, por exemplo, em pontas de brocas. A estrutura da grafita está mostrada abaixo:
Assim, tecnicamente é possível produzir o diamante a partir de qualquer substância com bastante carbono, como os pelos de um cachorro, borracha de pneus, penas de aves, o cordão umbilical de um bebê, as cinzas de um falecido, enfim, até o gramado da Vila Belmiro, o estádio do Santos, serviu para a produção de algumas peças em 2010 a fim de homenagear o time que foi campeão da Copa do Brasil.
No entanto, o mais indicado é o cabelo, pois ele é rico em queratina, sendo a parte de nosso corpo mais rica em concentração de carbono.
O processo de transformação do cabelo em diamante segue as etapas abaixo e é chamado de HPHT (do inglês High Pressure, High Temperature, que significa “Alta pressão, alta temperatura”):
O diamante feito de cabelo possui as mesmas características químicas, físicas e óticas de um diamante natural.
O cliente pode escolher o tamanho e o formato também. Por enquanto, varia-se de 0,2 a 0,7 quilates o máximo garantido, e o formato pode ser do tipo “princesa” ou “brilhante”, mostrados abaixo:
No Brasil, existe apenas uma empresa que realiza esse processo, é a Brilho Infinito. A própria pessoa corta o seu cabelo e eles gravam todo o processo para que a pessoa tenha certeza de que o diamante foi feito do seu cabelo mesmo.
Agora, vem a segunda pergunta: Será então que podemos sair correndo e mandar fazer um monte de diamantes para depois vendermos e ficarmos ricos?
Não. Pois o valor para se fazer um diamante é praticamente igual ou maior ao seu valor de mercado. Para citar um exemplo, um dos diamantes fabricados por eles, que era de 0,3 quilates, do tamanho de um grão de feijão, foi avaliado em R$ 5 mil reais. Mas o modelo mais simples, de 0,20 quilates e da cor champanhe, custa a partir de R$4,5 mil.
Portanto, o objetivo de se mandar fazer o diamante dos fios de cabelo é mais pelo valor sentimental de se querer eternizar pessoas e momentos especiais.
Por Jennifer Fogaça
Graduada em Química
Fonte: Brasil Mineral
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