Contrabando: O ouro de Roraima vai para os Emirados Árabes Unidos e Índia.
Por incrível que pareça, Roraima se tornou um dos maiores exportadores de ouro do Brasil, embora não tenha uma única mina legalizada produzindo o metal precioso.
Por conta dessa contradição, a Polícia Federal entrou no circuito para investigar a participação de uma quadrilha que está contrabandeando o ouro da Venezuela, legalizando aqui no Estado e mandando para fora do Estado, que depois segue para o exterior.
A operação batizada de Hespérides – uma alusão a mitologia grega, seriam as responsáveis por cuidar do pomar onde a deusa Hera cultivava macieiras que davam frutos de ouro – foi decretada justamente para encontrar os garimpeiros que comercializaram este ano ao menos 1,2 tonelada do metal.
Segundo a PF o esquema – que envolve outros 4 estados brasileiros – tem um ramo no exterior, através de um traficante que mora na República Dominicana. O ouro tem como principal destino os Emirados Árabes Unidos e a Índia.
Nos últimos anos a quadrilha movimentou mais de R$ 230 milhões, sem que Roraima fosse beneficiado com o recolhimento dos impostos devidos.
Mais de 150 policiais na operação | A operação de ontem foi autorizada pela 4ª Vara Federal em Roraima, que também determinou o bloqueio de R$ 102 milhões dos envolvidos.
Mais de 150 policiais cumprem 17 mandados de prisão preventiva, 5 de prisão temporária, 48 buscas e apreensões e 15 sequestros/bloqueios de bens, nos estados de Roraima, Amazonas, Rio Grande do Norte, Rondônia e São Paulo.
As investigações tiveram início em setembro de 2017, após apreensão de aproximadamente 130 gramas de ouro no Aeroporto de Boa Vista/RR, destinados a uma empresa em São Paulo. Uma nota fiscal de compra de sucata de ouro acompanhava o metal, sendo verificado pela PF que se trataria de um documento falso.
Processo de legalização | A operação PF mira três empresários venezuelanos, suspeitos de chefiar o esquema. Um deles, inclusive, é procurado pela Interpol por tráfico de drogas e crimes financeiros cometidos na República Dominicana.
A PF também investiga servidores da Receita Federal, estadual e Procuradoria Geral de Roraima.
O ouro extraído em Roraima e na região sul da Venezuela, na fronteira entre o estado brasileiro e o país vizinho, passava por um processo de “legalização” em um esquema que envolvia pagamento de propina aos servidores públicos.
A PF ainda suspeita do envolvimento de um procurador do estado, uma servidora comissionada da Procuradoria Estadual, um analista da Receita Federal e uma auditora fiscal de tributos do estado.
Receita fez cruzamentos | A partir de cruzamentos realizados pela Receita Federal, que contribuiu com as investigações, suspeita-se que o grupo tenha movimentado ao menos 1,2 tonelada de ouro entre os anos de 2017 e 2019.
Em cotação atual, o montante representa mais de R$ 230 milhões. Se o procedimento regular de importação houvesse ocorrido, a Receita estima que seriam devidos aproximadamente R$ 26 milhões apenas em tributos federais, desconsiderando juros e multa.
Apenas no ano de 2018, a empresa que recebia o ouro em São Paulo teria exportado mais de R$ 1 bilhão em ouro e mais que triplicado seu faturamento nos últimos 3 anos.
A empresa suspeita também compraria o metal precioso de um outro grupo, baseado no Amapá, alvo da operação Ouro Perdido da PF, contra a comercialização de ouro extraído ilegalmente e que foi deflagrada em junho deste ano.
Fonte: O Liberal
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