Após disparada de 31%, urânio é commodity que mais sobe no ano
Contratos futuros de urânio negociados em Nova York avançaram cerca de 36% desde meados de março para US$ 32,50 por libra-peso
(Bloomberg) — Enquanto o coronavírus massacra os preços da maioria das commodities, o urânio saiu em disparada.
O metal radioativo usado como combustível nuclear subiu 31% este ano, tornando-se a commodity com melhor desempenho no mundo. Os ganhos foram estimulados por paralisações em minas que eliminaram mais de um terço da produção global anual, em um momento em que a demanda vinda das usinas permaneceu relativamente estável.
“É um movimento duplo em favor do urânio”, disse Nick Piquard, gerente de carteiras da Horizons ETFs. “Provavelmente a Covid-19 não afetou tanto a demanda por energia nuclear, mas certamente está impactando a oferta.”
Embora a demanda por energia, incluindo a nuclear, seja prejudicada pela pandemia, a expectativa é que muitas usinas atômicas sigam operando. Isso ocorre em parte porque é mais fácil ligar e desligar usinas movidas a carvão e gás do que que as instalações nucleares. Por isso, vale a pena mantê-las funcionando, mesmo que a demanda por eletricidade diminua um pouco, explicou Piquard.
A indústria de urânio está em crise desde o desastre de Fukushima, em 2011, que levou ao fechamento da maioria dos reatores nucleares do Japão e a uma reavaliação da energia nuclear no mundo inteiro. A mudança fez com que o metal se acumulasse, derrubando os preços em até 75% em relação aos picos alcançados em 2011.
Diante dos preços baixos, duas gigantes do setor — Kazatomprom e Cameco — reduziram a produção de urânio nos últimos três anos para diminuir o excesso global do produto.
A crise da Covid-19 acelerou bruscamente esse processo. A líder Kazatomprom anunciou em abril a redução das atividades operacionais nas minas de urânio no Cazaquistão por cerca de três meses.
Já a Cameco diminuiu ainda mais a produção no mês passado ao paralisar as atividades em Cigar Lake, a mina que mais produz no mundo, localizada no Canadá. A suspensão depois foi estendida por tempo “indeterminado” em 13 de abril.
Ao todo, as paralisações durante três semanas eliminaram cerca de 46 milhões de libras-peso, ou cerca de 35% da produção global anual de urânio, de acordo com Mike Kozak, analista da Cantor Fitzgerald.
Fonte: Bloomberg Brasil
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