“Foi a primeira vez que eu realmente senti algo ruim em relação a ele, no pessoal”, disse Leonardo Cardoso Freitas, procurador do MPF. “Quando vi todos aqueles diamantes se descortinando na minha frente, não foi uma sensação boa não.”
Essa foi a reação do procurador da República após a revelação de um tesouro secreto com 4,5 quilos de ouro e 27 diamantes avaliados em R$ 20 milhões.
Segundo o MPF, os bens que pertenciam ao ex-governador do Rio — e eram símbolos de um passado de luxo e ostentação — se tornaram a maior repatriação de bens e espécies feita no Brasil, mas podem representar apenas uma parte do que ainda deve ser revelado.
“Difícil a gente estimar o fim do patrimônio que foi desviado e está oculto por essa organização criminosa. Este é um trabalho que talvez não tenha fim”, afirmou o procurador.
Dos 27 diamantes, 12 tem certificação do Instituto de Gemologia da América (GIA, em inglês), que confere documentação sobre a qualidade de diamantes mais valiosos, puros, bem lapidados e de alta quilatagem – quanto maior os quilates, maior o peso e maior o valor de mercado.
“Diamantes acima de 1 quilate já são considerados muitos raros e muito valiosos”, afirmou Jurgen Schnellrath, pesquisador do Centro de Tecnologia Mineral (Cetem), órgão ligado ao Ministério de Ciência e Tecnologia.

Barras de ouro de Sérgio Cabral recuperadas pelo MPF do Rio de Janeiro
Foto: Reprodução/MPF-RJ
“Diamante que venha acompanhado de um laudo do GIA passa inclusive a ter no mercado um valor acima de outros diamantes igualmente bons, mas que não tenham esse laudo.”
Sobre as peças de ouro que faziam parte do tesouro de Cabral, o pesquisador explicou que esse é o tipo do minério mais valioso que existe. “É a maior pureza de ouro. Apenas um milésimo pode não ser ouro. É o ouro que serve de lastro financeiro, que vai ser depositado em banco”, disse.
As pedras de diamante e os metais preciosos foram recuperados após três anos de investigação do MPF. Elas estavam em no cofre de uma empresa que faz a guarda de valores em Genebra, na Suíça.
No dia 6 de março, uma operação conjunta entre as autoridades do Brasil e da Suíça repatriou os bens. Para o MPF do Rio, a demora foi incomum.
“Foi um trabalho muito difícil, inédito e também com um nervosismo muito grande por transportar esses valores. Talvez a maior operação de repatriação (de bens físicos) do MPF”, revelou o procurador Freitas.
O processo que apurava a localização e os valores dos tesouros secretos de Sérgio Cabral estava em segredo de Justiça, mas foi tornado público na sexta-feira (13). Nele são explicados os detalhes da escolta que passou por Suíça, Itália e Brasil, onde os objetos estão sob custódia da Caixa Econômica Federal.
O MPF pedirá à Justiça a venda do ouro e dos diamantes para um futuro ressarcimento do estado do Rio de Janeiro e da União. Ainda de acordo com o Ministério Público, os bens foram comprados com dinheiro de origem ilegal, mas de forma lícita e com nota fiscal — provavelmente no mercado europeu.

Diamantes de Sérgio Cabral com mais de 4 quilates recuperados pelo MPF
Foto: Reprodução/MPF RJ
“Esses diamantes têm um valor muito grande. Não sei se o mercado brasileiro comporta a alienação dessas pedras”, explicou o procurador. “No mercado do país talvez não haja comprador para elas.”
“Geralmente, uma pedra dessa quilatagem ou uma joia que tenha pedras desse quilate são usadas para investimento. Isso porque pedras de 3 ou 4 quilates serão muito raras no futuro”, completou Jurgen Schnellrath, pesquisador do Cetem.
Fonte: CNN BRASIL
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