domingo, 28 de junho de 2020

Engenheiro fez dinheiro caçando joias no mar, em Ipojuca

Numa das histórias mais curiosas publicadas pelo Diario e o homem que localiza ouro na areia equilibra bem sorte (dele) e azar (de quem perde objetos), numa equação que sempre esteve na crista da onda. 


O anel de ouro pesava 12 gramas. Cravado no objeto, um diamante. A joia brotou da areia do mar depois de sabe-se lá quanto tempo fora do alcance. Naquele dia, o caçador de tesouros deu um dos sorrisos mais largos de sua vida. Vendeu a preciosidade e recebeu dinheiro suficiente para sustentar mulher e quatro filhos pequenos durante meses. A história do carioca Iguatemi Gonçalves de Souza, 47, e sua busca incansável pelo ouro no litoral pernambucano começou durante um passeio despretensioso na praia.
A cena era aparentemente simples, mas Iguatemi, engenheiro mecânico formado pela Unisinos, no Rio Grande do Sul, não segurou a curiosidade. “O que você está cavando?”, perguntou a um desconhecido que mergulhava e em seguida cavava. “Procuro objetos perdidos”, revelou. Desempregado, Iguatemi enxergou ali uma forma de fazer dinheiro. Se contasse com um detector de metais, além da sorte, talvez fosse mais bem sucedido que aquele homem.
Primeiro, comprou um aparelho que não era à prova d’água e limitou suas pesquisas à areia seca. Aos poucos, adquiriu outro capaz de operar na água. Com parte do dinheiro da venda do anel de 12 gramas e diamante, investiu em um detector profissional, com capacidade para mergulhar até 63 metros. Os achados se multiplicaram.
Auxiliado pelo companheiro inanimado, Iguatemi levava a vida mergulhando em busca de tesouros perdidos no litoral sul – onde vive – desde abril do ano anterior. Em alguns dias, chega a ficar até 12 horas no mar, muitas vezes de madrugada, a depender do horário da maré baixa. Antes disso, viajava o país na função de supervisor de montagem industrial. “Com essa questão da Petrobras, não estão contratando. Na verdade, estão demitindo”, lamenta o engenheiro, que acumula no currículo uma pós-graduação na Unicamp em terminologia de soldagem, além de passagem por Suape, onde trabalhou durante seis meses.
Teresa Maia/DP
Teresa Maia/DP
Teresa Maia/DP
Teresa Maia/DP
As alianças de ouro sempre foram os principais achados do caçador de tesouros. No dia em que o Diario acompanhou Iguatemi na praia de Muro Alto, em Ipojuca, ele localizou em pouco tempo três alianças de ouro. Uma delas pesava sete gramas e foi avaliada em R$1.250
Objetos antigos e raros também chegam às mãos de Iguatemi. Um exemplo é um anel em ouro de 1736 – que ele diz ter pertencido a um pirata – composto por uma caveira com dois olhos de rubi. Todos os achados em ouro são vendidos para o sustento da casa. Moedas antigas, do século dezoito, ele guarda. “Estou pensando agora em negociar com colecionadores. 
Mas o detector de metais também avisa dos dejetos jogados ao mar. Os lacres de garrafas de alumínio são vendidos pelo filho de 14 anos. As tampinhas plásticas ganham o destino correto: o lixo. Iguatemi confessa ser viciado no que faz, mas deseja um emprego fixo.
1736

ano do objeto mais antigo achado por Iguatemi, uma moeda

63m

profundidade alcançada pelo detector de metais usado pelo caçador de tesouros

10m

profundidade alcançada por Iguatemi no mergulho

25

moedas antigas foram localizadas pelo caçador

“Queria ir para o mar como hobby, pois sou fascinado pelo ouro desde criança. Sonhava com aqueles garimpeiros em Serra Pelada. O que ganho hoje é uma incógnita”, desabafa. Morador de uma casa simples em Ipojuca, a vida do caçador de tesouros não é tão fácil quanto parecem ser seus achados.

Fonte: O Diário
Teresa Maia/DP

Um comentário: