A incrível história de 'Welcome Stranger',maior pepita de ouro já encontrada
Febre do ouro na então colônia britânica da Austrália em meados do século 19 atraiu dois mineiros da Cornualha; eles encontraram peça de 72 quilos, que hoje valeria mais de R$ 11 milhões
150 anos depois, a Austrália relembra a história da descoberta da maior pepita de ouro do mundo.
Dois garimpeiros originários da Cornualha, no Reino Unido, encontraram o imenso pedaço de ouro australiano. Batizada de "Welcome Stranger" ("Bem-vindo Estranho", em tradução livre), a pepita foi encontrada enquanto os dois trabalhavam numa área de mineração na região de Victoria (Austrália), em 1869.
A pedra de ouro pesava 72 quilos e tinha 61 centímetros, de ponta a ponta, quando foi encontrada, logo abaixo da superfície.
Agora, descendentes dos dois mineiros vão se reunir no local onde a pedra foi encontrada. À época, John Deason e Richard Oates receberam pouco menos de US$ 10 mil pela descoberta - o equivalente a cerca de US$ 300 mil hoje.
As comemorações incluem encenações com roupas da época. E uma foto tirada no dia da descoberta foi "recriada" pelos descendentes de Deason e Oates.
"É a grande história de dois camaradas que ficaram instantaneamente ricos. Nos dias de hoje, temos loterias, que transformam pessoas em milionários da noite para o dia. Era algo que simplesmente não acontecia naquela época", diz John Tully, da Sociedade Histórica Goldfields.
Suzie Deason, de 38 anos, pertence à quarta geração de descendentes de John Deason, e continua vivendo no local. "Quando as pessoas ouvem meu sobrenome, sempre perguntam onde está o ouro, ou se eu sou rica. Infelizmente não sou, e nós não temos nenhuma joia feita com o ouro da Welcome Stranger", diz ela.
A pepita foi encontrada na localidade australiana de Moliagul, perto das raízes de uma árvore. Na época, a localidade vivia uma corrida do ouro - e tinha cerca de 11 pubs.
Hoje, Moliagul é um vilarejo rural, sem comércio ou hotéis - apenas com um punhado de casas. Mesmo assim, aficionados e especuladores do ouro continuam indo à região, apelidada de "triângulo dourado".
"As pessoas viajavam até aqui para tentar a sorte. Passavam dias e dias tentando encontrar fortuna. Ainda existem pepitas de tamanho razoável por aqui, mas nada parecido com a Welcome Stranger", diz Suzie Deason.
A história de 'Welcome Stranger'
Na década de 1850, quando a Austrália ainda era uma colônia britânica (conquistaria e independência em 1901), milhares de pessoas viajaram ao então condado de Victoria tomadas pela febre do ouro.
Na década de 1850, quando a Austrália ainda era uma colônia britânica (conquistaria e independência em 1901), milhares de pessoas viajaram ao então condado de Victoria tomadas pela febre do ouro.
Os garimpeiros vieram de todas as partes da Austrália e de outros países, e a maior parte deles nunca fez fortuna.
Obviamente não foi o que aconteceu com os dois garimpeiros vindos da Cornualha, no sudoeste do Reino Unido. A pepita foi encontrada no dia 5 de fevereiro de 1869.
John Deason nasceu na ilha de Tresco, perto da costa da Cornualha. Mudou-se para a cidade de Pendeen com apenas um ano de idade depois que seu pai, um pescador, morreu afogado.
Foi lá que ele conheceu Richard Oates. Ambos aparecem nos registros do censo de 1851 como trabalhadores das minas de estanho da Cornualha.
Deason migrou para a Austrália em 1853, com Oates indo um ano depois. Ambos começaram a vida na Austrália como garimpeiros.
A dupla chegou a Moliagul em 1862. Depois de sete anos lutando para se manter, encontraram ouro.
Numa encosta chamada Bulldog Gully, uma enorme peça de ouro recoberta por quartzo estava enterrada centímetros abaixo da superfície.
"Tentei puxar a pepita para fora da terra com a picareta, mas o cabo quebrou. Então eu usei um pé de cabra para puxar a pepita", escreveu Deason depois.
Os dois levaram a pedra para a cidade de Dunolly, a 20 km de distância do local. A pepita foi pesada pelo banco London Chartered.
"Ficamos felizes que o 'monstro' tenha sido sorteado para homens tão persistentes e trabalhadores", diz um texto sobre o assunto publicado no jornal local de Dunolly.
A pepita foi imediatamente fragmentada - em parte porque era grande demais para as balanças do banco. Infelizmente, foi quebrada antes que fossem feitas fotos ou modelos.
O "registro" que existe é um desenho, feito a partir das memórias dos que viram a pepita. Este desenho deu origem a uma réplica, que está hoje no museu de Dunolly.
Estima-se que, se fosse vendido hoje, a pepita valeria mais de R$ 11 milhões.
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