Uma cuidadosa análise de algumas das esmeraldas mais famosas do mundo mostrou que pedras preciosas também têm histórias secretas. Três das pedras pertencentes à coleção de uma antiga família são originárias da Colômbia, de onde teriam sido retiradas no século XVI e não teriam pertencido, como contava a lenda, a Alexandre, o Grande.
Admirado por mais de 4.000 anos, o verde profundo das esmeraldas tem sido símbolo de imortalidade e juventude. Essas gemas foram admiradas pelos egípcios e romanos: o Imperador Nero observava os gladiadores através de uma lente de esmeraldas. Mas a história de muitas das melhores gemas do mundo freqüentemente se transforma em mitos e é muito difícil de mapear. Isso levou um grupo de pesquisadores da França e da Colômbia a utilizar as mais modernas técnicas para determinar a origem de nove das mais famosas esmeraldas, que cobrem um período da ocupação romana da França até o século XVIII. O estudo envolveu a vaporização de uma porção microscópica de cada uma das pedras com um raio laser e, então, analisar os isótopos de oxigênio que foram liberados.
Composição e temperatura
Isótopos de oxigênio em gemas como as esmeraldas refletem a composição e temperatura dos fluidos que eventualmente se cristalizaram para formar a pedra, assim como a composição e temperatura das rochas que o fluido atravessou em seu caminho antes de sua consolidação como gema. Há uma estreita faixa desses isótopos para cada local onde as esmeraldas foram descobertas ao redor do mundo. Juntamente com outros aspectos mais tradicionais da gemologia, tais como propriedades óticas e a incrustração de outros materiais, os pesquisadores podem usar esses valores dos isótopos para apontar onde a esmeralda "nasceu". Os pesquisadores, liderados por Gaston Giuliani, dos Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento e o Centro de Pesquisas Petrográficas e Geoquímicas, em Vandoeuvre, na França, testaram pedras das principais minas de esmeralda de todo o mundo.
Principais surpresas
Eles descobriram que algumas esmeraldas muito antigas vêm de depósitos supostamente descobertos durante o século XX, mostrando que estas minas eram conhecidas desde o tempo dos romanos. Uma das grandes surpresas foi o número de gemas das minas colombianas. Estas esmeraldas somente foram comercializadas mundialmente após a invasão espanhola da América Latina, no século XVI. E mais, três das quatro maiores esmeraldas analisadas da coleção da família indiana Nizam, supostamente vindas de minas asiáticas perdidas, vieram realmente da Colômbia e não, como conta a lenda, de Alexandre, o Grande (ao redor do ano 300 A.C.).
Os pesquisadores agora planejam aplicar as mesmas técnicas para estudar os rubis. "Este tipo de análise era inicialmente uma pequena parte do nosso trabalho", disse Giuliani. "Mas vimos que, como geólogos trabalhando com gemas e gemólogos, nós podemos dar uma contribuição para o estudo do comércio e da história humana."
Fonte: jornal Science.
Nenhum comentário:
Postar um comentário