quarta-feira, 30 de junho de 2021

Dólar supera R$5,00 com ruídos domésticos e cautela internacional em dia de Ptax

 

Moedas1 hora atrás (30.06.2021 10:51)
Dólar supera R$5,00 com ruídos domésticos e cautela internacional em dia de Ptax© Reuters. Cautela internacional e ruídos domésticos elevam dólar em dia de Ptax; moeda caminha para perda mensal 03/11/2009 REUTERS/Rick Wilking

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar subia acentuadamente e chegou a superar a marca psicológica de 5 reais na manhã desta quarta-feira, dia que deve contar com volatilidade devido à formação da Ptax de fim de mês, enquanto os operadores monitoravam ruídos políticos domésticos e a aversão a risco no exterior.

Apesar da alta nesta manhã, a moeda norte-americana caminhava para fechar junho em queda frente ao real, o que marcará seu terceiro mês consecutivo de desvalorização.

Às 10:40, o dólar avançava 1,10%, a 4,9974 reais na venda, enquanto o dólar futuro trabalhava em alta de 0,93%, 5,002 reais.

Na máxima do pregão, a moeda foi a 5,0122 reais na venda.

No radar dos investidores brasileiros, "enquanto as incertezas quanto à reforma tributária seguem tirando fôlego dos ativos locais, a nova acusação de corrupção contra o governo na compra do imunizante da AstraZeneca (NASDAQ:AZN) (SA:A1ZN34) promete manter tensões elevadas em Brasília", disse em nota Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos.

O Ministério da Saúde anunciou na noite de terça-feira a exoneração do servidor Roberto Ferreira Dias, acusado de pedir propina a um representante de uma empresa vendedora de vacinas para que a companhia assinasse um contrato de fornecimento do imunizante da AstraZeneca com o governo federal.

Segundo especialistas, a notícia representa escalada nas investigações da CPI da Covid-19 no Senado. "A CPI ajuda a fragilizar a situação do Executivo", escreveu em blog Dan Kawa, CIO da TAG Investimentos. "As propostas de reformas vindas do Executivo devem 'custar mais caro' politicamente, assim como sua posição política perante a sociedade fica mais fragilizada à medida que o tempo passa."

Além do fator político, vários analistas chamavam a atenção para a briga entre comprados e vendidos na formação da Ptax de fim de mês nesta quarta-feira, que tende a elevar a volatilidade no dia.

Já no exterior, o foco dos investidores internacionais estava na disseminação da variante Delta do coronavírus, mais infecciosa. Indonésia, Malásia, Tailândia e Austrália estão enfrentando surtos e apertando as medidas contra a Covid-19, enquanto Espanha e Portugal anunciaram restrições para turistas britânicos não vacinados.

Ao mesmo tempo, os mercados aguardavam ansiosamente dados sobre a criação de empregos fora do setor agrícola nos Estados Unidos, que podem fornecer pistas sobre o futuro da política monetária do Federal Reserve. Este mês, os investidores foram surpreendidos por uma guinada "hawkish", ou dura com a inflação, na perspectiva de juros do banco central norte-americano.

Dados separados, menos abrangentes, desta quarta-feira mostraram que a criação de vagas de trabalho no setor privado dos EUA aumentou de forma sólida em junho.

índice do dólar contra uma cesta de moedas subia levemente no exterior, sendo negociado em patamares altos e caminhando para registrar forte ganho mensal.

JUNHO DE PERDAS

Apesar dos ganhos acentuados desta quarta-feira, a moeda norte-americana à vista caminhava para encerrar o mês de junho em queda de 4,5% contra o real. Essa seria sua maior desvalorização mensal desde novembro de 2020 (-6,82%), e marcaria o terceiro mês seguido de perdas.

No segundo trimestre do ano, a queda acumulada do dólar é de cerca de 11,4%. A divisa dos EUA deve registrar seu pior trimestre contra o real desde o período de abril a junho de 2009 (-15,80%).

Para Tulio Portella, diretor comercial da B&T Corretora, um dos principais fatores de pressão para o dólar tem sido a esperança de alívio da pandemia no mundo, apesar das novas variantes de coronavírus, principalmente devido ao ritmo de imunização das populações e ao início de reabertura de várias economias importantes.

Além disso, ele explicou à Reuters que o ciclo de aperto monetário por parte do Banco Central do Brasil tem ajudado o real -- a taxa básica de juros Selic está em 4,25%, depois da terceira alta consecutiva de 0,75 ponto percentual.

"Aumentando os juros, a gente tende a atrair uma maior atenção dos grandes 'players' do mercado, levando à entrada de divisas estrangeiras no Brasil", afirmou.

"Ao mesmo tempo, temos taxas de juros baixas (nos Estados Unidos) e uma maior estabilização do mercado como um todo", o que colabora para o apetite por risco.

Com esse cenário em mente, a B&T projeta o dólar a 4,50 reais no final de 2021.



Fonte: Reuters

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