Usando uma modalidade inédita de negociação, ele conseguiu transferir a quantia para uma rede de fast-food sem prejuízos
WALLACY FERRARI PUBLICAD
As correções monetárias feitas nas moedas do mundo inteiro geram situações que, numericamente, chamam a atenção pela distorção que fatores como a inflação causa.
Em estimativa da corretora GoBankingRates, por exemplo, 100 dólares na década de 1950 poderia compra uma máquina de lavar, seis pares de sapatos, 70 cartelas de cigarros ou uma bicicleta — bem distinto do que o atual valor de mercado dos 100 dólares.
Tais fatores motivam diariamente a migração de pessoas para as criptomoedas; sem a produção de uma casa da moeda estatal e com a ausência de agência reguladora e tributária, o crescimento delas se deu, principalmente, pela demanda, especulação e até mesmo desconhecimento em torno de seu funcionamento que, apesar de apresentar uma crescente e acelerada valorização, ainda não se faz presente em todas as operações de comércio.
Com isso, a distorção em seu crescimento também resultou em algumas situações bizarras; em âmbito de comparação, a CBNC fez uma estimativa de que, em 2011, um bitcoin chegou a valer um dólar, bem diferente dos US$ 58,6 mil na atual cotação da moeda, dez anos depois. Dessa maneira, algumas comparações históricas da criptomoeda resultaram em uma inusitada compra.
A criptopizza
No início de 2010, a rede americana de pizzarias Papa John's anunciou que começaria a aceitar bitcoins para comprar os produtos de algumas unidades selecionadas. Tal oportunidade despertou interesse no investidor amador Laszlo Hanyecz, que desde o ano anterior, já acumulava certo valor da moeda por mineração e transações, porém, não havia registros oficiais de uma operação comercial usando a criptomoeda.
No dia 22 de maio daquele ano, o cliente consumou o fato e comprou duas pizzas pelo então valor de 10 mil bitcoins, publicando uma foto com os filhos e as pizzas em um fórum de investimentos.
Na época, a cotação da principal criptomoeda do mundo não completava um centavo de dólar, sendo cerca de US$ 0,004, tendo de multiplicar o valor por dez mil, de maneira que atingisse US$ 40, o valor das duas pizzas, como relatou o índice de mercado Nasdaq.
Se Hanyecz tivesse guardado o valor da pizza até hoje, onze anos depois, teria mais de US$ 570 milhões (aproximadamente R$ 3,16 bilhões) e figuraria a lista de homens mais ricos do mundo. A origem que o Papa John’s deu ao valor é desconhecida, mas para comprar as mesmas pizzas, valendo os mesmos US$ 40, o homem teria de desembolsar apenas 0,00068 BTC.
Símbolo de virada
O episódio foi responsável por promover a abertura comercial da criptomoeda, se tornando um símbolo midiático e, principalmente, aos adeptos do bitcoin, que usam o dia como uma referência.
Por mais que o valor tenha multiplicado em uma fração impressionante de valorização, alguns grupos de investidores amadores e profissionais celebram em redes sociais o "Bitcoin Pizza Day" anualmente no dia em que Hanyecz comprou na rede de fast food.
No Twitter, um perfil (@bitcoin_pizza) foi criado e é atualizado diariamente com a cotação atual do valor das pizzas, mostrando também a porcentagem da valorização em relação ao dia anterior. No Brasil, o feito se tornou referência até mesmo em um funk; em 2017, o MC Xandynho incluiu no refrão da música "Moedas Digitais": "A moeda que comprava pizza hoje em dia compra até aviões".
Em 2018, o principal portal de criptomoedas no mundo, CoinTelegraph, entrevistou Laszlo e perguntou sobre a operação e sua popularização. De acordo com o investidor, ele não se arrepende de ter pago um valor tão valorizado atualmente por ter ajudado a construir a história inicial do bitcoin, possibilitando que outras pessoas fizessem isso.
Fonte: AH/UOL
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