Por José de Castro
SÃO PAULO (Reuters) -O dólar anulou as perdas de mais cedo e fechou em apenas alta numérica nesta sexta-feira, mas suficiente para renovar a máxima em seis meses, com um aumento da busca por segurança no fim da tarde dando fôlego à moeda norte-americana antes da aguardada decisão de juros nos EUA da próxima semana.
O dólar ficou praticamente estável no encerramento do pregão à vista, com ligeira valorização de 0,02%, a 5,4976 reais. É o maior patamar para fechamento desde 24 de janeiro (5,5070 reais).
Mesmo terminando no zero a zero, a tônica do dólar foi mais forte na segunda metade da sessão, já que a moeda veio de queda de 1,11%, a 5,4357 reais, na mínima de mais cedo. Na máxima, alcançou 5,5052 reais, ganho de 0,16%.
A moeda foi beneficiada por fluxos de segurança conforme Wall Street passou a ser alvo de vendas e os rendimentos dos títulos do Tesouro norte-americano --a classe de ativos mais segura do mundo-- caíram, num claro aumento de procura por refúgio após uma leva de dados fracos em todo o mundo que endossaram temores de recessão.
Esses receios podem se acentuar a depender das sinalizações para a política monetária a serem emitidas pelo banco central dos EUA na próxima quarta-feira. A expectativa atual é de alta de 0,75 ponto percentual na taxa de juros --chegou a ser de 1 ponto--, mas a inflação persistentemente elevada mantém investidores com um pé atrás.
"O contínuo agravamento das condições globais continuará prejudicando o real", disseram Leonardo Porto, Paulo Lopes e Thais Ortega, em relatório do Citi, vendo possibilidade de aumento das incertezas relacionadas à política fiscal à medida que se aproximam as eleições presidenciais.
"Portanto, esperamos dólar de 5,42 reais até o fim do ano de 2022", disseram, ante projeção anterior de 5,25 reais.
Na semana, o dólar subiu 1,70%, deixando o real na terceira pior colocação num grupo de sete divisas emergentes no período. Nas últimas oito semanas, a moeda apreciou em sete, totalizando ganhos de 16,02%.
Em julho, o dólar salta 5,09% ante o real, também o terceiro pior desempenho, reduzindo as perdas no ano para apenas 1,36%.
(Edição de Bernardo Caram)
Fonte: Reuters
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