A pedra preciosa embala o sonho de alguns brasileiros. O trabalho exige sacrifício. Tem gente que abandona tudo para tentar vencer.
Carnaíba, município de Pindobaçu, na Bahia, é um vilarejo que atrai garimpeiros do Brasil inteiro e endereço de uma das maiores reservas do país da mais cobiçada pedra verde. É a terra das esmeraldas.
São cerca de 70 garimpos nas terras de Carnaíba. Os mais rasos têm 50 metros de profundidade. Alguns já chegaram a 300 metros.
“Esse tem 200 metros, mas ninguém despencou daqui. Tem 20 garimpeiros lá embaixo”, comenta Noel Almeida, dono de um garimpo.
A vida por um fio, um cabo de aço e um cinto de borracha. Este é o único transporte para se chegar ao esconderijo das esmeraldas. É tão profundo que não dá para ver onde acaba. São cinco minutos descendo o abismo e uma eternidade para quem não está acostumado.
Nesse estranho mundo subterrâneo, o homem desconhece o medo e se entrega ao exaustivo trabalho braçal. O sonho desses aventureiros é, num piscar de olhos, encontrar a sorte.
Já são 47 anos de exploração, e as pesquisas indicam que os garimpeiros ainda não extraíram 10% de todo o volume de esmeraldas concentrados na região. Lá embaixo, não há estudo geológico. É pela experiência que eles descobrem o caminho das pedras.
“A gente descobre que está rumo às esmeraldas quando pega um material preto, que é o cromo. Ele indica que tem esmeralda, que ela está perto”, comenta um garimpeiro.
Perto e muito arriscado – eles furam a rocha e enchem os buracos com dinamite.
“São cem detonações por dia”, calcula um garimpeiro.
Nem na hora do fogo, eles sentem medo. Ficam a 10 ou 15 metros, no máximo, do local da explosão. É assustador. A impressão é de que as galerias vão desabar.
Cerca de 50 garimpeiros já morreram em Carnaíba, mas nenhuma estatística é capaz de abalar o desejo de ficar rico de repente. Muita pedra vem abaixo. Pelas evidências, os garimpeiros estão diante de um futuro milionário.
“Não falei? Abaixo do material preto, tem esmeralda. É muita alegria. Sinal de que estou ficando rico”, comenta um garimpeiro.
Tem garimpeiro que abusa da sorte. Francisco José Campo não pode se queixar. Já achou esmeralda suficiente para nunca mais voltar ao garimpo.
“Achei que estava rico, mas voltei porque gastei tudo”, diz Francisco.
O que é lixo para uns é dinheiro para muitas famílias. No cascalho jogado fora ou nos arriscados porões das jazidas, o mundo das pedras preciosas é um labirinto de incertezas. Uma aventura que desafia a coragem do homem.
“Isso tudo é esmeralda. Dá para ganhar um dinheiro”, comenta a dona-de-casa Maria de Lourdes de Jesus.
Fonte: CPRM/DNPM
Nenhum comentário:
Postar um comentário