Abertura legal de novos pontos de garimpo cresceu consideravelmente nos últimos 10 anos, segundo estudo do Instituto Escolhas
atualizado
O garimpo na região amazônica tem se intensificado nos últimos 10 anos. Segundo o estudo “Abrindo o livro caixa do garimpo”, divulgado pelo Instituto Escolhas nesta sexta-feira (16/6), a estimativa de receita de apenas uma balsa de garimpo de ouro nos rios da Amazônia é de R$ 1,16 milhão ao mês.
Com o pagamento das pessoas que trabalham no garimpo de balsa, o responsável pela extração de mineral tem um lucro de aproximadamente R$ 632 mil.
O investimento inicial para abrir, de maneira legal, uma unidade de garimpo de balsa na Amazônia é de R$ 3,3 milhões, de acordo com a pesquisa. O montante é necessário para compra de máquinas e equipamentos usados na atividade predatória no maior bioma brasileiro.
O estudo analisou dados do garimpo de balsa, que acontece nos rios, e o garimpo de baixão, realizado em terra, em áreas próximas ao leito dos afluentes.
Para chegar aos valores médios foi considerado uma balsa grande, com 18 garimpeiros e duas cozinheiras. Nas operações de baixão, foram incluídos no cálculo o operador da retroescavadeira e as horas das máquinas.
O levantamento mostrou que o faturamento mensal para o garimpo de baixão é de R$ 930 mil, enquanto o lucro fica em torno dos R$ 343 mil mensais. Entre os gastos contabilizados pelos pesquisadores aparecem despesas com combustível, internet e mercúrio, além da remuneração dos garimpeiros e das cozinheiras.
“Os garimpos são empreendimentos com alto investimento e uma renda considerável, mas beneficiados por uma legislação que faz poucas exigências para autorizar as operações e que não atrela ao garimpo a responsabilidade de recuperar as áreas devastadas e contaminadas pelo mercúrio. Aí, reside o interesse em seguir mantendo a aura artesanal do garimpo, que já não é realidade há muito tempo”, alerta Larissa Rodrigues, gerente de portfólio do Escolhas.
Além disso, o estudo também destaca que desde 2012, o garimpo de baixão ganhou ainda mais força com o uso de retroescavadeiras para extração de minérios. “Antes, eram necessários 30 dias de trabalho para derrubar a floresta e abrir uma área de garimpo. Hoje, as retroescavadeiras fazem isso em uma semana”, afirma Rodrigues.
A expansão do garimpo traz consigo também uma série de impactos sociais e ambientais, como a destruição de florestas nativas, danos à saúde de comunidades que moram nas proximidades dos locais de exploração e a invasão de terras indígenas, como o que aconteceu com o povo Yanomami, em Roraima.
Confira o avanço do garimpo nos últimos anos:
Para tentar conter o avanço do garimpo na Amazônia, o estudo do Instituto Escolhas apresentou algumas medidas que podem ser adotadas para evitar o aumento da destruição da vegetação nativa da região.
Entre elas, está a criação de um teto para uma produção mineral em garimpos e, a partir dele, estabelecer a migração obrigatória para o regime de concessão de lavras. Também destaca a necessidade de trabalhos de pesquisa mineral para aproveitamento econômico.
Fonte: METRÓPOLIS
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