A incrível história da Esmeralda Bahia
Uma pedra esmeralda de cerca de 400 quilos, retirada da Serra da Carnaíba, na Bahia, passou anos trancada um cofre localizado em Los Angeles, no estado norte-americano da Califórnia. O tamanho da pedra é mais ou menos o de um frigobar. A grande questão é que ninguém sabia quem era o seu dono.
A história cinematográfica da Esmeralda Bahia envolve mentiras, traições, e até um furacão. A pedra foi encontrada em 2001 no povoado da Marota, na Bahia, e foi avaliada em cerca de US$ 400 milhões — aproximadamente R$ 1,9 bilhão.
O governo brasileiro entrou na briga pela posse da pedra desde 2011, alegando que a esmeralda teria sido extraída ilegalmente no território brasileiro e contrabandeada para os Estados Unidos. Em 2014, a Advocacia Geral da União (AGU) tentou interromper o julgamento sobre a pedra. A disputa colocada pelo governo era contra uma empresa americana chamada FM Holdings.
Quem vendeu a Esmeralda Bahia?
(Fonte: El País)
A AGU contratou um advogado americano para intervir na corte que julga o processo. O objetivo era defender os interesses brasileiros e "repatriar" a pedra. Mas como ela foi parar nos Estados Unidos?
A história dessa pedra, segundo a AGU, envolve o comércio ilegal de bens minerais entre os países. O diretor substituto do Departamento Internacional da AGU, Marconi Costa Melo, chegou a afirmar que "essas vendas acontecem sem nenhuma titularidade e os valores que são colocados são bem irrisórios". Por isso, a disputa pela esmeralda tinha também o objetivo de servir de exemplo e coibir este tipo de prática.
Há pelo menos três versões sobre a venda da pedra. A primeira delas é contada por Darcy Carvalho, um comerciante de pedras preciosas em Campo Formoso, na Bahia. Ele teria comprado a Esmeralda Bahia por 10 mil reais e a vendido por 45 mil.
A segunda versão, investigada pela justiça americana, é a dos comerciantes brasileiros Elson Ribeiro e Ruy Saraiva Filho. Ribeiro alega que a pedra pertencia à sua família, e que, de suas terras na Bahia, ela teria sido levada para São Paulo, onde foi vendida para o americano Anthony Thomas. A compra teria saído por cerca de 190 mil reais, mas a pedra nunca foi entregue na Califórnia, conforme o combinado.
A intermediação desta venda havia sido feita por outro americano, chamado Keneth Conetto. Segundo Thomas, que alegava ser o dono da pedra, Keneth teria dito que a pedra havia sido roubada durante o trajeto do aeroporto internacional de Viracopos, em Campinas.
O Furacão Katrina entra na história
(Fonte: UOL)
Depois de desaparecer, a pedra teria sido levada para Nova Orleans, onde se perderia em 2005, por conta do furacão Katrina. Ela estava trancada em um cofre que foi inundado, o que deixou a pedra presa no subsolo. Posteriormente, ela foi resgatada por mergulhadores e roubada por mafiosos, que a levaram para Las Vegas.
Em 2008, a pedra foi descoberta em Vegas por dois detetives americanos, Mark Gayman e Scott Miller. Segundo os policiais, por ter sido reivindicada por várias pessoas e empresas, ela foi deslocada para Los Angeles. Foi aí que Anthony Thomas, o suposto comprador, viu a notícia da pedra apreendida e desconfiou que pudesse ser a sua Esmeralda Bahia. Ele começou a acusar o ex-amigo Keneth Conetto de ter sumido com a pedra e ter queimado a sua casa, o que levou à destruição de um documento que comprovaria a sua propriedade.
Havia, por fim, uma terceira versão que foi investigada pela justiça americana, relatada pelos sócios da FM Holdings. Eles alegaram ter comprado a Esmeralda Bahia em 2009, em Las Vegas.
De quem é a pedra?
(Fonte: Pedras Preciosas)
Em 2015, a disputa da pedra foi resolvida e, infelizmente, o Brasil não foi o vencedor. A justiça americana decidiu favoravelmente à FM Holdings, encerrando assim a odisseia da Esmeralda Bahia.
Independente do resultado deste julgamento, e do fato de que não conseguimos recuperar um tesouro nacional, uma coisa é certa: sua história é tão maluca que daria um bom filme.
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