domingo, 16 de junho de 2013

Variedades de Quartzo encontradas na Bahia

Variedades de Quartzo encontradas na Bahia

O Silício é um elemento caracterizado como semi-metálico, pertencente ao grupo do Carbono. Muito raramente aparece nativo na natureza, não combinado com outro(s) elemento(s), ocorrendo assim quase que somente em algumas exalações vulcânicas muito localizadas.
Imagem de Silício nativo:
Fonte desta imagem:http://www.galleries.com/Silicon

Sua tendência é formar combinações derivadas da sua ligação constante com o Oxigênio, basicamente configurada na fórmula química SiO2, isto é, óxido de silício.
Esta é a fórmula do mineral denominado Quartzo. Sua cristalização se dá em torno de 300oC, podendo aparecer desde em elevada pureza até nas mais ricas variedades. E praticamente todas as variedades de quartzo são encontradas na Bahia.
As principais aparecem no mapa abaixo:
Mapa produzido por Monica Correa, em sua dissertação de Mestrado, em 2010
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A organização das moléculas do Quartzo se dá segundo o sistema trigonal, gerando um prisma hexaédrico com terminações piramidais. Abaixo, a imagem de um modelo da organização das suas moléculas, que conduz à sua forma mais comum.
Imagem extraída da dissertação de Monica Correa (2010), retirado de Akahavan (2005)
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O SiO2 pode se cristalizar de duas maneiras. Uma macrocristalina, que é aquela na qual vemos os cristais claramente, incluindo–se aí tipos como cristal de rocha, ametista, citrino, fumê, dentr outros. A outra maneira é a micro cristalina, que é aquela em que os cristais são invisíveis ao olho nu. Nesta incluem–se as variedades como ágatas, ônix, jaspe, calcedônia, dentre outras.
O principal fator que determina se será uma cristalização macro ou micro é a Temperatura. Se temos temperaturas acima de 150°C, estamos no domínio da macrocristalização. Abaixo, predominam as microcristalizações. Outros fatores favoráveis à macrocristalização são baixas concentrações de silício em soluções aquosas e a presença de eletrólitos nestas mesmas soluções.
Outros fatores favoráveis à microcristalização são altas concentrações de solício em soluções aquosas, ausência de eletrólitos e água.
O quartzo, mineral formado pelos dois elementos mais abundantes na Crosta Terrestre, tornou-se o mineral mais abundante. Aqueles que o colocam em segundo lugar, após o "mineral feldspato" cometem um erro crasso. Afinal, feldspato não é um mineral, mas um grupo ou família de minerais que inclui 10 minerais muito frequentes e alguns outros menos presentes.
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Formas Macrocristalinas
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- Cristal de Rocha - O SiO2 macrocristalino pode se tornar, caso incolor, transparente, livre de impurezas, o Quartzo puro, também reconhecido como Quartzo hialino ou Cristal de Rocha. O maior cristal localizável atualmente na Bahia encontra-se no Museu Geológico da Bahia, medindo 1,2 metro de comprimento.

Cristal de Rocha - Museu Geológico da Bahia - 1,2metro de comprimento
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Drusa de Cristal de Rocha - Garimpo Bojo do Ioiô - Brotas de Macaúbas

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A composição, basicamente formada pelos íons Silício e Oxigênio, exibe, entretanto, a presença constante de Al+++, Fe+++, OHe H2O. como Impurezas, que ocasionalmente substituem o Silício, conduzindo a desequilíbrio químico. Em função disto, íon Li+, Na+, Ke Hadentram como “compensadores”. Este complexo conduz às muitas variedades de cores do Quartzo.

Quartzo leitoso - Sua cor branco ou esbranquiçada e opacidade são conferidas por inclusões fluidas microscópicas.

- Ametista - É a variedade de quartzo caracterizada pela cor roxo. Já houve tempo em que se pensou que sua cor se devesse à presença de impureza de Manganês. Atualmente, a maior parte dos autores entende que esta cor se deve à presença de Fe+++, isto é, Ferro com valência +3, que adentra a fórmula substituindo o Si++++.
A cor está associada à transferênca de carga entre Fe+++ e O--, formando–se  Fe++++ , que é o causador da cor. Segundo Berthelot (1906, in Monica Correa, 2010), a troca é que dá origem à cor. Entretanto há outros contribuintes para a cor, como a água intramolecular. Se a cor violeta a roxa se deve à presença deste elemento, sua intensidade não se deve a ele.

Ametista - Campo Formoso

- Quartzo Citrino, verdadeiro Citrino ou Citrino natural - É uma variedade de cor amarelada, para alguns autores devida à presença Fe+++, isto é, Ferro com valência +3, que adentra a fórmula substituindo o Si++++ e/ou de partículas associadas de Fe2O3 em tamanho de cerca de 100nm. Monica Correa aponta como causa da cor a presença de Al+++ na estrutura, substituindo Si++++, provocando um desequilíbrio iônico que é compensado por H+ e Li+.

Fonte desta imagem: http://crystalmoonfeather.multiply.com/journal/item/37
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- O Quartzo falso Citrino, Falso Citrino ou Ametista queimada - É uma variedade devida à presença Fe+++, isto é, Ferro com valência +3, que adentra a fórmula substituindo o Si++++ e/ou de partículas associadas de Fe2O3 em tamanho de cerca de 100nm, nos cristais, os quais, submetidos a temperatura próxima a 500oC, tem sua cor original, ou seja, roxo, alterada para laranja amarelado a avermelhado.
Se a temperatura é entre 450 e 500oC, a cor tenderá ao amarelo claro. Se a temperatura permanecer entre 550 e 600oC a cor será um amarelo escuro a amarronzado. Monica Correa, em sua dissertação, aponta que a transformação que provoca a mudança de cor é que, com o aquecimento, o Fe+++ presente como impureza passa a Fe++.

A transformação pode ser revertida e a peça se tornar de novo uma Ametista, isto é, chegando à cor roxo, se a peça for bombardeada com raios-X ou partículas alpha, trabalhando-se com ionização.

Quartzos falsos citrinos em duas variedades de cor, em função da concentração de Fe+++ e/ou da temperatura de queima


Quartzo bicolor produzido pelo aquecimento de uma ametista em apenas um dos seus lados.


- Ametrino ou Bolivianita - É uma variedade de Quartzo bicolor, contendo porções de Ametista e de Ametista queimada naturalmente. Está provavelmente relacionado à chegada de calor posterior à formação das ametistas, provocando um reaquecimento ou requeima que não conseguiu cumprir a modificação em todo o exemplar. Ocorre nas regiões de Brejinho das Ametistas e Jacobina.


Fontes desta imagem: http://www.sanarconcristales.com.ar/fotos2.html http://www.joyeriaetnica.com/item/jga/ametrino-(bolivianita) http://terapiadosolfontedecura.blogspot.com.br/2011/02/beneficios-do-reiki-e-da.html

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- Prasiolita - É uma variedade também produzida artificialmente a partir da queima da Ametista entre 400 e 500oC. A diferença , em relação ao "falso citrino", é que passa a ter cor verde-maçã. Isto se deve e só é possível se a ametista original for rica em Fe+++ e Al+++ e muito pobre em H2O Alguns autores preferem indicar, em vez da queima, uma irradiação abundante com radiação gama, com posterior exposição aos raios ultravioletas do sol, por cerca de três dias, ou de lâmpadas ultravioletas, produzindo um material com verde mais firme e homogêneo.
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- Quartzo Rosa ou Róseo translúcido - tem sua cor devida à presença de Ti+++, que pode se oxidar, por radiação ionizante, passando a Ti++++, que substitui ions Fe++ nos interstícios. A presença deste tipo de inclusão responde pela sua cor e pelo seu "aspecto enevoado". É expressa, geralmente, através do mineral Rutilo. Alguns autores acreditam que o mineral Dumortierita presente contribui para que esta cor rosa seja apresentada.
O Quartzo rosa mantém sua cor sem desbotamento até temperaturas próximas a 575°C
Entretanto, há autores que, apesar de perceberem o papel do titânio, não descartam haver influência do Manganês. Alguns autores apontam que a presença de P+++++ é o elemento decisivo para a afirmação da cor rosa neste mineral. .

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- Quartzo Rosa ou Róseo transparente ou com transparência desenvolvida - tem sua cor provavelmente relacionada à presença de átomos de fósforo, na proporção de cerca de 120 para cada milhão de átomos de silício, em ausência de titânio.

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Quartzo hematóide - É uma variedade avermelhada a amarronzada, que deve esta cor à presença de FeO(OH), que se compõe de Fe2O3 (90%) e H2O (10%).
Quartzo hematóide - Ibitiara
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- Quartzo Verde ou Prásio - Para alguns autores tem sua cor originada da presença de íons ions Fe++ em sítios octaédricos intersticiais do quartzo. Este é responsável por "duas bandas de absorção, centradas em 741nm e 950nm, as quais, juntamente com a absorção em pequenos comprimentos de onda do quartzo contendo ferro, definem uma janela de transmissão na região verde do espectro". Para outros autores, o teor de Ferro é baixíssimo, devendo-se a cor ao alto teor de água ou hidroxila na estrutura do mineral.
Este mineral desbota se for levado a temperaturas entre 150 e 200oC.

Quartzo verde - Jacobina

Atualmente, através da irradiação de cristal-de-rocha tem-se, com material da região de Macaúbas, se conseguido quartzo verde e quartzo fumê.
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Quartzo Azul - A cor azul natural é provocada por impurezas de rutilo, ilmenita e crocidolita, dumortierita, inclusões fluidas ou de turmalina azul.

Quartzo azul - Oliveira dos Brejinhos
Fonte da imagem: http://vidaempaz.files.wordpress.com/2012/02/quartzo_azul2.jpg

O Quartzo azul artificial é produzido com aquecimento a 350 a 450°C ou irradiação com raios gama.
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- O Quartzo fumê - tem sua cor originada, para alguns estudiosos, da presença do elemento Silício (Si) intersticial livre, para outros da presença de "alumínio em solução sólida substitucional na estrutura da sílica cristalina". É relacionado através de concentrações de "alguns milhares de átomos de alumínio para cada milhão de átomos de silício", em que "íons Al+++ substituirão íons Si++++". Assim, teremos um desequilíbrio iônico, que é compensado por um cátio de H+, Li+ ou Na+. A cor se origina de uma radiação natural do quartzo em presença destas impurezas. Este se desenvolve especialmente a partir do jogo iônico Al–Li.
Sua temperatura de formação, para que se torne um Quartzo fumê, está entre 150 e 200oC, 

Quartzo levemente fumê - Brotas de Macaúbas
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Quartzo fumê algo mais escuro - Brotas de Macaúbas

Inclusões muito finas de rutilo no quartzo fumê podem provocar a presença de asterismo.
Asterismo em quartzo fumê.
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- O Quartzo morion ou simplesmente Morion - é um caso especial do Quartzo fumê, com uma concentração muito maior de impurezas, tornando-o muito escuro.

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- O Quartzo rutilado e cabeleira de vênus - é o cristal de quartzo que exibe inclusões de rutilo, caracterizadas por serem aciculares, ist é, muito finas. Se sua abundância não é muita, chamamos Quartzo rutilado. Se há uma quantidade muito expressiva, é chamado Cabeleira de Vênus.
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Quartzo rutilado.
Fonte desta imagem:http://brazilis.loja2.com.br/457118-Quartzo-Rutilado-Pedra-Preciosa-Mineral-Rutil-Quartz-Gems
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Quartzo fumê rutilado
Fonte desta imagem: http://www.mineralminers.com/images/rock-crystal/hand/rkxh237.jpg
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Quartzo fumê rutilado, de Brotas de Macaúbas.

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Cabeleira de Vênus
Cabeleira de Vênus
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- O Quartzo fantoma - tem impurezas interiores de dimensões maiores. Estas, muitas vezes, marcam o crescimento do cristal, destacando-o, tornando-o mais claro.
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Quartzo fantoma devido à presença do mineral clorita no seu interior.
Fonte desta imagem:http://www.alvimstones.com/product.php?id_product=36
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Quartzo fantoma devido à presença do mineral actinolita no seu interior.
Fonte desta imagem:http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-205244177-actinolite-no-quartzo-translucido-_JM
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Quartzo fantoma devido provavelmente à presença de bolhas de ar no seu interior.
Fontes desta imagem:http://cristaisgayatri.wordpress.com/cristais/quartzo/ e http://www.mineralminers.com/html/rkxspdc.stm
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Quartzo fantoma devido provavelmente à presença de bolhas de ar no seu interior.

sábado, 15 de junho de 2013

Rio Tinto anuncia descoberta de diamante rosa de quase 13 quilates

Rio Tinto anuncia descoberta de diamante rosa de quase 13 quilates

Segundo a gigante da mineração, essa é a pedra mais rara e preciosa encontrada até agora na Austrália

AFP
Diamante rosa
A pedra bruta de 12,76 quilates foi encontrada em uma mina de diamantes explorada pela Rio Tinto na região de Kimberley
Sydney - A gigante anglo-australiana da mineração Rio Tinto anunciou nesta quarta-feira a descoberta de um diamante rosa "notável", de quase 13 quilates, que apresenta como a pedra mais rara e preciosa encontrada até agora na Austrália.


Batizada de Argyle Pink Jubilee (Jubileu Rosa Argyle), a pedra bruta de 12,76 quilates foi encontrada em uma mina de diamantes explorada pela Rio Tinto na região de Kimberley (oeste).
"Um diamante deste calibre não tem precedente na Austrália", declarou Josephine Johnson, da divisão Argyle Pink Diamonds.
"Esperamos 26 anos para extrair esta pedra e talvez não voltemos a ver outra semelhante", completou.
A pedra, cujo nome é uma referência ao jubileu de diamante da rainha Elizabeth II, chefe de Estado da Austrália, tem um tom rosa claro, parecido com o Williamson Pink (24 quilates) oferecido à soberana em seu casamento com o duque de Edimburgo em 1947.
O Williamson foi descoberto no mesmo ano na Tanzânia.

Diamante rosa é leiloado por quase US$ 40 milhões em NY

Diamante rosa é leiloado por quase US$ 40 milhões em NY

A pedra preciosa foi encontrada em uma antiga mina de diamantes do sul da Índia e pertenceu a vários membros da realeza

AFP
Diamante rosa
Diamante rosa: a gema também é chamada de "Diamante Princie"
Nova York - Um diamante rosa de 34,64 quilates foi vendido em um leilão em Nova York por 39.232.750 dólares, um novo recorde para a casa Christie's.


A gema, também chamada "Diamante Princie", é um dos "maiores diamantes rosa e de melhor qualidade do mundo com uma procedência fabulosa", declarou antes da venda François Curiel, diretor do departamento de joalheria da Christie's.
Um comprador anônimo que participou no leilão por telefone pagou 39.232.750 dólares, ou seja, mais de um milhão de dólares por quilate, por esta pedra preciosa encontrada em uma antiga mina de diamantes do sul da Índia, segundo a casa de leilões.
Este diamante rosa pertenceu em um período à família real de Hyderabad, e desde 1960 era propriedade da sucursal londrina da Van Cleef & Arpels.
A exclusiva empresa de joias havia pago inicialmente 46.000 libras esterlinas pelo diamante, o equivalente a 1,3 milhão de dólares atuais, segundo a Christie's.
No total, os compradores pagaram mais de 80 milhões de dólares pelas joias leiloadas em Nova York, incluindo quase 4,5 milhões de dólares por um diamante de 30,32 quilates de cor D e corte retangular, além de 3,3 milhões por um anel de diamante elaborado pela casa Harry Winston.
O recorde da Christie's por um diamante era de 24,3 milhões de dólares, por uma peça de 31 quilates Wittelsbach em 2008.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Joia que vale ouro

Joia que vale ouro

Metais e diamantes são negociados em bolsa e mostram-se bons investimentos

Ana Brandão, da
VOCÊ S/A
Mercado de diamentes
São Paulo - Sinônimo de glamour e status, as verdadeiras joias também têm a missão de preservar o patrimônio das famílias. Feitas de pedras e metais preciosos, essas peças atravessam séculos sendo exibidas por homens e, principalmente, por mulheres, sempre com a garantia de que alguém vai se interessar em negociá-las. As joias também ganham valor afetivo e fazem parte da sua história.
As joias subvertem a lógica da maioria dos investimentos, pois ganham ainda mais liquidez e preço durante crises profundas e as guerras. Por isso, deixando a aura de glamour e o sentimentalismo de lado, vários especialistas e investidores consideram que elas devem fazer parte de uma carteira diversificada de investimentos.
“O ouro resiste à história. Tem liquidez e é fácil de transportar. Pode ganhar um pouco mais ou um pouco menos de valor dependendo do momento, mas sempre será uma reserva de dinheiro e uma forma segura de preservar o patrimônio”, diz Renato Castro, diretor de promoção e merchandising da Associação dos Joalheiros do Estado de São Paulo.
Quem quer fazer um bom investimento deve preferir as joias de ouro e diamantes porque elas são fáceis de avaliar e esses materiais têm um mercado de negociação bastante organizado.
A cotação do metal amarelo é estampada em todos os centros financeiros do mundo e amplamente difundida. Nos últimos cinco anos, a onça troy (padrão internacional de negociação) pulou da faixa de 500 dólares para o preço atual de aproximadamente 1 200 dólares. Mas o ouro da joia não é puro. Ele é misturado a outros metais, formando uma liga para poder ser trabalhado.
No Brasil, o tipo de ouro mais comum é o 18 quilates, que tem uma mistura de 75% de ouro e 25% de liga. A classificação do metal puro é de 24 quilates. O mais puro é o ouro português, que tem 22 quilates. Já nos Estados Unidos, o mais comum é o ouro de 14 quilates e, na Inglaterra, de 9 quilates.
“O ouro 18 quilates é o de maior mercado no mundo, pois é o padrão de toda a América Latina”, diz Écio Moraes, diretor do Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos.
Os diamantes também são negociados em bolsa e têm uma classificação padronizada para determinar seu preço. Entre os mercados mais fortes estão os de Antuérpia, na Bélgica, e Tel Aviv, em Israel. A lista das pedras de primeira linha, no entanto, é mais extensa e inclui ainda o rubi, a safira e a esmeralda. Mas a joia vai além do material.
Seu preço agrega também o design. Em média, um bom design encarece a peça entre 25% e 30%. O problema é que, quando chega o momento de vender, ele raramente é considerado. Para quem visa só investimento a dica é: quanto menos pedras melhor.
Se a intenção, no entanto, é apenas manter o patrimônio indefinidamente, passando a joia aos filhos como herança, é bom saber, pelo menos, qual o seu valor real. Para avaliar uma joia, a recomendação dos especialistas é procurar a joalheria na qual ela foi comprada. Se isso não for possível, o IBGM tem o Laboratório Gemológico que faz a avaliação para seguro ou venda, mediante o pagamento de uma taxa.

Rutilo, o minério da moda

Rutilo, o minério da moda



Barracos de plástico, de papelão. No meio do nada, pequenos abrigos acolhem famílias inteiras. A vontade de ficar rico da noite para o dia impõe sacrifícios, improviso. A Vila da Esperança, construída por exploradores de um minério pouco conhecido, deve ser a mais nova vila de garimpeiros do Brasil.  
Quem já ouviu falar em rutilo ou quartzo rutilado? Segundo os geólogos, é o minério da moda no mundo das pedras preciosas. Um cristal amarelado com fios dourados dentro. As minas foram descobertas há pouco tempo, em Novo Horizonte, sudoeste baiano. São as únicas no Brasil.
A maneira de extrair é o que há mais precário em mineração. Os aventureiros entram e saem de buracos sem nenhuma segurança, como se fossem exímios equilibristas. Os menos corajosos dependem de quem controla o carretel, uma espécie de elevador manual.
Os buracos mais rasos têm 15 metros de profundidade. Embaixo do chão, o trabalho, além de pesado, é extremamente perigoso. É preciso muita sorte, não só para encontrar o rutilo, mas para não morrer também, porque não há nada que sustente o teto. O otimismo e o sonho de ganhar muito dinheiro fazem com que eles esqueçam o medo.
Os garimpeiros Gilson e Giorlando Moraes começaram a abrir a galeria, e as pedras foram aparecendo. "A parte mais escura é o rutilo. Talvez tenha toneladas", comenta Gilson.
Um comprador pagou R$ 70 por 70 quilos de pedra – R$ 1 por quilo. Os preços do rutilo variam de acordo com a qualidade das pedras. Em três lotes selecionados, considerados bons, um vale R$ 100 reais o quilo, outro vale R$ 150 e o outro, R$ 300. O garimpeiro que encontrar uma peça especial ganha muito mais dinheiro. Os exportadores chegam a pagar até R$ 2 mil por quilo.
Antes de seguir para o exterior, o minério passa por uma limpeza. Os chineses compram tudo o que os garimpeiros produzem. Todo mês, a região exporta cerca de 60 toneladas. Só uma empresa vende quase mil tonéis de rutilo por ano para indústrias de Hong-Kong.
"O quilo de uma pedra especial custa de US$ 90 a US$ 150, mais de R$ 400", conta a gerente Leila Catarine Fernandes.
Enormes, bonitas e caras. As pedras que saíram do garimpo de Luiz Antônio dos Santos, só colecionadores ricos conseguem comprar. Chegam a custar R$ 70 mil.
"As pessoas compram para fazer bolas de pedras", diz o garimpeiro.
Molhado e no reflexo da luz do sol, dá para ver melhor a beleza do rutilo.
"Cinqüenta quilos custam cerca de R$ 30 mil. É fácil achar comprador", afirma Luiz Antônio.