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Desde o começo da história da arte da
humanidade, as pedras preciosas eram consideradas valiosas,
principalmente pelo seu valor simbólico, como sua durabilidade, pureza,
justiça, nobreza, etc. A atração por joias e objetos preciosos é algo
que temos em comum com nossos antepassados.
Acredita-se
que foram os magos, sacerdotes e anciãos da antiguidade que implantaram
o uso e a descoberta dessas pedras, para fins místicos e religiosos.
A
auto-ornamentação também parece ter sido presente na vida dos homens
desde os primórdios, pois as joias mais antigas da história vieram de
sepulturas de cerca de 20 000 anos atrás.
Além
do valor místico que as pedras preciosas tinham nessa época,
acredita-se também que elas já tenham sido utilizadas como símbolo de
riqueza, status e proteção, na forma de amuletos.
As
artes decorativas também começaram a ter grande valor com o uso dessas
pedras. Esculturas de jade, lápis-lazúli, cornalina, turquesa, ametista e
granada de mais de 4500 anos atrás foram encontradas na China e no Egito.
Determinadas
pedras provocavam fascínio em diferentes povos. Os romanos, por
exemplo, tinham grande admiração pelas ágatas, que graças as suas várias
camadas de cores, produziam belíssimos camafeus (figuras esculpidas em
relevo). Um dos mais conhecidos, é o do imperador Augusto, do período medieval.
Acredita-se
que as primeiras pedras a chamar a atenção dos homens foram as ágatas
de diferentes cores, encontradas nos leitos dos rios. Com a evolução das
civilizações, a variação de minerais explorados pelos homens foi
aumentando, assim como a sua comercialização organizada.
Os
egípcios foram os primeiros povos a explorar e comercializar pedras
preciosas de forma organizada. Turquesa, ametista e lápis-lazúli eram
encontrados em minas de mais de 6000 anos, que produzem até hoje.
A
Índia, Sri Lanka e Birmânia eram conhecidas pelos seus famosos
cascalhos de pedras preciosas, que produziam excelentes diamantes,
safiras, rubis e espinelas, séculos e séculos a fio. Na Índia, os
diamantes eram uma grande fonte de rendimento para o país.
No
Brasil, depósitos de ágatas, topázios, turmalinas e crisoberilos foram
revelados na época da exploração. No século XIX, os diamantes
sul-africanos e as opalas australianas foram duas grandes descobertas,
que também se caracterizou pela expansão da indústria de diamantes na
Sibéria, Austrália e outros países africanos.
No
Brasil, a palavra “garimpo” surgiu como expressão também no século XIX,
em Diamantina, Minas Gerais. A palavra era usada para denominar a
mineração clandestina, que também derivou a palavra “garimpeiro”, ou
seja, quem o exercia. Os garimpeiros são os homens que enfrentam o
perigo, geralmente dentro de minas e buracos para explorar os metais e
pedras preciosas. Eles são a ferramenta de obtenção da matéria prima das
pedras e joias raras.
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quarta-feira, 19 de junho de 2013
História das gemas
História
Gemas de origem vegetal e animal
Gemas de origem vegetal e animal
Algumas
gemas podem se originar de animais ou vegetais, que são fontes antigas
de ornamentos usados pelo homem. Esses tipos de gema são mais frágeis e
menos densos. Entre elas estão:
Âmbar – O
âmbar é o nome dado às resinas fósseis encontradas em árvores. Dentro
dessas resinas, geralmente encontram-se animais, que servem de prova
para suas origens e de testemunha do passado, já que geralmente elas são
bastante antigas, datadas de até milhões de anos atrás. Sua cor é
geralmente amarelada.
Azeviche – O
azeviche é uma madeira/carvão fossilizada, de cor geralmente escura
(marrom/preta), de fácil modo de esculpir e polir. Na Era Vitoriana, ele
era muito usado para confeccionar acessórios esotéricos e de luto.
Apresenta um aspecto escuro e aveludado, com fácil uso para escultura.
Marfim – O
marfim são as presas (dentes) de animais como o elefante, morsa,
hipopótamo, javali, narval e cachalote. Esses dentes são compostos
principalmente de mineral de fosfato, hidroxi-apatite e compostos
orgânicos. Cada animal tem presas diferentes, fazendo, assim, com que
existam diferentes formas e texturas de marfim.
Pérola – A pérola é um material orgânico em forma de esfera, produzida por determinadas espécies de moluscos aquáticos. Entre os mais conhecidos produtores dessa gema orgânica estão a ostra e o mexilhão. A criação da pérola se dá no momento em que corpos estranhos que invadem o organismo desses moluscos, como um grão de areia , entram em reação com esses organismos.
Essa gema é muito valiosa e apreciada nas joalherias, sendo o acessório mais comum o colar de pérolas.
Coral – O
coral é um tipo de esqueleto segregado formado por pequenos animais
marinhos chamados 'pólipos'. Esses corais podem ter várias cores, como
vermelho, azul, rosa, branco, preto e dourado.
Concha – As
conchas sempre tiveram o fascínio do homem por suas variadas formas,
camadas e tamanhos. Elas são revestidas de madrepérola em sua maioria.
São um órgão rígido e externo, característico dos moluscos.
COLEÇÃO DE MINERAIS, UM ASSUNTO SÉRIO
COLEÇÃO DE MINERAIS, UM ASSUNTO SÉRIO
Colecionar coisas faz parte da natureza humana e é normal que a gente colecione alguma coisa ou tenha feito isso em alguma fase da nossa vida, ainda que sem método e sem muita dedicação. Moedas, selos, miniaturas de caros, discos, etc. são algumas das muitas coisas que se coleciona mundo afora.
Eu coleciono minerais. Faço isso há
45 anos, mais precisamente desde março de 1967, quando iniciei o curso de
Geologia. Até então, para mim cristais eram substâncias transparentes, com brilho de vidro ou um
pouco mais intenso. Quando descobri que existiam também cristais opacos e de
brilho metálico, fiquei extremamente surpreso. E decidi: vou colecionar
minerais. Comecei e não parei mais.
Como eu, acho que muitos estudantes
de Geologia começam uma coleção de minerais durante o curso. Mas, poucos
continuam fazendo isso quando saem da universidade. Ao longo do período
universitário, a beleza e raridade dos cristais nos motivam a colecioná-los,
mas, passado esse período, o interesse desaparece ou diminui, permanecendo registrado
apenas na posse de algumas poucas peças.
Se
são poucos os geólogos que colecionam minerais, mais raros ainda são os colecionadores
entre o restante da população. De fato, os brasileiros não valorizam muito esse
tipo de coleção, ao contrário do que vê em países como Estados Unidos, Canadá e
Itália, por exemplo. Isso é estranho porque o Brasil tem uma fantástica
diversidade em temos de pedras preciosas, minerais que se destacam pela beleza
e que são avidamente procurados por colecionadores estrangeiros.
Uma
consequência negativa disso é a existência de poucos museus de Mineralogia em
nosso país. Por isso, acabam indo parar no exterior peças muito valiosas,
quando não coleções inteiras, como aconteceu com a excepcional coleção de
cristais gigantescos de Ilia Deleff, sobre a qual escrevemos neste blog em julho
de 2011.
Em
sentido inverso, por haver poucos museus de Mineralogia, não há estímulo para os
brasileiros colecionarem minerais, e assim se estabelece um círculo vicioso.
Se
pensarmos um pouco, veremos que colecionar minerais tem várias vantagens para
nós, geólogos. O manuseio constante dessas substâncias, por exemplo, é a melhor
maneira de aprendermos a reconhecê-las macroscopicamente. A comparação de amostras de um mesmo mineral
procedente de diferentes lugares habitua-nos às pequenas variações que a
espécie pode exibir no hábito, cor, brilho, etc., o que vai consolidando nosso
conhecimento sobre aquele mineral.
Outra
vantagem: podemos adquirir peças para nossa coleção sem comprar ou trocar, apenas
com nosso próprio trabalho de campo. Além disso, nem sempre dependeremos de um especialista
para identificar um mineral adicionado à nossa coleção, ao contrário do que
acontece, por exemplo, no mercado de arte, de antiguidades, etc.
Mas,
colecionar minerais oferece ainda outras vantagens, seja o colecionador geólogo
ou não: pode-se colecionar material procedente do mundo inteiro e até de fora
da Terra, como os meteoritos. E é bom lembrar que meteoritos são valiosos não
apenas pela raridade, mas também, em certos casos, pela beleza, como é o caso
dos pallasitos.
Além
disso, minerais são o que pode haver de mais antigo para se colecionar. Outras coleções podem ter peças com séculos de
idade ou mesmo com milhares de anos de existência. Mas, com milhões ou bilhões
de anos, só mesmo minerais, rochas ou
fósseis.
Querem
mais? Com algumas poucas exceções, os minerais não requerem muito cuidado em
sua conservação, ao contrário de obras de arte, selos, etc.
Há, portanto, excelentes motivos para se colecionar minerais, principalmente vivendo no Brasil. Ainda assim, porém, muitas pessoas dirão que, seja como for, colecionar minerais será sempre apenas um passatempo, uma atividade para as horas de lazer. Pois eu respondo: Não necessariamente.
Em 1996, vendi 1.350 peças da minha coleção de minerais (90% do total) para o Museu de Ciências Naturais de uma universidade do Rio Grande do Sul. O professor que intermediou a compra, um geólogo que se tornou, a partir daí, meu amigo, me disse várias vezes que eu vendi barato. Não concordo muito com ele, mas, mesmo que assim tenha sido, não me importo. O que eu quero dizer é que a venda dessa parte da minha coleção (ela já é grande de novo) me permitiu dar um carro 0 km para minha filha. E ainda sobrou um pouquinho de dinheiro.
Então, uma coleção bem organizada, com suas peças devidamente catalogadas, pode se tornar bem mais que um passatempo.
Por tudo isso que foi dito até aqui, acho importante que as escolas, a Sociedade Brasileira de Geologia, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia e outras entidades ligadas à Geologia incentivem os estudantes e o público em geral a colecionar minerais. Quando eu dirigia o Museu de Geologia da CPRM (Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais), criei um folder intitulado Como Colecionar Minerais, que era amplamente distribuído pelo museu, sobretudo nas exposições por ele promovidas. Nesse folder, ensina-se como organizar a coleção, como obter, guardar e registrar os minerais, como avaliar o acervo, etc. É uma ferramenta de baixo custo para quem edita e distribui, e muito útil para quem deseja conhecer melhor os minerais e quer ter pelo menos uma pequena coleção.
MINAS GERAIS BRAZIL
Espessartita, Brasil
This superb reddish-orange glassy Spessartine floater crystal which exhibits stepped growth striations highlighten, this gemmy crystal. Despite its thickness it's wine-red and fully translucent throughout, when backlit.
From the Navegadora Mine in Penha do Norte, Doce valley, Minas Gerais, Brazil. Also known as "Orozimbo Mine" after the farmer who owns the land in the Penha do Norte. Aimorés pegmatite district, Eastern Brazilian pegmatite province.
Size: 45x23x36mm. Photography by Y.Okazaki
Fonte: Crystals Minerals Gemstones Fossils Rocks
quarta-feira, 3 de abril de 2013
Museu de Ciências e Técnica - Escola de Minas/ UFOP
| Ao fundo, o Museu de Ciências e Técnica. Foto: Samuel Kikuti |
O Museu possui setor de Astrononomia, Desenho, Eletrotécnica, História Natural, Metalurgia, Mineração, Mineralogia, Siderurgia e Topografia.
Setor de Mineralogia
| Setor de Mineralogia. Foto Museu. |
Site do setor de mineralogia: http://www.museu.em.ufop.br/museu/mineralogia.php
Para aqueles que não podem visitar pessoalmente o Museu, agora pode fazer uma visita virtual em cada setor do Museu.
Visita virtual ao museu: http://www.eravirtual.org/mct_br/
Visita técnica dos estudantes de Gemologia em Agosto/2011 ao Museu.
GARIMPANDO EM REJEITOS DE GARIMPOS
GARIMPANDO EM REJEITOS DE GARIMPOS
A atividade garimpeira é um trabalho essencialmente
masculino e não sei de nenhum garimpo onde mulheres trabalhem ao lado de
homens.
Mas, se é normal que só os homens garimpem, é também
normal que mulheres e crianças revolvam rejeitos deixados pela atividade dos homens,
buscando material de qualidade inferior ou eventualmente alguma coisa de valor
maior que eles possam ter deixado escapar.
Isso
não deixa, é verdade, de ser garimpagem também, mas não é o trabalho pioneiro,
não é o desmonte primário do material mineralizado. É uma atividade secundária
que só existe, quando existe, se houve homens que deram início ao garimpo e geralmente
só enquanto eles nesse garimpo trabalham.
Mas, há outro tipo de gente que revolve rejeitos de
garimpos. São os colecionadores de minerais. Os garimpeiros tradicionalmente só
aproveitam aquilo que eles estão buscando e minerais que se destacam pela beleza
ou pela raridade são muitas vezes desprezados simplesmente porque não é aquilo
que está sendo buscado. Dizem inclusive
que se um garimpo produzir ouro e diamantes os garimpeiros ficarão só com o
diamante, porque ficar com os dois dá azar...
Os garimpeiros de ametista da região do Médio Alto
Uruguai, no norte do Rio Grande do Sul, chamam os minerais estranhos, ou mesmo
minerais que eles conhecem, mas que se apresentam com uma aparência fora do
comum, de “esquisitos”.
Minha
coleção
de minerais conta com vários “esquisitos” e várias peças bonitas que
foram abandonadas por garimpeiros ou que deles recebi como presente. E
não são bem
mais numerosos simplesmente porque me falta espaço para guardá-los e
porque no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina não existem garimpos em
pegmatitos, rochas que fornecem minerais incríveis pela beleza, tamanho
ou raridade.
A drusa abaixo,
com cristais de calcita sobre ametista, provém de um garimpo de ametista do Rio
Grande do Sul. (Clique nas fotos se desejar ampliá-las.) Mede 30x28x12 cm e pesa 11,9 kg. A ametista não tem boa cor, mas
a peça é bonita pelo tamanho e pela associação com a calcita. Não estava no
rejeito quando a vi, mas tampouco estava junto às peças que iam ser
aproveitadas. Deixada de lado na boca de uma galeria (“broca”), me chamou a atenção
e perguntei ao garimpeiro mais próximo o que iriam fazer com ela. Nada, disse ele. Quer levar?
Esta
outra drusa, sim, estava solenemente largada no meio do rejeito. Ela mede
27x25x13 cm e pesa 8,1 kg.
O quartzo
abaixo (10x8x6 cm) contém o que os garimpeiros da mesma região chamam de mosquitinhos. São inclusões de cristais
de um outro mineral, a goethita, que podem ser pretos, como estes, ou
dourados. Para os garimpeiros, são
impurezas e isso é motivo suficiente para descartar os cristais em que aparecem.
São peças atraentes, curiosas, e que merecem figurar em coleções particulares e
museus.
Os cristais
de goethita às vezes formam tufos dispersos, como nesta amostra, mas outras
vezes desenvolvem-se todos a partir de um mesmo plano cristalográfico, estando
assim nivelados pela base.
Nesta outra
drusa (7x6x4 cm), inclusões talvez também de goethita, não formam tufos, mas
sim películas paralelas a uma das faces dos cristais. Esta bela peça também foi
reprovada pelo controle de qualidade do garimpeiro...
Os
cristais de moscovita que normalmente são vistos aqui no Rio Grande do Sul são
pequenas palhetas de 1 cm ou menos de diâmetro, raramente 2-3 cm em veios
pegmatoides. Mas, em um garimpo de gemas que visitei em Minas Gerais, o pátio
junto à entrada da galeria estava forrado de moscovita medindo até 20 cm, se
não mais. Todo esse volume era rejeito dos garimpeiros, que para nada lhes
serve a moscovita. Nesse mesmo garimpo, coletei no rejeito, além de moscovita
(abaixo à esquerda, medindo 18 x 8 cm), cristais de até 15 cm de espodumênio (à
direita, 12x8x1 cm), outro mineral que não se encontra por aqui.
Certa vez, junto com alunos e professores de
Gemologia da UFRGS, visitamos um garimpo de ametista do Rio Grande do Sul que
produzia também cristais de selenita, uma variedade incolor e muitas vezes bem límpida
de gipsita. No galpão em que os garimpeiros costumam guardar ferramentas,
alimentos e outras coisas relacionadas com seu trabalho, havia vários pedaços pequenos
de selenita, com até uns 10 cm de comprimento. Eram peças de pouco valor
comercial que o garimpeiro, generoso, permitiu que os estudantes levassem.
Cada um
então pegou um cristal de selenita para si.
Eu não me interessei porque os cristais eram realmente de pouco valor. Mas,
havia entre eles a peça abaixo, bem maior (17x10x5 cm), bem cristalizada e que
ninguém ousou pegar, porque era claramente muito mais valiosa que os pequenos
fragmentos que estavam à sua volta. Estes,
como eu disse, não me interessavam, mas aquela peça, sim. Perguntei então ao garimpeiro
por quanto ele a venderia. Para minha surpresa, ele disse que eu podia levá-la.
Era presente também.
Quando
começaram a surgir os primeiros cristais de selenita naqueles garimpos do Médio
Alto Uruguai, eram todos desprezados pelos garimpeiros, que os chamavam de “pedra-gelo”. Mas, quando começaram a surgir cristais com
dezenas de quilos, apareceram compradores e eles viram que aquilo tinha valor
também. Hoje, toda a selenita é aproveitada.
Na região
de Salto do Jacuí, também no Rio Grande do Sul, está concentrado o maior número
de garimpos de ágata do estado (e do Brasil). E neles é comum ocorrer opala
comum de cor branca, às vezes com manchas acinzentadas ou cinza-amarronzadas,
como a que se vê na foto (15x7x6 cm). Pois essa opala toda é rejeitada pelos
garimpeiros e pode ser facilmente recolhida pelos interessados.
Nos
últimos anos, começou a aparecer, em um dos garimpos, uma opala também do tipo
comum (sem jogo de cores), mas de cor azul-acinzentada. Como o responsável pelo
garimpo era um geólogo, Klaudir Kellermann, ele soube valorizar a nova
descoberta e passou a guardar toda a opala dessa cor encontrada. Quando
visitamos seu garimpo pela última vez, Klaudir estava em busca de comprador
para o mineral. Fosse ele um simples garimpeiro, a opala azul seria mais um
mineral de valor museológico a acabar nos rejeitos do garimpo.
A peça
abaixo, de 8x4x3 cm, recebemos dele.
Eu disse,
no início, que os garimpeiros costumam desprezar aquilo que não é o objetivo de
seu trabalho. Mas, mesmo o mineral por eles procurado pode ser encontrado nos
rejeitos em peças de boa qualidade. A drusa de ametista ao lado foi abandonada
simplesmente por ser pequena (8x5x2 cm), mas a cor, o brilho e o tamanho dos
seus cristais são muito bons.
O Rio
Grande do Sul é o maior produtor brasileiro de ágata e ametista. A ágata é
produzida principalmente na região de Salto do Jacuí, no centro do Estado,
enquanto a ametista provém sobretudo do Norte, de Ametista do Sul e mais sete
municípios ao seu redor. Curiosamente, a
ágata não é abundante na região produtora de ametista, mas, quando aparece,
geralmente é muito bonita, além de estar associada à ametista. Como o
garimpeiro quer é ametista, se ela não é boa, vai para o rejeito, ainda que
acompanhada de uma bela ágata, como na peça abaixo, de 12x10x5 cm.
Em
Fontoura Xavier (RS), estive num garimpo de ágata que produzia vários outros
minerais. Como de hábito, os garimpeiros só aproveitavam a ágata. Foi assim que
de lá trouxe a interessante cornalina de 11x10x4 cm da foto abaixo. Também lá encontrei um
geodo de opala cinza-azulado. A foto a seguir mostra um fragmento pequeno
(6x6x1 cm) dele; a parte maior, de uns 12 cm pelo menos, coloquei no acervo do
Museu de Geologia da CPRM. Essa opala,
sob luz ultravioleta, mostra notável fluorescência em verde-maçã.
A drusa
de citrino abaixo (cerca de 10x15 cm) não se destaca pela cor, muito menos pela
pureza. Mas, ela é importante porque provém da única ocorrência de citrino
natural que encontrei depois de visitar praticamente todos os garimpos de gemas
do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Encontrei-a em um garimpo abandonado de
ametista (e citrino?) de Bonaiumer, Caxias do Sul (RS), e pertence também ao
Museu de Geologia da CPRM.
A pequena “escultura” de quartzo abaixo foi coletada num garimpo de ametista.
As
“pinhas” de ametista são sempre valorizadas, mas esta, de 6x5x6 cm, com cor
realmente ruinzinha, foi parar no rejeito. Resgatei-a num garimpo de Entre Rios
(SC).
Por fim,
quero mostrar um tipo de material que teria tudo para ser rejeitado, mas que
tem recebido uma valorização meio surpreendente. É o que o comércio de gemas
vem chamando de “flor de ametista”. São
peças de formato irregular, como uma crosta cristalina, sem brilho, com cor
esbranquiçada a roxa, sempre clara. As dimensões são bem variáveis, geralmente
com 30 cm ou menos, mas podem ser muito maiores. Talvez por seu aspecto muito
exótico, atrai o público e tem sido aproveitada. Mas, o exemplar abaixo foi
coletado em rejeito.
Os minerais
de minha coleção coletados em garimpos são quase todos do Rio Grande do Sul ou
de Santa Catarina. Mas, na primeira coleção que organizei e que hoje pertence
ao Museu de Ciências Naturais da Ulbra (Universidade Luterana do Brasil) há
peças de vários outros estados.
Diante do que eu mostrei, é fácil de entender por que o
colecionador que visita um garimpo encanta-se e vibra com o que pode coletar e
trazer gratuitamente. Mas, se este colecionador é como eu, geólogo, fica muito dividido.
Ele alegra-se como colecionador, mas, como profissional e cidadão consciente,
lamenta que se esteja desprezando coisas tão bonitas, de valor mineralógico, de
importância museológica e às vezes, também científica. Um cristal defeituoso,
sem valor comercial para o garimpeiro, pode ser, justamente pelo defeito que
exibe, uma raridade a ser preservada. Mais de uma vez eu disse isso a
garimpeiros, mas o fiz sempre consciente de que seria esperar demais que eles
ficassem estocando minerais sem valor comercial contando com a possibilidade de
talvez um dia aparecer um pesquisador ou colecionador que talvez se interessasse
por algumas delas e talvez se dispusesse a fazer uma compra.
Felizmente, está surgindo entre os comerciantes de gemas
do Rio Grande do Sul uma nova consciência, e peças antes rejeitadas estão sendo
por eles adquiridas, pois aprenderam - ou estão aprendendo - que elas podem ter
valor como peças de coleção. Acredito que, com isso, muitas peças valiosas
estejam sendo salvas, preservadas em coleções particulares ou mesmo em museus
públicos.
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A pequena cidade de Juína, no Mato Grosso, viu desde a década de 1990 o movimento em torno de seu subsolo ganhar tamanho e relevância, graça...






