quinta-feira, 27 de junho de 2013

Injustiça Cristalina

Injustiça Cristalina



<i>Garimpeiros extraindo o quartzo de uma galeria. Foto: Arquivo Casef</i>.
Garimpeiros extraindo o quartzo de uma galeria. Foto: Arquivo Casef.
O quartzo é a rocha que sustenta a vida dos trabalhadores em Buriti Cristalino. É a matéria prima para fibras de óculos, relógios e bijuterias nas grandes cidades, por exemplo. Segundo o geólogo João Victor Campos, “o quartzo (SiO2) é um silicato que ocupa o grau 7 na escala de dureza Moss. Ocorre na natureza como importante constituinte em rochas ígneas, tais como granitos, pegmatitos e riolitos. Existem em diversas cores e por isso são largamente usados como ornamentos, principalmente em jóias. Também conhecidos como “cristais de rocha”, têm largo emprego nas indústrias de equipamentos óticos e elétricos”.
Há em Buriti, principalmente, o quartzo puro e o quartzo rutilado. Aquele transparente e este com uma espécie de risco interno natural, que garimpeiros chamam de “cabelo” e que atribui mais valor à pedra. As minas ficam em terras devolutas requeridas pela Cooperativa Agromineral Sem Fronteiras (CASEF), que possui seis licenças renovadas de três em três anos. O prefeito, Litercílio Júnior (PT), está lutando para aumentar para cinco. Essas licenças são autorizadas pelo Departamento Nacional de Produção Mineral.
Quartzo puro e quartzo rutilado, na janela da cooperativa, com a caminhonete da Casef ao fundo. Foto: Eduardo Sá.
Quartzo puro e quartzo rutilado, na janela da cooperativa, com a caminhonete da Casef ao fundo. Foto: Eduardo Sá.
Os garimpeiros se reúnem em grupos e rateiam o que vendem, 10% vai para a cooperativa que arca com o custo das licenças e dos meios de produção. Eles têm apenas dois compressores, duas perfuratrizes e dinamites para formar e explorar a galeria subterrânea. Os explosivos, comentou seu Antônio Cléber, membro da cooperativa, começaram a ser usados há apenas cinco anos, antes era a base de picareta mesmo, no braço. Questionado sobre como se sabe onde tem a rocha, disse que é na base do risco, uma coisa meio intuitiva, na voz da experiência, pois fica debaixo da terra. Vão tentando até achar, num sol que ninguém merece.
Seu Antônio trabalha no garimpo desde os 8 anos. As crianças pegam tarefas leves, mas trabalham desde cedo no garimpo, explicou. Ele está com 52 anos e até hoje não sabe quanto vale o quilo da mercadoria, tampouco quanto é o preço do produto final no mercado: “o ouro você sabe quanto vale a grama pelo menos, chega um cara mais espertinho aqui e bota preço naquilo que a natureza criou”, diz. O quilo pode variar de 50 centavos a 500 reais, complementou. Já conseguiu ganhar 500 contos no mesmo quilo que a princípio valia 20, é tudo na pechincha, na lábia, não existe qualquer contrato ou carteira de trabalho, varia de acordo com a “qualidade” da pedra e quantidade de produção da jazida.
Um problema grave nesse cenário é a locomoção, pois a CASEF possui apenas uma Toyota para transportar o material. A sabedoria popular é simples e clara, vai direto ao ponto. Veja o exemplo que o Seu Antônio deu para explicar a situação: “um dia desses comprei umas telhas por 150 reais, só o frete para trazer custava 250”, tal a dependência que eles têm para escoar a mercadoria. Sem falar nas condições das vias de acesso, são as piores, terra cheia de pedras, beirando precipícios em alguns trechos. Do galpão do garimpo até Brotas são 28 Km, uns cinquenta minutos na Toyota da cooperativa, sem a carga. Nela cabe cerca de uma tonelada da substância.
Da esquerda para a direita, os garimpeiros: Marco Antônio Quinteiro, Lourivaldo Pereira da Silva e Antônio Cléber, na ativadade em Buriti Cristalino. Foto: Eduardo Sá
Da esquerda para a direita, os garimpeiros: Marco Antônio Quinteiro, Lourivaldo Pereira da Silva e Antônio Cléber, na ativadade em Buriti Cristalino. Foto: Eduardo Sá
Segundo Marco Aurélio Quinteiro, a Casef foi fundada em 1990 em resposta a um grupo de empresários que queriam ficar com as terras da região. Os garimpeiros conseguiram ficar com mais ou menos 6 mil hectares, mas “as principais áreas os empresários seguraram”, criticou. Já Olderico, também cooperado, afirma que a Casef veio com a nova Constituição, seguindo a nova regulamentação. Ambos ressaltaram que a cooperativa foi financiada por um belga, Tierry De Durghgrave. A prefeitura não tinha interesse, o gringo conseguiu suporte financeiro da sua terra natal.
Quinteiro explicou que o trabalho no garimpo é realizado o dia inteiro, de abril a outubro, na época da seca; quando chove vão todos trabalhar na agricultura: “mas isso é por causa das condições mesmo, se tivéssemos um mercado ficaríamos direto”, desabafou. Antônio Cléber, por sua vez, lembrou que “a prefeitura era contra a cooperativa, o maquinário precisava de água e tirava parte do poder de dominação dela”. O atual prefeito, Litercilio Júnior (PT), que tomou posse no ano passado após anos de dominação de um coronel da região, declarou que “o município tem o compromisso de criar condições, como estradas e abastecimento de energia. Inclusive nós já temos no garimpo, com o prefeito de Oliveira dos Brejinhos, um projeto para fazer uma ação conjunta entre as prefeituras e a cooperativa para tentar melhorar o acesso e ter mais possibilidades de transitar veículos maiores para escoar o material do garimpo”.
“Existe uma máfia horrorosa aí, além dos chineses tem os atravessadores”, denunciou José Lima de Souza. Ele também trabalha com as pedras e, como os seus colegas, acredita que o desafio da cooperativa está em conseguir lutar por uma fatia do mercado. Isso é o pior de tudo, o negócio se dá com chineses, ninguém sabe como eles chegaram à região, essa relação tem mais de 30 anos, aparecem por lá com freqüência. “Me parece que isso sai tudo contrabandeado, os chineses não pagam os impostos como devem ser pagos e quem perde é o município e o Brasil”, criticou Lourivaldo Pereira da Silva, outro garimpeiro.
A China, noticiou o Le Monde Diplomatique Brasil de setembro, fez um acordo com a República Democrática do Congo em função da exploração dos minérios africanos, como o cobalto e o nióbio. Em contrapartida, os orientais vão investir na infraestrutura do país com um avanço tecnológico, através da fibra óptica que viabilizará a energia elétrica, ainda à base de velas, e as comunicações, por exemplo. No Brasil, nesse caso do sertão baiano, é rapina mesmo, tudo feito de maneira ilícita.
O trabalho coletivo dos garimpeiros na extração do minério, no sertão da Bahia. Foto: Eduardo Sá.
O trabalho coletivo dos garimpeiros na extração no sertão da Bahia. Foto: Arquivo Casef.
Lourivaldo, estranhando minha presença, percebeu que eu estava entrevistando os garimpeiros sobre o assunto e se aproximou para contar uma história recente: há mais ou menos dois anos, um caminhão partiu de Oliveira dos Brejinhos, município próximo a Buriti, com tambores cheios de quartzo, ninguém sabe qual era o peso. Não eram da cooperativa, a Polícia Federal o abordou no meio da estrada, Lourivaldo não soube explicar direito, mas o fato é que mataram o motorista. Um chinês apresentou as notas de despacho à polícia, no final das contas soube-se que pagaram 300 mil para o estado numa mercadoria que devia valer cerca de 3 milhões de reais. Lenda ou não, o que importa é que essas questões estão na consciência dos trabalhadores que não podem fazer nada: o povo sabe que é um insulto a proporção do que recebem em relação ao valor total da mercadoria.
Mesmo sem entender nada do assunto, não perdi a oportunidade de meter o bedelho onde não fui chamado. Marco Aurélio pegou duas pedrinhas pequenas, para me ensinar a diferença entre o quartzo puro e o rutilado, cujos valores são bem diferentes. De cara, logo falei: ué, mas esse puro é muito mais bonito, o rotulado parece que está trincado por dentro. Ele também acha, disse que sempre teve esse pressentimento de que os caras não pagam mais barato nesse para ganhar mais lá fora; não dá para saber. Antônio Cleber, ouvindo o papo, refletiu e disse que nunca tinha pensado nisso: é uma hipótese a não ser descartada.
O maior geógrafo que o Brasil já teve, Milton Santos, nasceu em Brotas de Macaúbas. Em um de seus livros ele critica a “vocação usurária dos intermediários” e que os “pobres não são economicamente marginais, mas explorados, não são politicamente marginais, mas oprimidos”, em referência ao subdesenvolvimento das populações periféricas. Vale a citação, precisa e pertinente, uma defesa dos seus conterrâneos numa questão pontual diante de um problema estrutural em nosso país.
“O QUE NÓS TEMOS CERTEZA É QUE A PESSOA QUE MENOS GANHA COM A PEDRA É O CARA QUE TIRA ELA”, DIZ O GERENTE DA COOPERATIVA
olderico


Olderico Barreto é irmão de Zequinha, guerrilheiro morto junto ao capitão Carlos Lamarca na resistência à ditadura militar nos anos 70. Ele foi um dos sobreviventes da operação Pajussara, em Buriti Cristalino, onde foi preso e torturado, hoje é gerente da Cooperativa Agromineral Sem Fronteiras (CASEF) e espécie de líder comunitário em Brotas de Macaúbas, no sertão da Bahia. A região, integrada à Chapada Diamantina, já foi ponto de exploração de ouro e diamantes, atualmente ainda é rica em quartzo. Em entrevista ao Fazendo Media, Olderico conta como é feita a extração dessas pedras, a situação precária  dos garimpeiros nesse contexto, a dependência que têm dos atravessadores e o desafio de tentar tirar uma fatia do bolo desse mercado riquíssimo.

Eu gostaria que você começasse contextualizando essa história da extração do cristal aqui na região, como funciona a produção?

A produção de quartzo dessa região, a exploração, iniciou na década de 30 e até hoje essa pedra é explorada. Foi tirado o quartzo da superfície, mas ainda há muitos veios de quartzo “engrunados” nesses morros. Eu tenho uma noção, através de um estudo que estamos fazendo, de que tem mais quartzo do que o que já tiramos porque os veios mergulham e afloram e só foi mexido nos afloramentos. Então por essa lógica nós não tiramos provavelmente nem ¹/4 desse quartzo que existe aqui.
É uma região rica que tem um quartzo industrial da melhor qualidade por quilo do Brasil. Eu acho que do mundo, porque hoje eles buscam alternativas na África, em Madagascar, e lá o quartzo com certeza não tem a qualidade do nosso industrial. Temos o quartzo ornamental também que é muito lindo e todas as modalidades: o quartzo hialino, o fumé, o rutilado e o citrino, que é amarelinho. Todas essas pedras são queridas no mercado ornamental e as suas rochas no campo industrial.
Nesse cenário, como são as condições de trabalho dos garimpeiros na extração?
A cooperativa trabalha obedecendo a legislação mineral e ambiental, então nós trabalhamos buscando o mínimo de risco. Mas nós conhecemos lavras clandestinas aonde não se usa máscaras: quando fura o silício vai para o pulmão do cara e mata ele. Nós temos caras que pedem, porque todos os operadores do compressor dele já morreram na década passada por falta da utilização de protetor. Mas no nosso caso, o associado é sócio da cooperativa, ele não é um empregado, o que ele tira é dele e ele dá uma porcentagem para a cooperativa. Hoje, da lavra livre que ele trabalha, ele dá 10% apenas.
Os garimpeiros que eu conversei falaram que é tudo na base da pechincha, ninguém soube dizer qual é o lucro no dia a dia. Como não tem contrato, como fica essa questão da grana que a pessoa tira?

Não tem contrato. Rapaz, o quartzo industrial dá para você ter uma previsão de quanto se tira por mês. Existem jazidas que você explode e pode tirar até dez toneladas/dia, mas há também garimpos, caças, que você pode tirar 10 kg, 5 kg, ou às vezes nenhum, mas dá para você ter uma média de produção mensal. Já o quartzo ornamental não há como medir porque você pode passar um ano sem produzir absolutamente nada e de repente você está em cima de uma jazida e arranca duas, três toneladas, e até enriquece: já vi cara comprar até avião de uma jazida.
Pedras de quartzo, amostras que ficam na cooperativa para a negociação. Foto: Eduardo Sá.
Pedras de quartzo, amostras que ficam na cooperativa para a negociação. Foto: Eduardo Sá.
Tem aquela coisa sazonal também, de que quando chove o pessoal vai para o campo trabalhar a terra, né?
É isso, quando chove ele é agricultor porque até se tiver “abrizado” a lavra ele abre uma capa, ela enche d’água, aí no outro dia ele chega. E assim todo mundo tem a sua rocinha, todo mundo é agricultor, então começa a chover eles vão para as suas roças e abandonam até terminar o período da chuva quando eles voltam para o garimpo. Com as águas são boas e têm uma boa lavoura, ele até demora a voltar para o garimpo, mas nos anos secos e no período seco eles são garimpeiros e sobrevivem dessa atividade. E no sistema manual, é uma garimpagem de subsistência.
Não dá para estipular uma média, então?
Não dá de maneira nenhuma, é uma coisa de subsistência mesmo. Agora, pode ocorrer de você encontrar grandes bolsões mineralizados e produzir: é comum às vezes as pessoas fazerem 100, 200, 500, até um milhão de reais em lavra de quartzo.
Qual a razão da fundação da cooperativa?
A cooperativa veio com a nova constituição, com a nova legislação. Nós vivíamos aqui um regime de matrícula que permitia a garimpagem individual e coletiva nas lavras sem nenhum licenciamento. E eles pagavam apenas uma taxa e conseguiam uma matrícula que lhe permitia circular dentro do território nacional com as cinco toneladas. A partir da extinção desse regime de matrícula, criaram um regime de permissão de lavra garimpeira que é amparado pela constituição federal no artigo 174 e tem a lei 7.805 específica para normatizar a vida dessas pessoas.
Os garimpeiros criticaram muito a situação do atravessador e não têm noção de qual o preço do produto na ponta do mercado. Aonde entram os chineses nisso e como você vê essa questão do mercado?
O que nós temos de certeza absoluta é que a pessoa que menos ganha com a pedra é o cara que tira ela. Eu tenho um exemplo que é bem sintomático, o próprio grande comprador de pedra me contou ali em baixo do galpão da cooperativa que comprou uma pedra – a melhor pedra que teve aqui nessa região, parece que faltaram 4 kg para 1 tonelada – completamente limpa e cheia de rutilo, um cabelo loiro muito bonito e sem nenhuma inclusão, muito transparente. Esse quartzo o cara pediu 7 milhões e meio, pediu para efetuar o pagamento em dois cheques: como ele estava com dificuldades com folhas de cheque aqui fora do banco e tudo, e na lavra querendo comprar mais coisas, questionaram por que duas folhas de cheque e não uma. Ele falou: a de 500 mil é para o cara que arrumou a pedra e a de 7 milhões é dele que vendeu. Ali, naquela distância, ele já teve uma margem de lucro dessa.
Mais que todos os trabalhadores juntos…
O garimpeiro que tirou a pedra, e era um grupo, ganhou meio milhão e ele sete porque atravessou. E o cara na frente que comprou é quem vai enriquecer ainda, então é uma cadeia que fica a ponta no garimpo e a pirâmide vai se abrindo. Você está entendendo? O garimpeiro fica bem na pontinha como a pedra, a parte mais fina da coisa fica na mão dele.
Entrada da cooperativa, na ocasião ocorreu a assembleia de inauguração do Instituto Zequinha Barreto em Brotas de Macaúbas. Foto: Valdemi Silva - PT/Osasco.
Entrada da cooperativa, na ocasião ocorreu a assembleia de inauguração do Instituto Zequinha Barreto em Brotas de Macaúbas. Foto: Valdemi Silva - PT/Osasco.
Nesse contexto, os chineses entram aonde?
Os chineses saem de lá, atravessam esses oceanos todos, vêm aqui e dizem o valor da pedra que ele quer comprar. Ele é que dá o valor, imagine você indo comprar ouro lá na China e como você pagaria o quilo, é mais ou menos assim a coisa. Ou indo comprar ouro lá no Maranhão na mão dos índios dentro da selva, a que preço você fornecia se é você quem dá o preço? E pior ainda que quando tem um quartzo grande, acima de 100 kg, eles quem dão o peso também. Então eles dão o preço e dão o peso, em material de 100 kg, 200 kg e 500 kg. Como o cara não tem balança, eles dizem o peso e o preço e ficam com o material.
E imposto nada, tudo contrabandeado?
É tudo clandestino, a lavra clandestina com a comercialização clandestina. Então foi nessa coisa que a cooperativa entrou para criar condições de exportar isso, de formalizar essa economia e atrair divisas para o município, ao Brasil, gerando emprego e renda. O desafio da cooperativa é chegar no mercado internacional vendendo e recebendo isso em dólar ou outra moeda. E já deixando suas divisas no Banco do Brasil, distribuir para o associado em real e assim por diante.
A cooperativa foi fundada no dia no dia 1º de janeiro de 1990, baseada numa lei que foi de 88, a lei 7.805 de 17 julho deste ano, então a cooperativa precisa e deve caminhar nessa direção de regularização dessa atividade aqui nessa área.
Por outro lado, tem uma questão paradoxal que você citou quando estávamos na cooperativa: os chineses são os que pagam melhor, não é?
Dizem que há um divisor tecnológico entre a China e o resto do mundo que é esse rutilo, então quando eles chegam e vêem que tem outro comprador eles pagam melhor porque são os que melhor utilizam. O que a gente deduz desse processo todo é que os outros países utilizam o quartzo rutilado apenas como ornamental, pela beleza dele para ornamentos.
A China utiliza para um processo de industrialização, um processo tecnológico. Então onde há concorrência eles chegam, colocam um preço melhor e levam, não significa que eles paguem bem. Se eles perceberem que tem alguém querendo comprar aquilo com a finalidade industrial eles chegam e põem um preço acima, porque sabem que eles dão outra valorização e destinação à mercadoria. Eles atravessam todo esse oceano e vêm atrás dele, prioritariamente atrás do quartzo rutilado, há quem diga que eles têm um processo tecnológico avançadíssimo e essa substância representa para eles o avanço que diferencia a China do resto do mundo.
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LENDAS E VERDADES.....


LENDAS E VERDADES.....


Existe muitas histórias que se houve em garimpos., que na realidade fica dificil de saber se foi verdade ou mais uma das inumeras lendas..
assim que cheguei no Rio Madeira na decáda de 80., se falava muito de um acidente que havia acontecido no garimpo dos Periquitos., na epóca ficava em Vila Nova.,hoje Nova Mamoré.,em Rondônia..diz que em uma fofoca de balsa de mergulho(varias balsas.,uma amarrada na outra).,quando varios garimpeiros estavam mergulhando e enviando material para cima.,houve um deslizamento de um barranco...e dezesseis garimpeiros.,dentre eles uma mulher.,morreram com toneladas de terra sobre seus corpos....foi rápido.,sem tempo de nada...e seus colegas que tinha ficado em cima da balsa dando apoio., só puderam cortar e liberar as mangueiras que mandavam oxigenio....os corpos ficaram lá para o todo e sempre....
Isso é plauzivel.,pois varias foram as vezes que presenciei colegas que morreram em balsas de mergulho...um descuido pode ser fatal...estando lá em baixo., fica-se succionando o material atraves de um tubo(maraca)., e com isso cava-se burracos...e quando menos se espera o que ficou acima desbarranca..ai ja era...um mergulhador trabalha em média duas horas direto embaixo da agua..o ar é mandado por um tubo.,acoplado em cima na balsa em um compreensor de oxigenio..temos varios códigos de sinais...por exemplo se precisamos de um socorro urgente(ser puxado)., é só dar um puxão forte na mangueira...se quisermos saber se ta indo material., damos dois puxões e quem esta em cima dando apoio responde...se tiver bom dois puxões., se tiver ruim um.....e ai vai..sao varios códigos passado de garimpeiro para garimpeiro....para nós mantermos lá em baixo., usa-se um cinto de chumbo preso na cintura de mais ou menos 50 kilos...só assim a pressão da agua não nos manda de novo para a superficie...quando queremos subir., amarramos o cinto na corda de apoio e o colega puxa o cinto e a gente submerge...dificil a semana no Rio Madeira dos tempos dourados do garimpo em que não morria um ou dois colegas por queda de barreiras....
Nos seus bons tempos o rio Madeira chegava a dar em média de 1 a dois kilos de ouro a cada 24 horas de trabalho....foi sem duvida a maior mina de ouro do Brasil...não tinha a midia como era o caso de Serra Pelada.,mais tinha muito minerio....
E por falar em Serra Pelada., ali tambem tem uma lenda.,que se mistura com a realidade...era apenas uma fazenda.....fazenda serra pelada.,imaginava-se que podia ter minerio.,pois toda a area era rica.,mais emfim apenas uma fazenda....conta-se uma das inumeras lendas de como surgiu o garimpo de Serra Pelada., que dois peões foram mandados cavar alguns buracos para fazer um cerca para separar os pastos....cavaram e de repende bateram em algo duro....um ainda reclamou...poxa.,mais uma pedra pra atrapalhar..mais emfim a cerca tinha que ser ali., e foram tirar a pedra..era uma pedra diferente.,amarelada....uns dos peões que ja tinha trabalhado em garimpo falou que podia ser ouro...de pronto forma mostrar pro patrão..o padrão.,liso igual a candiru.,disse que não era nada.,apenas uma pedra diferente.,apanhou-a e guardou...lógico que ele sabia que era ouro....os peõs terminaram a empreitada e forma embora...naquela epóca a cidade mais perto era Marabá., e ali gastando seus dinheiros nos bares da cidade o que achou a pedra comentou com o pessoal...e ai pronto..a fofoca estava pronta,pois Marabá era uma cidade chave para garimpeiros que extraiam minerio no Pará...e num piscar de olhos Serra Pelada foi invadida de tal forma que só restou ao dono da fazenda pedir ajuda a policia federal e vender a area para a CEF.....e por falar em Serra Pelada.,mais duas lendas ou verdades....conta-se que um garimpeiro rodad0(sem trabalho)., chegou em um dos barrancos do garimpo e pergunto pro dono se não tinha algum reco(relavagem de cascalho) para ele fazer....o dono do barranco malcriado que só.,pegou um montinho de terra e mandou na canela do sujeito e disse:lava isso ai e ve se não da mais trabalho.,bando de rodado....e la foi o indigitado lavar aquela terra...e dentro duas pepitas de ouro, que pesada passavam de meio quilo.....é a
sorte.,amiga..madrasta dos necessitados no garimpos....
outra que se conta., é de um garimpeiro., que deu uma boa bamburrada e tinha uma namorada no Rio de Janeiro....pegou mais de tres quilos de ouro em um barranco e resolveu ir visitar a amiga...chegou em Marabá., e o ultimo voô para Brasilia.,aonde podia se embacar para o RJ.,ja tinha saido...só na outra semana....não se fez de rogado...foi na agencia da empresa aerea.,pagou em ouro o aluguel de uma aeronave que veio especialmente buscar ele...foi ao Rio de Janeiro....mando a aeronave alugada esperar..namorou a vontade e no outro dia voltou para Marabá.....
diz-se que hoje esta na fila do sopão dos necessitados em Curionópolis...mais não sei se é lenda ou realidade.....
nos próximos dias, vou escrever mais sobre lendas e realidades.....escrevendo...relembrando tempos que não volta mais...em que era feliz e não sabia.

O próprio DNPM avisou: tem ouro no Rio Madeira

Rondônia foi considerada durante muitos anos a maior Província Estanífera do País. Essa história começou em meados de 1952

MONTEZUMA CRUZ

Não se deve creditar totalmente aos garimpeiros a descoberta das “fofocas” de ouro ao longo do Rio Madeira. Em 1977 uma matéria deste repórter no jornal Folha de S. Paulo revelava que a Construtora Andrade Gutierrez já estava de olho nos aluviões para faiscar o metal. Sete anos depois veio a CR Almeida, igualmente interessada e que escreveu um capítulo de violência no Garimpo de Periquitos, na BR-364, rumo ao Acre.

Não foram apenas os garimpeiros os donos da notícia. O próprio Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) alardeava o Projeto Noroeste de Rondônia, pouco preocupado em esconder a vinda de empresas construtoras para pesquisar a região.

Situado na porção norte ocidental do Território Federal de Rondônia, esse projeto compreendia 60,1 mil km² de águas e subsolo ricos em ouro, cassiterita, paládio, pirita, manganês, wolframita e outros minerais. Daí para a corrida dos garimpeiros foi um pulo, já que a lavra de cassiterita fora proibida por uma portaria do ex-ministro das Minas e Energia, Antonio Dias Leite, em 1970.

Rondônia foi considerada durante muitos anos a maior Província Estanífera do País. Essa história começou em meados de 1952, quando alguns garimpeiros de diamantes encontraram um minério preto e pesado no Rio Machadinho. Imaginavam que fosse rutilo, era cassiterita.

Joaquim Pereira da Rocha via um rebuliço de gente no seu Seringal União e, mais que depressa, combinava uma conversa com o geólogo Donald Campbell. Após analisar o material coletado, Campbell constatava a riqueza ali existente. Rapidamente, a informação corria léguas na floresta, despertando outros seringalistas.

Seu Rocha começava a receber em suas terras centenas de garimpeiros vindos do Amazonas, Ceará, Maranhão, Pará, Pernambuco e Piauí. Só no Seringal União ele comandava quatrocentos homens que dormiam em redes amarradas no alto dos barracões, para não serem surpreendidos por onças.

Começava a cata do minério de estanho, que em seguida originava a lavra mecanizada. Oito anos após a descoberta, em 1960, o preço do minério e os lucros compensadores atraíram para cá grandes grupos exploradores nacionais e multinacionais: Companhia de Mineração Jacundá, Brascan (Brasil-Canadá), Oriente Novo S/A, Brumadinho (Itaú), Taboca S/A, Brasiliense S/A e Mibrasa (Phibro-Cesbra).

O negócio prosperava. Em 1976, por exemplo, a Mineração Paranapanema gastou mais de 220 mil litros de gasolina e 4,12 milhões de litros de óleo diesel para fazer funcionar suas máquinas, motores, veículos e casa de força. A maior parte da produção destinava-se à fabricação de folhas de flandres pela Companhia Siderúrgica Nacional, em Volta Redonda (RJ).

A lavra era muito onerosa, porque ainda não havia energia elétrica. Iniciada em 1982, a Hidrelétrica do Rio Jamari só funcionou 14 anos depois, quando essas poderosas empresas já encerravam as atividades, deixando, além dos desempregados, crateras cheias de lama.

terça-feira, 25 de junho de 2013

Opala de fogo ganha destaque nas joalherias cariocas de carona na cor do verão

Opala de fogo ganha destaque nas joalherias cariocas de carona na cor do verão

  • Ainda pouco conhecida, pedra é encontrada em tons entre o amarelo e vermelho, passando pelo tangerina.

Pulseira da Amsterdam Sauer, R$ 9.600 /
Foto: Divulgação
Pulseira da Amsterdam Sauer, R$ 9.600 / Divulgação
RIO - Encontrada em tons entre o amarelo e vermelho, passando pelo tangerina, a opala de fogo é a pedra da vez. De carona no sucesso que fez no verão europeu, quando estrelou coleção de joias da Dior, a gema figura em diversas vitrines cariocas.
— Devido à moda da cor laranja, ela se torna mais procurada em joias modernas — atesta Daniel Sauer, diretor da Amsterdam Sauer.
No geral, 97% da família das opalas são produzidas na Austrália. As opalas de fogo mais famosas, no entanto, têm origem no México. O Brasil é um dos poucos países que produzem esta variedade, em locais como o Rio Grande do Sul e o Piauí. No último ano, a pedra foi descoberta na Região Amazônica.
As minas do Norte do país abastecem o ateliê da designer Yrys Albuquerque, que acabou de lançar uma coleção chamada “Opalas de Fogo”, composta por 50 peças, entre brincos, pendentes, braceletes, colares e anéis.
— As pedras são de uma intensidade e translucidez muito forte. Traduzem a energia e a alegria do verão. Na moda, sobressaem com o branco, cor típica da estação. Para um look de festa, ficam deslumbrantes com o preto — sugere a designer.
É uma pedra delicada, com dureza baixa. Segundo a Escala Mohs, que quantifica a resistência que a gema oferece ao risco, ela tem entre 5 e 6,5 — para efeito de comparação, a pedra mais dura é o diamante, com grau dez.
Quanto mais translúcida e vermelha, mais raras (e caras) são as opalas de fogo. É uma pedra que cativa mais pela beleza do que pelo valor agregado.
— A pedra tem uma luz especial, parece que realmente tem fogo — diz a designer Mabity Pereira, sócia da joalheria Mabity & Bonjean.
Questões gemológicas e mercadológicas à parte, reza a lenda que a opala de fogo combate o estresse e a insônia, estimula a criatividade e atrai boa sorte.

A degradação ambiental oculta pelos garimpos de topázio imperial no Alto Maracujá

A degradação ambiental oculta pelos garimpos de topázio imperial no Alto Maracujá
Robson José Peixoto
O garimpo é uma atividade de extração mineral existente já há muito tempo no mundo. Os primeiros sinais dessa atividade datam do século XV, com os europeus que partiam em busca de novas terras para conquistar suas riquezas minerais. No Brasil, os garimpos começaram a despontar com maior destaque no século XVIII, com as campanhas em busca de ouro e diamantes no estado de Minas Gerais.
Para melhor entendimento, o garimpo é uma forma de extrair riquezas minerais (pedras preciosas e semipreciosas são mais comuns) utilizando-se, na maioria das vezes, de poucos recursos, baixo investimento, equipamentos simples e ferramentas rústicas. Segundo a legislação brasileira vigente sobre mineração, a atividade garimpeira é considerada uma forma legal de extração de riquezas minerais desde que atenda a determinadas regras e obrigações. É facultado a qualquer brasileiro ou cooperativa de garimpeiros que esteja regularizado no Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), órgão no país que controla todas as atividades de mineração.
O garimpo se torna problema justamente porque a maioria deles segue às margens da lei. Infelizmente, no Brasil, muitos garimpos quase sempre estão associados a confrontos, assassinatos, roubos, disputas de terra, prostituição, vícios, insegurança, impunidade, patrocínio de armas e narcotráfico e à degradação ambiental. Isto porque os garimpos ilegais são extremamente difíceis de serem controlados. Situam-se em regiões de difícil acesso, são dispersos pelo país, é migratório e não há regularidade na mão-de-obra e no regime de trabalho. Há muitos riscos para se estudar diretamente essa atividade. Dentro deste cenário se insere o garimpo de topázio imperial no Alto Maracujá, no distrito de Cachoeira do Campo, município de Ouro Preto, Minas Gerais. Este garimpo se enquadra muito bem em parte das descrições expostas anteriormente.
O Alto Maracujá vem sofrendo desde a década de 1970, com a ação de garimpos de topázio imperial. O nome Alto Maracujá se refere à região que abriga as nascentes do rio Maracujá, afluente da margem esquerda do rio das Velhas, este último afluente da margem direita do rio São Francisco.
Revista Gems&Gemologist
Topázio imperial lapidado
O topázio imperial é uma pedra preciosa de beleza impressionante, porém muito rara na natureza. Logo, tem valor de mercado muito elevado, o que aguça a procura pelos garimpeiros.
Desde 1750, o topázio imperial é extraído na região de Ouro Preto. Esse município é considerado, atualmente, como o único local no mundo onde ainda é possível se extrair este mineral em condições econômicas viáveis, visto que a formação geológica permite sua retirada com o mínimo de danos possíveis à sua estrutura. Uma pedra de topázio imperial que sofre danos físicos, apresentando-se trincada ou lascada, tem seu preço desvalorizado no mercado.
O Alto Maracujá tem toda sua área praticamente exposta à ação dos garimpos de topázio imperial. Quase todos os pontos de extração do mineral são clandestinos, o que agrava a situação. São utilizados métodos de lavra agressivos em termos ambientais além da grande quantidade de água gasta na extração e lavagem do topázio.
O rio Maracujá é formado basicamente por quatro córregos: Cipó, Arranchador ou Ranchador, Caxambu ou Olaria e Cascalho. Os garimpos se concentram, em sua maioria, no leito, às margens e nas cabeceiras dos córregos Cipó e Caxambu. O Cipó é considerado o principal córrego formador do rio Maracujá. Logo, todas as atividades que geram degradação ambiental nesse curso d'água afetam de forma negativa grande parte do rio. Os córregos Cascalho e Arranchador são os únicos que se encontram em melhor qualidade ambiental. O Cascalho, porque não há ocorrência de topázio em suas margens e leito, e o Arranchador, devido à ação efetiva da proibição de garimpos pelos proprietários das terras por onde ele passa.
O topázio imperial é geralmente encontrado a profundidades que variam de dois a sete metros na região do Alto Maracujá. É comum a existência de uma camada de solo que encobre os veios de cascalho (quartzo) onde está embutido o topázio. A retirada dessa camada de solo é feita por meio de escavação com picareta, enxadas e enxadões ou trator, quando o garimpo é semimecanizado. Essa operação é uma das principais causadoras da degradação ambiental e dos acidentes de trabalho na região. O solo exposto é carregado pela água da chuva ou dos próprios córregos, quando em períodos de cheias, e os sedimentos se espalham pela bacia, gerando o que se conhece como assoreamento. Este impacto dificulta a sobrevivência de peixes, entope canais e tubulações, muda o curso dos córregos bruscamente, aumenta os riscos de enchentes, além de proporcionar um aspecto visual negativo ao espelho d'água, degradando a paisagem.
Além do assoreamento, o garimpo instalado junto às margens dos córregos promove a retirada de boa parte das matas ciliares e de cabeceira, que são formações vegetais essenciais à proteção não só das águas, mas principalmente das nascentes (áreas de recarga). Na região, não é difícil visualizar árvores derrubadas lançadas no leito dos córregos. Esta prática é crime porque vai contra o Código Florestal que proíbe atividades desse tipo em áreas como as descritas acima.
Margem do córrego Cipó destruída por garimpo
Muitas vezes são construídas pequenas barragens rudimentares para a lavagem do solo e cascalho que contêm o topázio. Essas barragens modificam o curso dos córregos, fazendo com que eles atinjam estradas e pastos de pequenos sítios da região, causando prejuízos consideráveis principalmente no período das chuvas.
Como se não bastasse a degradação ambiental, os garimpeiros e pessoas que trabalham e trafegam pela região estão expostos a uma série de riscos de segurança e saúde ocupacional. Como as escavações para a retirada do topázio são realizadas sem técnica, há riscos de desmoronamento constantes. Já houve vários casos de acidentes fatais. Outros riscos podem ser citados tais como problemas ergonômicos, doenças devido ao trabalho exposto à intensa umidade, alcoolismo, brigas entre garimpeiros, assassinatos, quedas em buracos sem proteção ou cheios de água e lama, etc.
Barragens feitas no leito do Córrego Cipó
Enfim, os problemas são muitos para serem descritos. Tanto a polícia do meio ambiente quanto a prefeitura local vêm tentando resolver o problema, mas o nível de complexidade da situação, somado à falta de aparelhamento dessas entidades, inibe uma solução a curto prazo.
Realmente, soluções definitivas para esse problema estão muito longe de serem alcançadas. Isto porque os garimpos geram impactos não só nos meios físico e biótico, como também no social. A criação de uma cooperativa de garimpeiros seria uma alternativa, porém, não se sabe com precisão quantos são, quem são e onde estão esses trabalhadores. Não existe um censo que demonstre com certeza a massa trabalhadora que se expõe nas frentes de lavra dos garimpos de topázio imperial do Alto Maracujá. Informações extra-oficiais indicam que existem pais de família que dependem desse trabalho para sustento familiar devido ao desemprego, assim como existem pessoas de má índole, aventureiros, aqueles que buscam o garimpo de topázio como fonte de renda extra, aqueles que tem o garimpo como vício e não querem mudar de situação, grandes empresários que agem nos "bastidores" e pessoas com grau de instrução considerável, estes últimos fazem tanto estrago quanto aqueles garimpeiros sem instrução, o que é mais lamentável ainda.
Uma das nascentes do córrego Cipó destruída pelo garimpo
O que é necessário se fazer hoje pela "saúde" da bacia do rio Maracujá, bem como pela segurança dos seres humanos envolvidos direta ou indiretamente no garimpo, é um estudo de grande porte, abrangendo diversas áreas do conhecimento, de forma a identificar todos os problemas detalhadamente nos campos físico, biótico e socioeconômico para que as alternativas de solução possam ser mais bem elaboradas e aplicadas. O certo é que o foco deve ser direcionado para a informação do garimpeiro e a tentativa de persuadi-lo de que suas ações impensadas corresponderão a reações irreversíveis no futuro não só dele mas dos seus descendentes. O que foi percebido nos estudos de campo é que vários garimpeiros sabem que seu trabalho prejudica o meio ambiente. Provavelmente, as medidas a serem tomadas para mudança desse panorama devam começar por esses elementos.
O rio Maracujá está sujeito a problemas de poluição muito parecidos com os de outros rios brasileiros. Logo, a revitalização da bacia tem que passar por políticas públicas de saneamento e investimento em informação. A questão do garimpo é só mais um agravante que influencia a já crítica situação do rio.
Programas de educação ambiental devem ser realizados junto à população, principalmente nas escolas, para que todos tomem consciência de que a água é um bem essencial ao ser humano. Este deve protegê-la com sabedoria , para que um dia ela não se torne artigo de luxo, como já anda acontecendo em muitos lugares do planeta.
Cascata do Dom Bosco formada pelas águas do rio Maracujá
E quanto ao garimpo? Bem, os recursos minerais existem na natureza para serem utilizados. Afinal, muitos deles são essenciais à vida da sociedade moderna. O que se deve levar em consideração é que é possível se fazer garimpo, ou mineração em geral, com responsabilidade social e ambiental. Basta haver investimento, boa vontade, e trabalho dentro das normas técnicas e de desenvolvimento sustentável.
Robson José Peixoto é mestre em engenharia mineral pela Universidade Federal de Ouro Preto, engenheiro de minas da empresa TECISAN - Técnica de Engenharia Civil e Sanitária LTDA.