sábado, 26 de outubro de 2013

Esmeraldas colombianas: o encanto verde

Esmeraldas colombianas: o encanto verde

Haga click sobre la imagen para ampliarla Museo de la Esmeralda en Bogotá Museo de la Esmeralda en Bogotá
Uma cor que identifica a Colômbia tanto quanto as três cores de sua bandeira, é o verde: o das extensas planícies, montanhas e reservas naturais; o verde que colore muitas de suas férteis paisagens e que rodeia seus rios, quebradas e cascatas; o verde da Amazônia e da espessa selva presente nas costas sobre o oceano Pacífico.
A Colômbia também se identifica com um verde brilhante que não se nota a simples vista e que está engolido pelas montanhas da Cordilheira Leste entre os estados de Boyacá e Cundinamarca. É o verde de suas esmeraldas, as mais famosas do mundo.
As esmeraldas colombianas são as mais famosas do mundo.
Há muitos motivos pelos quais a Colômbia tem prestígio internacional. Ser o primeiro produtor mundial de esmeraldas é um deles, já que na produção total de esmeraldas, o país contribui com 55%, contra 15% de países como o Brasil e a Zâmbia que o seguem na lista. E não é questão só de quantidade, mas também de qualidade, pois graças a suas características esta pedra preciosa colombiana é uma das mais cobiçadas.

Lenda das esmeraldas

A Colômbia produz 55 por cento do total das esmeraldas no planeta. Em seguida estão o Brasil e a Zâmbia.
Como muitas das tradições colombianas, a história da esmeralda se atribuiu a uma série de contos que disputa veracidade com as causas geológicas da pedra preciosa na Colômbia. Existe uma lenda que conta a existência de dois seres nativos: Fura e Tena, mulher e homem criados pelo deus Ares com o objetivo de que, sem infidelidades, povoassem a terra em troca de sua eterna juventude. Fura, a mulher, falhou à promessa, causando seu acelerado envelhecimento e a morte de Tena.
Ares com pena dos infelizes os converteu em duas formações rochosas protegidas por tempestades e serpentes e em cujas entranhas as lágrimas de Fura se tornaram esmeraldas. Hoje, as serras de Fura e Tena, com uma altura de 840 e 500 metros sobre o vale do rio Mineiro, protegem a zona de esmeraldas da Colômbia. Localizam-se a 30 km ao norte das minas de Muzo, entre as de maior produção da Colômbia.

Boyacá e Cundinamarca, as zonas de esmeraldas da Colômbia

E assim em Muzo, na zona nordeste do estado de Boyacá, é onde se concentram as maiores jazidas desta pedra preciosa. Além de Muzo, destacam-se as minas de Borbur, Coscuez, Chivor, Peñas Blancas, La Pita e Quípama (esta última caracterizada pelo predomínio da mineração informal, os chamados guaqueros). Gachetá e Gachalá, dois municípios do nordeste de Cundinamarca, completam a zona mais importante de exploração de esmeraldas do país.
Na mina Las Cruces, da população de Gachalá (Cundinamarca), extraiu-se La Emilia, a maior pedra de esmeralda já encontrada até agora com um peso de 6.900 quilates.

O trabalho na escuridão

Mas o brilho e a beleza espetacular da esmeralda colombiana são qualidades antecedidas pelo difícil trabalho dos mineiros. É uma árdua tarefa que, segundo se afirma, tem uma história anterior à existência de Jesus Cristo, quando os antepassados penetravam as montanhas para oferecer o que encontravam a seus deuses.
Milhares de homens têm o rosto marcado pela escuridão resultante das suas longas jornadas dentro das minas em busca desse encanto verde que em sua composição química é uma pedra de berilo que deve sua cor ao conteúdo de cromo e vanádio, dois elementos químicos muito escassos na superfície terrestre e uma das razões que influi no valor da esmeralda, sendo a única pedra cristalina de cor verde.

Características das esmeraldas

O valor da esmeralda se determina segundo a cor, o tamanho, a pureza e o brilho.
O trabalho do mineiro é o passo inicial e o mais complicado no processo da esmeralda, cujo valor se determina segundo a cor, o tamanho, a pureza e o brilho. Avaliadas estas características, o preço de uma pedra pode estar entre dez e quatro milhões de dólares, ainda que não seja muito frequente encontrar uma gema de tão considerável valor.
Ainda que verde seja a cor genérica da esmeralda, nem todas as pedras conservam tal pureza em sua tonalidade, característica que os experientes identificam plenamente à hora de estabelecer o valor. Nesta ordem de idéias, há cinco classes distintas de esmeraldas:
  • verde azulado,
  • verde ligeiramente azulado,
  • verde muito ligeiramente azulado,
  • verde ligeiramente amarelo
  • e verde profundo
A cor verde profundo é a mais formosa, a mais escassa, a mais valiosa, mas também a mais exclusiva, a que só se encontram nas entranhas da Colômbia.

Corporação Museu da Esmeralda Colombiana (MEC) em Cartagena

Durante muitos anos na Colômbia não existiu um espaço onde se lapidassem peças exóticas das esmeraldas mais famosas do mundo, com suas formas e variedades. É por isso que há mais de 30 anos um grupo de pessoas interessadas em resgatar o verdadeiro valor histórico, cultural e natural da esmeralda, se reuniu para pôr à disposição dos turistas a Corporação Museu da Esmeralda Colombiana (MEC) em Cartagena.
Na Colômbia se encontram diferentes cristalizações da esmeralda, pouco conhecidas no mundo por sua escassez, cuja importância geológica é de uma importância incomparável no patrimônio cultural.
Hoje em dia, na Corporação Museu da Esmeralda Colombiana se dá a conhecer a evolução do mineral, desde que se forma na natureza até seu comprador final e oferece uma exibição dos exemplares mais interessantes e as maiores esmeraldas com a mais ampla gama de cores (verde arroz, verde azul, verde amarelo e algumas com o característico fogo interior).
Este interessante museu constitui ao mesmo tempo um espaço pedagógico de análise, investigação científica e certificação de autenticidade das esmeraldas colombianas. Para ampliar a informação sobre as esmeraldas, MEC abre também suas portas às exposições da pintura, a escultura, a joalheria, o artesanato, a fotografia e a literatura, disciplinas que reconstruíram em grande parte a história da esmeralda e que enriquecem a sua mostra.
Haga clic sobre la imagen para abrir
Haga clic sobre la imagen para abrir
Haga clic sobre la imagen para abrir
Haga clic sobre la imagen para abrir
Haga clic sobre la imagen para abrir
Haga clic sobre la imagen para abrir

Dados do Museu da Esmeralda em Cartagena

Localizção:
Centro histórico, calle D. Sancho N° 36-75, Cartagena de Indias
Telefone:
+ 57 (5) 664 4075
E-mail:
museodelaesmeralda@hotmail.com

Um museu para a esmeralda

Tornou-se necessário para a esmeralda colombiana que além de ser elemento símbolo do país, muito desejado por homens, mulheres, joalheiros e talhadores, também tivesse um lugar especial para a difusão de sua história, suas características e processos. Apesar de estar exibida em prestigiosas joalherias nacionais e internacionais, faltava um lugar em sua honra. Assim nasceu o Museu da Esmeralda de Bogotá.
Inspirado no Museu de Diamantes de Munich, este recinto de 670 metros quadrados conserva uma coleção de mais de três mil pedras preciosas tiradas das minas de Coscuez, Muzo e Chivor. Além disto, recria a realidade do trabalho mineiro através de um desnível artificial onde o visitante aprende com experientes guias a respeito da exploração e da explosão das jazidas de esmeraldas.
Agora, os viajantes que cheguem a Bogotá, sabem que contam com um atrativo a mais para aprender da Colômbia e suas riquezas, um museu no 23° andar do edifício Avianca (esquina da carreira 7 com rua 16) para entender o valor e o significado da prestigiosa gema verde, cuja exploração se dá a poucos quilômetros da cidade.
As esmeraldas colombianas, lágrimas da índia Fura, se escondem no meio dos penhascos, como um desafio para o mineiro, uma paixão para o talhador e uma obsessão para quem sente falta de expor-se com este acessório como um fino ornamento. Além da ostentação, usar uma esmeralda, significa contar as coisas boas e bonitas da Colômbia.

Serviço geológico investiga diamante na Bahia

Serviço geológico investiga diamante na Bahia


Ouvir o texto
Além de minérios, a CPRM está pesquisando a existência de uma "mina" submersa de diamantes, que teriam sido soterrados ao longo dos anos e estariam localizados no encontro do rio Jequitinhonha com o mar.


O Jequitinhonha nasce nos arredores de Diamantina (MG) e deságua no Atlântico, na região de Belmonte (BA).
Uma segunda expedição está fazendo a pesquisa sísmica na região.

Divulgação/CPRM
Exemplar de rocha retirada da área submarina examinada pela Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais
Exemplar de rocha retirada da área submarina examinada pela Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais
Se comprovada a existência das pedras, Roberto Ventura, diretor de geologia e recursos minerais da CPRM, acredita que haverá uma grande demanda de empresas para explorar o local.
"Não vamos definir o volume de diamantes, só o indício, levando em conta que eles saíram da região de Diamantina, em Minas Gerais, e foram para lá", afirma Ventura.

Empresa investe R$ 100 milhões para explorar diamante na BA

Empresa investe R$ 100 milhões para explorar diamante na BA
Com R$ 100 milhões em investimentos, a Lipari Mineração, empresa brasileira comandada pelo belga Maurice Aftergut, vai começar a produzir diamantes em escala comercial na Bahia em 2015.
A companhia estuda uma mina de kimberlito (rocha que é fonte de diamantes) em Nordestina (BA) há cinco anos. As pesquisas apontam que será possível produzir 225 mil quilates anualmente durante sete anos --o preço do quilate é de cerca de US$ 280.
A implantação do projeto começará ainda neste ano, de acordo com o CEO da Lipari, Kenneth Johnson.
Em 2014, os equipamentos da planta serão testados e a exploração da mina, iniciada. No primeiro trimestre de 2015, os diamantes já devem ser comercializados.
O material explorado será exportado. "É preciso enviá-los a centros de lapidação, os principais ficam em Tel Aviv [em Israel], na Bélgica, na China e na Índia", diz Johnson.
Recursos de Hong Kong, do Canadá e da Bélgica estão envolvidos no projeto.
Aftergut, presidente da Lipari, é também diretor-geral da Aftergut & Zonen, companhia criada em 1956 em Antuérpia --cidade belga conhecida como centro mundial de lapidação de diamantes.

Editoria de Arte/Folhapress

Grandes empresas controlam preço mundial de pedras preciosas

Grandes empresas controlam preço mundial de pedras preciosas


Ouvir o texto
The New York Times Em um moderno escritório com ar-condicionado, Gagan Choudhary examinava uma esmeralda com um espectroscópio: assim como a maioria das pedras verdes enviadas ao seu laboratório, ela não era exatamente o que parecia.
"Toda pedra é diferente", disse. "Algumas são tão sofisticadas que, em alguns casos, passamos pelo menos duas horas em uma esmeralda."
Como vice-diretor e chefe de testes do Laboratório de Testes de Gemas em Jaipur, Choudhary examina milhares de pedras coloridas por ano, determinando se elas são naturais, criadas em laboratório ou tratadas com resina e injetadas com cores para dar um falso brilho.
O resultado: quase 95% das esmeraldas, 99% dos rubis e pelo menos metade das safiras testadas são artificiais. O tratamento artificial não é raro para corrigir imperfeições em pedras preciosas, mas é ilegal se não for revelado aos compradores.
Entre os preços disparados por pedras preciosas no mercado global, os lapidadores e joalheiros de Jaipur se viram superados por rivais maiores e em melhor situação financeira.
Durante séculos, Jaipur atraiu as melhores pedras do mundo para ser lapidadas, polidas e montadas, uma tradição que remonta ao início do século 18, quando o marajá governante Sawai Jai Singh 2° fundou a cidade como a capital do Rajastão. Ele atraiu os melhores artesãos de toda a Índia para criar bainhas de espadas cravejadas de joias, brincos e colares e até braceletes para os tornozelos dos elefantes reais. Com o tempo, os artesãos de Jaipur ganharam fama por sua habilidade para lapidar pedras especialmente frágeis como as esmeraldas.
Mas seu legado está sendo ameaçado pela mudança das forças do mercado e pelos novos concorrentes, notadamente na China e na Tailândia. Em um mercado em expansão para pedras coloridas, alimentado pela riqueza das economias emergentes e hoje avaliado em cerca de US$ 10 bilhões anuais, a indústria artesanal de Jaipur está sendo dominada por grandes empresas capazes de controlarem o fornecimento e os preços com seu poder financeiro e de marketing.
"Existe uma verdadeira mudança no poder global", disse Alexander Mees, um especialista em pedras coloridas no JP Morgan Cazenove. "O mercado ainda está fragmentado e é menos maduro que o de diamantes, por isso é provável a presença de empresas de grande escala."
A Gemfields, empresa sediada em Londres que tem 48% de sua propriedade controlada pelo grupo de "private equity" Pallinghurst, controla 28% do suprimento mundial de esmeraldas com sua mina Kagem, na Zâmbia. Ela comercializa suas pedras pela marca de luxo Fabergé, adquirida pela Pallinghurst.
Os diamantes historicamente tiveram a maior participação no comércio de pedras preciosas, mas a demanda crescente, especialmente dos mercados emergentes, levou empresas a buscarem novas oportunidades. Jean-Claude Michelou, da Associação Internacional de Pedras Preciosas Coloridas, disse estar trabalhando em um certificado global e um sistema de rastreamento de pedras preciosas semelhante ao criado para os diamantes.
Enquanto isso, os leilões têm vendas recordes, com clientes da China e do Oriente Médio comprando pedras como investimento. "Enquanto houver mulheres na face da Terra, haverá demanda", disse Rajiv Jain, ex-presidente do Conselho de Exportação de Pedras Preciosas e Joias da Índia. "Sou otimista. Se Jaipur lutar, ficará mais forte."

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

A atividade mineradora no Brasil

A atividade mineradora no Brasil foi fator determinante para interiorização do povoamento, bem como para a ocupação dos "sertões", que compreendiam desde o nordeste até o sul do país. Dinâmica sem precedentes na História do território português na América, até aquele momento, a mineração trouxe em seu bojo, uma demanda crescente de mercadorias que envolviam desde os implementos para mineração propriamente dita até produtos de primeira necessidade (1). A exploração das minas transformou o perfil da produção de abastecimento, com intensificação do trabalho, diferentes formas de ocupação do espaço e organização fundiária, dilatando as fronteiras do Império e colocando em constante litígio as terras portuguesas e espanholas (2).
Este projeto enfoca, dentro das dinâmicas estabelecidas pela exploração aurífera, a formação da rede fundiária do Sertão do Rio Pardo, em relação ao estabelecimento e desenvolvimento de um dos caminhos ligados ao abastecimento das regiões mineradoras: o Caminho de Goiás.
 

Imagem de satélite abrangendo
a região que vai de Jundiaí
a Mogi - Guaçu
I - Histórico
Desde 1655, registram-se solicitações e doações de terras ao longo do Caminho de Goiás. Contudo, foi nos dez anos posteriores as descobertas de ouro na região Goiás (1718 em Cuiabá e 1725 em Vila Boa de Goiás) que se concedeu a maioria de sesmarias ao longo do trajeto.
O caminho iniciava-se em São Paulo de Piratininga, seguindo em direção a Jundiaí, Mogi Mirim, Mogi Guaçu e Casa Branca. Depois deste percurso sul-norte, o caminho tomava a direção Noroeste, atingindo os atuais municípios de Cajuru, Batatais, Franca Ituverava, já na área designada como "Sertão do Rio Pardo" (3).
A sua margem foram se formando pequenos núcleos, pousos e roças, que serviam tanto para a subsistência, como para o abastecimento das expedições que por ali passavam.
 
II - O Caminho e o Ouro
Com a descoberta do ouro nas Gerais, inicia-se intenso fluxo migratório de paulistas; as vilas despovoavam-se (4) e parte da produção foi canalizada para os centros de mineração nas Minas Gerais, onde alcançavam altos preços. O intenso comércio e o fluxo de viajantes, dinamizaram as áreas em torno dos caminhos que levavam às minas, intensificando a produção agrícola
Três eram os caminhos paulistas que conduziam às regiões mineradoras, sendo o principal deles, o que passava pela garganta do Embu, mais conhecido por Caminho Velho. O segundo seguia por Atibaia, Bragança e Extrema transpondo a serra da Mantiqueira por Camanducaia (trajeto percorrido por Fernão Dias e Castelo Branco (5) ) e o terceiro, o Caminho dos Guaianases, que passava pelo vale do Mogi – Guaçu e Morro do Gravi e que constituiu o traçado inicial do Caminho de Goiás.
Embora o comércio de São Paulo para as Gerais houvesse se estabelecido já ao final do século XVII, o "Caminho dos Guaianases" só se constitui como importante via de comércio após 1725 (época da descoberta do ouro em Goiás), transformando-se no Caminho de Goiás. Até então, somente à parte que compreendia até Mogi Mirim, por estar ligada ao comércio das Gerais, tinha importância comercial.
Região de inúmeros rios, o Sertão do Rio Pardo constituía ótima via fluvial que serviu tanto para desbravar os sertões desconhecidos, (empurrando os índios Guianases para fora desses "sertões"), bem como para abastecer as regiões de Minas Gerais (pelo Rio Pardo e Rio Grande principalmente), o que explica o número de sesmarias concedidas às margens, nascentes ou afluentes destes rios.
A afirmação do Caminho de Goiás como importante via de ligação correspondeu aos interesses da Coroa que buscando coibir os inúmeros caminhos e as picadas que serviam ao contrabando. Nesse sentido, a administração portuguesa incentivou a criação, ao longo de seu trajeto, de diversos núcleos populacionais, com moradores que plantassem roças e criassem pastagens, como pousos, para abastecimento aos viajantes e suas montarias (tropas) (6).
 
Entre o período da descoberta do ouro nas Minas Gerais e a abertura do Caminho Novo (1708), para as Minas (a partir do Rio de Janeiro), São Paulo foi retaguarda de suprimento das regiões mineiras (7). Entretanto, com a abertura do Caminho Novo, o trajeto até as Gerais, que pelos caminhos paulistas durava em média 60 dias, reduziu-se para 17 e, aberta a vertente "Terra Firme", este tempo diminuiu para 10 ou 12 dias, dependendo da intensidade da marcha (8).
O Caminho Novo, aberto por Garcia Rodrigues Pais (9), transferiu para as cidades fluminenses os proveitos usufruídos até aquele momento, quase que somente por São Paulo. Os Paulistas ainda tentaram o fechamento do Caminho Novo, mas não obtiveram resultado, pois, além de mais curto, e com a nova rota buscava-se também dificultar o contrabando.
O Porto do Rio de Janeiro tornou-se o o mais importante porto de escoamento do ouro mineiro e o principal porto de entrada de produtos europeus (portugueses, ingleses e holandeses, principalmente) e dos escravos vindos da África.
Em 1725, com a descoberta do ouro na Vila Boa de Goiás, o caminho para aqueles sertões, que servira anteriormente quase só ao aprisionamento de índios, com algumas roças de subsistência, transformou-se em uma via de acesso importante para as regiões mineradoras da Vila Boa de Goiás e Cuiabá e o abastecimento e escoamento dessas regiões imprimiram nova dinâmica de ocupação e produção das terras do sertão do Rio Pardo.
Mesmo com o declínio da produção aurífera em Goiás e Mato Grosso, na segunda metade do século XVIII, o sertão do Rio Pardo continuou a atrair populações, agora de mineiros, que se deslocam para seus campos e estabelecem criação de gado. O vínculo com as Minas Gerais permanece, o que se denota pela conservação dos traços culturais tipicamente mineiros, tais como a arquitetura e o modo de falar, e que de certa forma imprimiu sua marca a esta região.
III – A Pesquisa
O século XVIII é portanto chave para compreender a estrutura fundiária do Nordeste Paulista. Torna-se necessário estudos que permitam a compreensão da complexa estrutura fundiária, que formada no século XVIII é a base das grandes lavouras do século posterior. O Sertão do Rio Pardo, terra de posseiros, agregados e donatários de sesmarias durante o decorrer do XVIII, redefini-se no início do XIX, e com a especialização da produção em algumas áreas; açúcar, algodão, milho e futuramente o café, são as principais causas dessas redefinições que, por hora, podem ter agregado ou desagregado lavradores, posseiros e donatários, remodelando a estrutura fundiária conforme seus interesses.
Este pré projeto de mestrado caminha nesta direção: demonstrar em um região específica como se constitui a propriedade, quem são seus moradores, habitantes e produtores, e de como esta produção voltada tanto para o comércio interno, como para a exportação, dialogou com estas ocupações territoriais, e neste ponto o Caminho de Goiás é fundamental, pois é ele, o mais importante elemento de povoação do Nordeste paulista no decorrer do século XVIII.