quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Sequestro de carbono: a salvação pode estar nos basaltos

Sequestro de carbono: a salvação pode estar nos basaltos
Desde a conferência de Quioto, em 1997, foi divulgado o conceito do sequestro de carbono. A ideia é tirar o CO2 da atmosfera e injetá-lo em rochas sedimentares porosas como os arenitos evitando, dessa forma, que o CO2 volte à atmosfera. A captura e a estocagem do CO2 passaram a ser debatidas nos meios científicos e  consideradas por muitos, como uma solução mitigadora do aquecimento global.
No entanto, os testes em arenitos, demonstraram o que era esperado: o CO2, após injetado, percola gradativamente pelos poros da rocha e acaba voltando à atmosfera. Essa constatação jogou um balde de água fria nos ânimos dos defensores do sequestro de carbono.
Hoje, uma nova experiência em curso, pode demonstrar que o processo pode ser viável.
É a estocagem de CO2 em rochas basálticas.
O uso de basaltos ao invés de arenitos é preconizado por geólogos que acreditam que o CO2 irá reagir com o magnésio, cálcio e ferro, abundantes nos basaltos, formando carbonatos nos poros da rocha, que ficarão retidos na forma sólida e estável jamais retornando como gás à superfície.
O primeiro experimento está ocorrendo nos Estados Unidos, em basaltos próximos de Wallula em Washington, onde foram injetados 1.000 toneladas de CO2 a 800m de profundidade. O CO2 será monitorado pelos próximos anos quando então será testada essa teoria. O monitoramento será feito em furos de sondagem. Segundo estudos de laboratório a transformação de CO2 em carbonatos deverá ocorrer em menos de 10 anos.
A teoria tem seus céticos, como a Geóloga Susan Hovorka, especialista em sequestro de carbono, que acredita que o CO2 será diluído em águas subterrâneas e voltará à superfície e para a atmosfera com o tempo.
Outros vão mais longe ainda e dizem que o aquecimento global está acabado ou acabando e que as emissões de CO2 não estão aumentando as temperaturas terrestres...
Ainda vamos ver muitos desdobramentos dessa história.

A influência das junior companies na exploração mineral e na economia de um país

A influência das junior companies na exploração mineral e na economia de um país

 
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Há muito que se fala sobre a enorme influência que as junior companies tem na exploração mineral do mundo.

Uma junior da mineração é uma empresa que visa achar, desenvolver e, muitas vezes, lavrar jazimentos    minerais. Em geral, essas empresas buscam os seus recursos financeiros nas bolsas de valores, oferecendo suas ações aos investidores interessados em participar do risco.

Os casos de sucesso das junior companies já    ultrapassou fronteiras. São inúmeras as juniors que, da noite para o dia, se tornaram bilionárias através da descoberta de importantes jazimentos minerais.    Nestes casos de sucesso os investidores, também, receberam retornos milionários aos investimentos feitos.

Aos poucos, os sucessos das juniors foram tão elevados e avassaladores que as grandes empresas de mineração, as major companies, começaram a ser ultrapassadas tanto nos volumes de investimentos em pesquisa mineral, como nas descobertas de novas jazidas minerais. Este é um fenômeno, razoavelmente, recente que foi alavancado pelas bolsas de Toronto, Londres e Sidney nas duas últimas décadas.
O sucesso deste modelo é tamanho que as junior companies saíram do Canadá e da Austrália e se espalharam pelo mundo inteiro, focando principalmente na América Latina e África. A tendência é que no novo ciclo de crescimento, que se aproxima    rapidamente, o fenômeno das juniors da mineração será fortemente ampliado, relegando às major companies a pesquisa mineral das áreas adjacentes aos seus gigantescos depósitos e minas.

Para as juniors as áreas ficarão mais    ínvias e remotas, mas com retornos potenciais enormes.

É o caso dos sucessos estrondosos de empresas como a Turquoise Hill, de Friedland, que levaram muita junior a investir forte na Ásia, em países considerados tabu, como a Mongólia e China.
O principal motivo, que fez essas juniors saírem de sua zona de conforto e dos países desenvolvidos como os Estados Unidos, Canadá e Austrália é o elevado custo da pesquisa mineral nestes países.
 
O Canadá é famoso por seus investimentos bilionários na pesquisa mineral que se perpetuam através das décadas o que, definitivamente, não é o caso do Brasil. No entanto, existe um efeito perverso. Quanto mais se investe e se pesquisa mais difícil fica a descoberta de novos jazimentos que já não mais    estão na superfície em situações relativamente fáceis de se acessar. A nova descoberta, nesses países desenvolvidos, requer investimentos pesados em métodos como geofísica aérea e sondagem.
Mesmo assim, até no Canadá    moderno, com esses custos elevadíssimos da pesquisa mineral, as junior continuam investindo maciçamente e descobrindo importantes jazimentos minerais.
O gráfico abaixo mostra que as junior companies foram responsáveis por 36% dos investimentos em pesquisa mineral do Canadá, nos últimos 52 anos.
  junior investem no Canadá
 
No Canadá, de um total de 61 bilhões de dólares feitos na pesquisa mineral, 22 bilhões vieram das junior companies.

As junior investiram, sistematicamente, por 52 anos a fio uma média de 420 milhões de dólares em pesquisa mineral no Canadá, apesar das dificuldades e custos.
 
Está na hora de mudar o nome de junior company para mining exploration companies ou empresas de exploração mineral. Afinal, quem investe dezenas de bilhões de dólares em um só país, não pode ser considerada junior.
  Infelizmente esse é um nome consagrado. Mas, claramente, não faz jus à importância econômica dessas empresas de exploração e pesquisa mineral nos países em que elas investem.
A influência das junior companies vem crescendo exponencialmente nas últimas décadas como mostra o gráfico.
As consequências destes investimentos são, naturalmente, as descobertas das jazidas.
No Canadá, neste mesmo período de 52 anos, entre 1960 até 2012 foram descobertas 449 jazidas de grande relevância econômica conforme mostra o gráfico abaixo.



  descobertas junior canadáDessas 449 jazidas, 201 ou 45% foram descobertas pelas junior companies.
É nesse número que fica claro que as junior companies são muito mais eficientes na descoberta do que as gigantescas major da mineração.

Como as junior haviam gasto 35% de todo o capital investido na pesquisa mineral do Canadá em    52 anos seria natural que elas houvessem descoberto 157 jazidas (35%).
 
Mas esse não foi o caso.

Mesmo competindo com empresas maiores, melhor financiadas, com equipes técnicas maiores com acesso a enormes recursos    as junior foram muito mais eficientes e descobriram 201 jazidas ao invés das 157 previstas.

Pontos como esses acima demonstram o que    todos já sabem: as junior companies estão, cada vez mais sendo as maiores responsáveis pelas descobertas minerais no mundo. Em breve mais de 90% de todas as descobertas terão sido feitas por essas empresas. No gráfico acima é fácil de ver que de 2003 para cá isso já vem acontecendo, mesmo no Canadá onde os custos são elevados e proibitivos.

Aqui no Brasil o efeito junior company vai ser exacerbado.

As grandes empresas de mineração como a Rio Tinto, BHP-Billiton já não mais estão fazendo pesquisa mineral séria há décadas. Até mesmo a Vale que era a maior investidora em pesquisa mineral do país já colocou o pé no freio e se concentra quase que exclusivamente em torno dos seus grandes projetos como Carajás. As únicas    empresas que estão trabalhando de Norte a Sul desse Brasil são as junior companies. E são elas que são as responsáveis por quase todas as grandes    descobertas das últimas décadas.
  junior no Brasil
  Na imagem acima, extraída da Bolsa de Toronto, fica claro que  somente as empresas junior baseadas no Canadá investiram, em 2012, no meio da crise, 416 milhões de dólares em 154 projetos no Brasil.
É interessante observar que esse é o número médio que as junior investiram no Canadá ao longo de 52 anos.
A mesma imagem mostra, também, que apesar desses investimentos, nós não somos os queridinhos    dos investidores na América do Sul como muitos políticos e burocratas mal informados assim o querem. O Peru a Argentina e o Chile receberam mais investimentos e mais empresas juniors do que o Brasil, com toda a sua imensa área continental e geologia espetacular.

O motivo nós bem sabemos: o efeito perverso do Marco Regulatório da Mineração que aumenta os impostos substancialmente, ao mesmo tempo, em que dá ao Governo Brasileiro o controle total e absoluto dos negócios da mineração.
Naquela época, em 2012, os mineradores já estavam aterrorizados pela perda dos direitos de prioridade na pesquisa mineral como preconizava o Marco Regulatório da Mineração que circulava nos corredores do poder em Brasília. Some-se a isso a paralisação,    por parte do DNPM, de todas as concessões minerais desde 2011, não permitindo que as junior companies pudessem investir em novos projetos.

Temos que lembrar que esses números se referem, apenas, às junior companies listadas na    bolsa de Toronto. Existem ainda um bom número de empresas de mineração que atuam no Brasil e são listadas nas bolsas de Sidney na Austrália e de Londres.  
Ao todo acredita-se que, somente as junior companies investiram em pesquisa mineral no Brasil mais de 700 milhões de dólares em 2012.
  
Esse valor é muitíssimo maior do que os meros 12 milhões de dólares "investidos" pela CPRM, o Serviço    Geológico do Brasil, em 2012, conforme publicado no seu balancete.

  Esses números até que poderiam ser bem piores se considerarmos a gravidade dos pontos levantados acima. Talvez os números de 2013, quando liberados, mostrem uma queda de investimentos muito mais acentuada. Em 2013 os problemas do MRM continuam e foram exacerbados pela frase desastrosa do Ministro de Minas e Energia o Sr. Édison Lobão que chamou as junior companies brasileiras de “aventureiros e de especuladores”. A frase torna patente o desconhecimento do Ministro e de seus assessores, sobre a real importância das junior companies na economia do Brasil.

Essas empresas são responsáveis por inúmeras grandes e importantes descobertas minerais que agregam dezenas de bilhões de   dólares ao Brasil e sua população. Veja, abaixo, uma lista parcial das descobertas feitas por essas pequenas empresas de mineração:

1. Itafós    (Tocantins/Goiás)– 63 milhões de toneladas de minério fosfático com 5% de P2O5
  2. Autazes (Amazonas) – 500 milhões de toneladas de minério de potássio com 30% de KCl
3. Cerrado Verde (Minas Gerais)– 253 milhões de toneladas de óxido de potássio
4. Tocantinzinho (Tapajós-PA): 80 toneladas de ouro    contido
5. São Jorge (Tapajós-PA): 54 toneladas de ouro contido
6.    Cuiu-Cuiu (Tapajós-PA): 40 toneladas de ouro contido
7. Coringa (Tapajós-PA): 28 toneladas de ouro contido
8. Palito (Tapajós-PA): 21    toneladas de ouro contido
9. Ouro Roxo (Tapajós-PA): 20 toneladas de ouro contido
10. Boa Vista (Tapajós-PA): 10 toneladas de ouro contido.
11.    Volta Grande (Xingu-PA): 224 toneladas de ouro contido
12. Cachoeira (PA) 42 toneladas de ouro contido
13. Borborema (RN): 75 toneladas de ouro    contido
14. Mara Rosa (GO): 41 toneladas de ouro contido
15. Lavras do Sul (RS): 16 toneladas de ouro contido
16. Minas-Rio (MG) 6 bilhões de    toneladas de minério de ferro
17. Salinas (BA) 2,8 bilhões de toneladas de minério de ferro
18. Trairão (PA) 2,6 bilhões de toneladas de minério de    ferro
19. O2iron (TO) 1,50 bilhões de toneladas de minério de ferro
20. Caetité (BA) 1,1 bilhões de toneladas de minério de ferro
21. Viga,    Serrinha (BA) 1.1 bilhões de toneladas de minério de ferro
22. Urubu (BA) 0,70 bilhões de toneladas de minério de ferro
23. Ponto Verde (MG) 0,30    bilhões de toneladas de minério de ferro
24. Jucurutu (RN) 400 milhões de toneladas de minério de ferro
25. Zamapá (AM) 271 milhões de toneladas de    minério de ferro
26. Vila Nova (AM) 100 milhões de toneladas de minério de ferro
27. Jambreiro (MG) 120 milhões de toneladas de minério de ferro
  28. Onça-Puma (PA) 2,25 milhões de toneladas de níquel
29. Serrote da Lage (AL) 596.000 toneladas de cobre e 11,5 t de ouro

Fica óbvio que essas    pequenas empresas de mineração e pesquisa já são as maiores descobridoras, de  jazimentos minerais econômicos desta década no Brasil. O mais interessante é    que a maioria das descobertas só entrará em produção nos próximos anos. São trilhões de Reais de vendas a serem incorporados ao Patrimônio Nacional.
 
A conclusão que se chega é que as juniors de juniores não tem nada: as suas contribuições às economias onde elas investem são simplesmente enormes.
  Países com um grande potencial mineral, como o Brasil, deveriam, isso sim,  facilitar e desburocratizar para atrair essas empresas seus cérebros e seus investimentos, que    nada custam aos cofres públicos, mas que deixam uma rica herança, a ser colhida por gerações.


terça-feira, 26 de novembro de 2013

Garimpo: começa corrida pela cassiterita

Garimpo: começa corrida pela cassiterita


A recuperação do preço do estanho no mercado internacional, acompanhando a tendência de alta das commodities minerais observada nos últimos tempos, está fazendo ressurgir com força no Pará o garimpo de cassiterita, como é mais conhecido o minério de estanho. Em São Félix do Xingu, berço daquele que foi, na primeira metade da década de 1980, um dos maiores garimpos de cassiterita do Brasil, a garimpagem, retomada no primeiro semestre deste ano, já ocupa hoje perto de 1.500 pessoas, incluídas aquelas que desenvolvem atividades de apoio. O estanho tem como principal aplicação industrial a produção de soldas para a indústria eletroeletrônica.
O garimpo está localizado na mesma área onde foi explorada, há quase três décadas, a antiga mina de cassiterita, na hoje vila de São Raimundo, um próspero distrito de São Félix do Xingu localizado a cerca de 28 km de distância da sede do município. A comunidade local, que já havia se acostumado à rotina da atividade agropastoril, voltou a experimentar a febre do garimpo entre abril e maio deste ano, quando começaram a chegar ali as primeiras levas de garimpeiros procedentes de Ariquemes, berço histórico da exploração garimpeira de cassiterita no Brasil.
Acionada na época pela Prefeitura Municipal de São Félix do Xingu, preocupada com os impactos sociais e ambientais que se prenunciavam com a retomada da atividade garimpeira, a Superintendência do Departamento Nacional da Produção Mineral (DNPM) no Pará deslocou para aquele município, em julho deste ano, uma primeira equipe técnica. À frente do grupo, o superintendente João Bosco Pereira Braga implantou ali, em caráter pioneiro, um projeto que já vinha sendo maturado pela administração central do DNPM em Brasília. O projeto está hoje se ampliando no Pará e deverá futuramente ser estendido a todo o país.
A previsão é do geólogo Paulo Brandão, que representa a Diretoria de Gestão de Títulos Minerários do DNPM no projeto Coordenação de Ordenamento Mineral (Cordem). “Este é um projeto piloto que vai ser levado às demais superintendências do DNPM em todo o Brasil”, disse ele na quinta-feira, ao participar, em Belém, da entrega dos dois primeiros títulos de Permissão de Lavra Garimpeira (PLG) em São Félix do Xingu. A beneficiada foi a Cooperativa dos Garimpeiros de Ariquemes, entidade que congrega, principalmente, os trabalhadores responsáveis pela retomada da exploração mineral no município.
Outras duas cooperativas – a Coomix e a Coogata – já estão organizadas e deverão em breve receber também os seus títulos de lavra. Conforme esclareceu o superintendente João Bosco Braga, o DNPM optou por estimular o associativismo e o cooperativismo no ordenamento da atividade. “É muito mais fácil você dialogar e encaminhar a solução de problemas com uma entidade do que se entender individualmente com centenas ou milhares de trabalhadores”, enfatizou.
João Bosco informou que o garimpo de Vila São Raimundo está em áreas tituladas no século passado em nome de três grandes mineradoras – Vale (na época, a estatal Companhia Vale do Rio Doce), a Metalmig, de São Paulo, e a Mineração Planície Amazônica, uma subsidiária da Paranapanema. Ele disse que o preço do estanho, como de toda commodity mineral, costuma oscilar bastante. Na década de 1980, por exemplo, uma brusca queda de preço, da ordem de 70%, provocou a paralisação das atividades no Pará. Atualmente, a cassiterita está cotada a US$ 15,4 mil a tonelada e o estanho em torno de US$ 22 mil.
Desafio é legalizar a pequena mineração
Tendo como principais parceiros as prefeituras e o Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), o DNPM pretende levar o projeto Coordenação de Ordenamento Mineral (Cordem/Pará) a 47 municípios paraenses. O primeiro foi São Félix do Xingu; o segundo, o polo oleiro-cerâmico de São Miguel do Guamá e Irituia. “A grande mineração está resolvida no Pará. O nosso desafio será ordenar e legalizar a pequena mineração”, afirmou o superintendente João Bosco Braga.
O superintendente do DNPM observou que a cadeia mineral, mantida pelas indústrias extrativa e de transformação, responde hoje por 45 mil empregos. Só o polo oleiro-cerâmico de São Miguel do Guamá e Irituia, segundo ele, garante ocupação e renda para cerca de 30 mil pessoas, enquanto os garimpos remanescentes do Tapajós empregam hoje em torno de 40 mil trabalhadores. “Eu não ponho em dúvida a enorme importância da grande mineração para a economia brasileira nem estou discutindo a qualidade do emprego. O que eu quero mostrar é que a pequena mineração precisa também ser valorizada”, acrescentou.
João Bosco Braga disse que o Cordem será desenvolvido no Pará tendo em mira três grandes alvos. O primeiro, as regiões de garimpos – de ouro, cassiterita e gemas. O segundo, os minerais empregados em larga escala na construção civil, especialmente areia, brita e seixo, mapeados e dispersos por três grandes por três grandes áreas – a região metropolitana, o polo Santarém e o polo Marabá/Carajás. Como terceiro alvo o DNPM aponta os polos oleiro-cerâmicos, que no Pará são dois, hoje claramente identificados: o de São Miguel/Irituia e o de Santarém.
Também dispersa é a distribuição de garimpos, conforme destacou João Lobo Braga. Os de ouro estão localizados principalmente nos vales do Tapajós e do Gurupi – abrangendo os municípios de Viseu, Cachoeira e Nova Esperança do Piriá, além de pequenas ocorrências esparsas e sazonais na região de Rio Maria e Redenção. De acordo com o DNPM, são três as áreas garimpeiras que até hoje produzem gemas no Pará – a de ametista em Marabá, a de opala e diamantes em São Geraldo do Araguaia e a de diamantes do rio Cupari, em Itaituba.
João Bosco Braga destacou que o garimpo de ametista do alto Bonito, entre Marabá e Paruapebas, ainda em operação, foi talvez o maior produtor do Brasil. Se não em volume, certamente no tocante à pureza e à qualidade. “A ametista do Pau d’Arco (como ela era conhecida na época e que nada tem a ver com o atual município do mesmo nome) era a melhor do Brasil”, enfatizou.

Garimpo, imagens aéreas

Garimpo, imagens aéreas


Impressionantes as imagens aéreas de garimpo na região de Madre de Dios, Cusco e Guacamayo, no Peru.

De um lado, as imagens mostram o preço que a natureza paga pela retirada do ouro, do outro, o gráfico mostra o ‘real’ preço do ouro nos últimos 50 anos. (comentário de Débora Carpe)

As the price of gold rises, the ecological cost mounts

Illegal gold mine in Peru.
Illegal gold mine established in 2009 in the department of Madre de Dios. This mine encroaches on Tambopata Reserve. All photos by Rhett A. Butler.

The surging price of gold is impacting some of the world’s most important ecosystems: tropical forests.

Rainforests across the Amazon — Brazil, Guyana, Suriname, French Guiana, Colombia, Venezuela, Bolivia, and Peru — are being dug up for gold. Much of the mining is illegal and therefore little controlled: toxic compounds like mercury and cyanide is dumped into rivers and streams, affecting wildlife and downstream populations. Commercial bushmeat hunters poach animals in the forests around the mines.

These photos were taken yesterday and today in the Peruvian Amazon where a gold rush has been particularly damaging: the region is arguably the most biodiverse place on Earth.

Price of gold, 1960-2011.
Price of gold, 1960-2011

Gold mine in Peru.
Lamal gold mine in Peru

Gold mining in Peru.
Gold mining in Peru

Muddy toxin-laden river that drains the Río Huaypetue gold mine joining a clearwater river in the Peruvian Amazon.
Muddy toxin-laden river that drains the Río Huaypetue gold mine joining a clearwater river in the Peruvian Amazon

Alluvial gold mining in Peru. Guacamayo or Lamal gold mine.
Guacamayo or Lamal gold mine.

Deforestation caused by gold mining in Peru.

Damage from gold mining in Peru.

Gold mine outside of Puerto Maldanado, Peru.
Gold mine outside of Puerto Maldonado, Peru

Río Huaypetue gold mine in Madre de Dios.
Río Huaypetue gold mine in Madre de Dios

Río Huaypetue gold mine.
Río Huaypetue gold mine

Guacamayo gold mine outside of Cusco, Peru.
Guacamayo gold mine outside of Cusco, Peru

Rio Huaypetue mine outside of Cusco, Peru.
Rio Huaypetue mine outside of Cusco, Peru
But gold mining is taking a toll in forests outside the Amazon: Madagascar, Indonesia, Central America, and West and Central Africa are among the tropical countries and regions that have been particularly affected by gold fever.

Diamantes do médio rio Jequitinhonha, Minas Gerais:

Diamantes do médio rio Jequitinhonha, Minas Gerais: qualificação gemológica e análise granulométrica

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RESUMO
Os depósitos aluvionares da bacia do Rio Jequitinhonha, em Minas Gerais, constituíram a fonte da maior parte dos diamantes produzidos no Brasil desde 1714 até meados da década de 1980. Essa importância histórica e econômica motivou a apresentação dos dados quanto à granulometria e qualificação gemológica dos diamantes nas áreas de concessão das mineradoras Tejucana e Rio Novo. Em adição, a amostragem adquirida em 14 pontos ao longo do rio é instrumental para a composição de um banco de dados, tendo em vista a identificação da origem de populações de diamantes. No mega-lote estudado, constituído por 186.052 pedras (17.689 ct), merece ser destacada a grande proporção (82,2%) de diamantes gemológicos.
Palavras-chave: Rio Jequitinhonha, diamante, distribuição granulométrica, qualidade gemológica.

ABSTRACT
The Jequitinhonha River basin alluvial deposits, in Minas Gerais, were the source of most of the Brazilian diamond production since 1714 until the last middle eighties. This historical and economical importance is in itself a reason to publish grain-size and gemological quality data concerning the diamonds of the Tejucana and Rio Novo mining companies concession areas. In addition, extensive sampling (186,052 stones or 17,689 ct) on 14 locations along the river can contribute to create an important database to identify the origin of different diamond populations. Among other observations, the high proportion (82,2%) of gem diamonds should be stressed.
Keywords: Jequitinhonha River, diamond, grain-size distribution, gemological quality.



1. Introdução
Diamantes foram descobertos no Brasil nas proximidades de Diamantina, centro-norte de Minas Gerais, ao início do século XVIII. Nesse contexto, a bacia hidrográfica do rio Jequitinhonha se destaca por sua importância, não só histórica, como também comercial, uma vez que a maior parte dos diamantes daquele distrito foram produzidos sobre tal bacia, nas suas porções superior e média. No médio curso do rio Jequitinhonha, os aluviões são mais largos, permitindo a operação de grandes dragas de alcatruzes, como as das mineradoras Tejucana e Rio Novo, ao contrário do que ocorre no seu alto curso. O objetivo do presente trabalho é apresentar os dados quanto a granulometria e qualidade comercial referentes à produção de diamantes do Médio Jequitinhonha. Além disso, busca-se compor um banco de dados que apóie o desenvolvimento de um modelo para a identificação da origem de diferentes populações de diamantes.

2. Depósitos diamantíferos do rio Jequitinhonha
Na porção superior do rio Jequitinhonha, os vales são apertados, freqüentemente formando canyons entalhados sobre as rochas quartzíticas da serra do Espinhaço. Nessa área, como a largura dos aluviões raramente excede os 20 m, somente atividades garimpeiras são viáveis. A partir da localidade de Mendanha (Figura 1), o rio ganha o seu médio curso, desenvolvendo aluviões mais largos, muitas vezes com o flat alcançando 1.000 m de largura, onde as companhias Tejucana (atualmente com os serviços interrompidos) e Rio Novo operam diversas dragas de alcatruzes, acompanhadas, respectivamente, de dragas de sucção (Figura 2). No processo minerador, a draga de sucção segue à frente retirando o capeamento arenoso, estéril, enquanto a draga de alcatruzes, em seguida, escava, recolhe e trata o cascalho basal do depósito, rico em diamantes (ouro também é recuperado como subproduto).






A lavra de diamantes aluvionares do rio Jequitinhonha abrange exclusivamente sua calha atual, de idade recente a sub-recente. A fonte desses diamantes está concentrada nos conglomerados proterozóicos intercalados na Formação Sopa-Brumadinho, aflorantes em porções altas da serra do Espinhaço nas cabeceiras do rio e sua margem oeste (Figura 1), constituindo, assim, um novo ciclo geológico de erosão-deposição. A forte queda no gradiente do rio, com altitudes entre 1.200-1.500 m no espigão serrano para 700-600 m na área da jazida, fez com que os diamantes fossem reconcentrados nesse trecho aluvionar estudado (Figura 3-A). Na área de concessão da Mineração Rio Novo, mais ou menos na parte central do depósito (em termos longitudinais), a espessura média do cascalho mineralizado é de 4 m, para uma cobertura estéril que, em geral, alcança porte similar (Figura 3-B).



 
3. Identificação da fonte de lotes de diamantes
Desde quando foi percebido que a produção diamantífera de certos países africanos, como Angola, Serra Leoa e Congo, estava atrelada ao financiamento de grupos engajados em guerras civis locais (os chamados conflict diamonds, também conhecidos em português como "diamantes-de-sangue"), uma campanha internacional patrocinada pela ONU tem procurado impor sanções à importação de material desses países. Além disso, a comunidade consumidora, sentindo-se moralmente abalada por tais acontecimentos, estimulou a pesquisa de propostas científicas visando a conhecer a real procedência dos lotes de diamantes, para evitar que essa produção chegasse aos grandes centros lapidadores. Entretanto, logo ficou claro que inexistiam metodologias científicas seguras capazes de identificar tal procedência (Janse, 2000; Shigley, 2002).
Desde longa data se tem percebido que diferentes depósitos diamantíferos, desde os primários, mostram particularidades específicas (Lewis, 1887). Nesse sentido, as médias de tamanho, valor ou qualidade gemológica, a freqüência relativa de formas cristalográficas, a presença de certas variedades, bem como outras propriedades químicas afins, poderiam ser relacionados com certos depósitos ou áreas diamantíferas. Estudos nesse sentido foram inicialmente propostos para alguns kimberlitos sul-africanos (Harris et al., 1975, 1979), norte-americanos (Otter et al., 1994) e para os pláceres costeiros da Namíbia (Sutherland, 1982). No Brasil, estudos semelhantes incluíram os diamantes da mina de Romaria - Triângulo Mineiro (Svisero & Haralyi, 1985), do rio Tibagi - Paraná (Chieregatti, 1989) e da serra do Espinhaço - norte de Minas Gerais (Chaves, 1997; Chaves et al., 1998).
Diversos autores (Chambel, 2000a,b; Chaves et al., 1998; Janse, 2000; Shigley, 2002) procuraram enfatizar que os diamantes de determinado depósito têm uma história geológica comum e, assim, devem possuir características que são "únicas" para cada depósito. Documentando tais características, elas poderiam conduzir à identificação do local de origem do lote de diamantes. Para isso, entretanto, precisa-se envolver análises estatísticas sobre populações de diamantes com grande número de indivíduos e os resultados precisam de ser compilados dentro de um programa de dados para cada área produtora de diamantes do mundo. Tal assinatura mineralógica, ainda que bastante fácil de se obter nas jazidas em fontes primárias, torna-se mais complicada em relação aos depósitos secundários, muitas vezes dispersos sobre grandes regiões. A apresentação dos dados referentes aos aluviões do rio Jequitinhonha pretende ser uma contribuição a tal proposta.

4. Discussão dos dados
Na área da Cia. Tejucana, os dados utilizados, no presente estudo, compõem-se de 14 parcelas correspondendo à produção mensal de cinco dragas (T1-T5), quando em plena operação nas décadas de 1980-90 (Figura 1, Tabela 1). Tal produção foi classificada originalmente pelos técnicos dessa companhia em termos granulométricos e comerciais, nos quatro grupos principais: (1) diamantes gemológicos de 1ª qualidade, (2) diamantes gemológicos de 2ª qualidade, (3) chips e (4) diamantes industriais. Os chips correspondem a diamantes de qualidade gemológica inferior, por apresentarem cristalização irregular ou geminada (Chaves & Chambel, 2003). Nesse trabalho, os diamantes de melhor qualidade (1ª/2ª) foram agrupados constituindo os diamantes "gemas", conforme referido nas Tabelas 3, 4 e 5.
Em relação aos estudos realizados na área de concessão da Mineração Rio Novo, somente duas amostragens foram utilizadas (janeiro e junho/1994), referentes a cerca da metade da produção mensal em porções distintas do setor de lavra conhecido como "Lagoa Seca" (jusante e montante), um distando do outro cerca de 1.000 m (Figura 1). Tal produção era proveniente de uma das duas dragas em operação pela companhia ("Maria Bonita"), pois, desde 1989, a mesma trabalhava também com a draga "Chica da Silva" (ou T1), adquirida da Mineração Tejucana. Para melhor entendimento das análises fornecidas, o trecho estudado do rio Jequitinhonha foi ainda dividido em dois setores, designados de "bloco montante" e "bloco jusante".
Há que se lamentar a falta de dados entre as localidades de Mendanha e Maria Nunes, onde os teores com certeza foram maiores por estarem logo à frente do espigão serrano (Figura 1). Sem dúvida, nesse trecho do rio Jequitinhonha, os serviços estavam concentrados na época da Coroa Portuguesa, a julgar pelos relatos de Mawe (1812) e Eschwege (1833). Com os dados fornecidos na Tabela 1, a impressão inicial é de que não existe correlação entre a distribuição das médias de peso/tamanho das pedras com o distanciamento de montante para jusante. Ainda que se verifique uma drástica diminuição desses valores desde o ponto 1 (resultando em 3 pedras para cada quilate) até o ponto 14 (19 pedras/ct), nos pontos intermediários os dados apresentam-se aparentemente caóticos.
Dessa maneira, poder-se-ia, em princípio, deduzir que as distribuições granulométricas, bem como os teores em diamantes, são bastante variáveis, provavelmente em dependência do posicionamento das cabeceiras dos tributários da margem esquerda do rio (Tabela 1 - Coluna 5). Produções (e teores) maiores determinariam o quanto de superfície tal sub-bacia teria drenado áreas de afloramento do Conglomerado Sopa. Entretanto, juntando-se os dados para trechos maiores do rio, conforme a coluna 6 da mesma tabela, observa-se uma notável regularidade na diminuição das médias de tamanho das pedras, desde 5,17 pedras/quilate na área de lavra da T3 - no início do bloco montante, até 19,36 p/ct na área da T4 - ao final do bloco jusante.
Em termos de granulometria (Tabela 2), a faixa preferencial, em função do peso dos diamantes (a qual se considera como a melhor maneira de se interpretar os dados), está concentrada no crivo [>12 <19], a qual inclui diamantes de peso médio de 0,33 ct, com a média geral de 35,3%. Interessante lembrar que tal classe, conhecida no meio comercial como 3/1 (três pedras por quilate), apresenta valores médios bastante apreciáveis de comercialização, pois ela é largamente utilizada na confecção de brilhantes de pequeno porte (@0,10 ct), os mais procurados em termos de "volume" de vendas em joalherias.
Em relação às qualidades gemológicas dos lotes (Tabelas 3, 4, 5), algumas observações se destacam: (1) em função do peso, a classe de granulometria [>12 <19] também apresenta amplo predomínio em termos de diamantes gemológicos de alta qualidade, variando entre 19,6-31,0%, com média de 26,5% para este crivo nos sete pontos do bloco montante, e 10,1-27,8% no bloco jusante (média de 20,2%); (2) a média total de diamantes lapidáveis (gemas + chips) atingiu o máximo de 93,5% (Ponto 3 - bloco montante), com média geral de 82,2% sobre o "mega-lote" (todos os 14 pontos), pesando 17.689 ct, com 186.052 pedras.

5. Considerações finais
As mineradoras Tejucana e Rio Novo representam raríssimas excessões no cenário nacional, no sentido de operações racionais e organizadas de lavras diamantíferas. O estudo dos dados de produção dessas empresas, por conseguinte, constitui uma excelente oportunidade de se trabalhar com dados precisos e confiáveis, para uma atividade em geral desorganizada e dominada por atividades garimpeiras. Ressalte-se também o fato de que ambas as mineradoras estão com suas reservas à beira da exaustão, tornando o estudo ainda mais premente. As populações de diamantes, ora estudadas, serão ainda úteis na criação de um grande banco de dados, visando a conhecer a proveniência geográfica de lotes de diamantes através de suas características mineralógicas.
Os diamantes do Médio Jequitinhonha, assim, embora de tamanhos médios bastante reduzidos e constituírem uma parcela ínfima da produção mundial (considerando uma produção mundial de 100.000.000 ct/ano e a produção do rio Jequitinhonha em 100.000 ct/ano - isto significaria 0,1% daquele montante), podem ser considerados bastante interessantes pelos seus conteúdos histórico e comercial. Afinal, a bacia desse rio foi por quase 160 anos, a maior produtora mundial de diamantes. Além disso, tal produção representa uma das maiores freqüências médias mundiais de diamantes gemológicos (82,2%, conforme demonstrado). Por isso, ainda atualmente a cidade de Diamantina constitui um importante pólo de comercialização de diamantes em termos internacionais.

6. Agradecimentos
Agradecimentos especiais são direcionados à Min. Tejucana na pessoa de seu diretor, Eng. Fernando Vieira (Diamantina), pelo acesso aos dados dessa mineradora e autorização para publicação dos mesmos, bem como à Min. Rio Novo e ao seu geólogo-chefe à época, Dr. Ronald Fleischer (Belo Horizonte), pelas facilidades e gentilezas prestadas.