sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Minério de ferro: a era dos minidepósitos?

Minério de ferro: a era dos minidepósitos?
Quando se fala em jazimentos de minério de ferro sempre pensamos em tamanhos fora da escala, em bilhões de toneladas. Ou, mais raramente, em pequenos depósitos de altíssimo teor com minério saindo direto do britador para o forno.
Nunca, até hoje, havíamos visto no Brasil um projeto baseado em um depósito de pouco mais de 100 milhões de toneladas de minério, um minidepósito se comparado aos gigantescos da Vale, CSN, Minas-Rio, O2iron , Caetité e outros que estão em fase de construção. O mais interessante é que este  minidepósito tem os teores de ferro bem abaixo dos teores de outros jazimentos brasileiros.
 Estamos falando de Jambreiro, uma jazida controlada pela australiana Centaurus Metals que tem 128Mt e um teor médio de apenas 27,2%.
O que faz Jambreiro interessante do ponto de vista econômico?
O pulo do gato nesse jazimento está nos baixos custos de lavra e processamento. O minério é friável e pode ser cominuído em moinho de bolas, com baixíssimo custo. O undersize terá um processo simples e barato de beneficiamento com jigs, espirais de concentração e separação magnética que fará um produto, de baixo custo, com 65% Fe.
Desta forma serão concentrados, durante a vida útil da mina, 18 milhões de toneladas a 65% de Fe. O all-in cash cost sera baixo: US$22/t FOB mina. O CAPEX total é de US$53 milhões o que deve gerar um lucro de algumas centenas de milhões de dólares ao longo de 18 anos e uma TIR de 33%.
Tudo isso com uma produção anual de apenas 1Mt de concentrado... Já com o relatório aprovado e com as licenças em dia a produção deverá iniciar no primeiro trimestre de 2015.
Será uma nova tendência na mineração de ferro? Um caso de Davi contra Golias?
O que conta em um caso desses, são as margens de lucro. No caso de Jambreiro o minério concentrado deve ser vendido no Brasil, mas, na pior das hipóteses, chegará a qualquer porto Chinês com um custo ainda bem abaixo dos US$60/t. Ou seja, com um preço altamente competitivo. 

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Um novo gold rush na África do Sul cria, também, uma corrida imobiliária

Um novo gold rush na África do Sul cria, também, uma corrida imobiliária

Por Pedro Jacobi  
LinkedIn  


Durante séculos os rejeitos das profundas minas de ouro do Witwatersrand se acumularam nas proximidades de Johannesburg e Pretória, ao longo de quilômetros quadrados de áreas perdidas,  nas margens da bacia sedimentar do Wits. O acúmulo de rejeitos passou a ser uma herança maldita desde a descoberta dos imensos jazimentos de ouro do Witwatersrand, que causou uma das maiores corridas de ouro do mundo, em 1886.
No entanto a visão de uns e a tecnologia de outros está mudando a economia do lugar.
Esses rejeitos contêm quantidades econômicas de ouro que são o resultado da lavra de minérios de alto teor em épocas de menor tecnologia e recuperações mais baixas.
A cidade literalmente envolveu esses tailings e o que se vê é um risco aos milhões de habitantes das redondezas.
Pois bem, hoje, com os avanços tecnológicos, milhões de toneladas de rejeitos, antes um risco, começam a ser tratados e o seu ouro contido recuperado. O processo de recuperação dos rejeitos não só recupera o ouro, mas, também, o meio ambiente, a paisagem e alimenta a mais nova corrida imobiliária da região. Áreas antes ocupadas pelas pilhas de rejeito voltam a ser ocupadas por projetos imobiliários que fazem um novo boom econômico em Johannesburg ao mesmo tempo em que injetam significativas somas nos cofres das mineradoras de ouro do Witwatersrand.
Em alguns casos como em Mogale, os rejeitos ainda tem uma concentração de urânio que deverá ser tratada antes que a área seja entregue à população.
Estima-se que mais de 40% de todo o ouro ainda contido nos rejeitos serão recuperados independente da granulometria.
É a mais nova corrida de ouro da África do Sul e uma interessante lição aos mineradores do mundo todo.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Mistérios da Geologia: luzes associadas aos terremotos são explicadas

Mistérios da Geologia: luzes associadas aos terremotos são explicadas

Por Pedro Jacobi  
LinkedIn  


Por muitos séculos misteriosas luzes  foram observadas antes, durante e depois de  terremotos. Essas luzes já tiveram as explicações mais controversas. Até UFOs  foram considerados como os causadores delas. Em geral, as luzes, são descritas  como bolas de fogo, esferas de luz ou chamas que oscilam segundos antes de um  terremoto (veja as fotos).
 Os geólogos, no entanto, acreditavam que elas estariam relacionadas a  ambientes geológicos tipo rifts e que deveria existir uma explicação bem mais  simples e científica.
Somente agora, pela primeira vez, um estudo científico publicado pela  Seismological Research Letters assinado pelo geólogo canadense Robert Thériault  propõe um mecanismo para explicar essas misteriosas luzes.
O grande problema com esse estudo é a falta de precisão nas descrições feitas  pelos observadores. Esses sempre adicionam um elemento pessoal, não científico,  que acaba comprometendo os estudos subsequentes. Observações documentadas e  filmadas, como as de Pisco em 2007, no terremoto de 8.0, no Peru, são raras. Esses  filmes, feitos por câmaras de segurança, foram comparados com os dados  sismográficos e mostram que as luzes ocorreram ao mesmo tempo em que as ondas  sísmicas se propagavam.
O estudo publicado por  Thériault levou em consideração todos os relatórios considerados  “confiáveis” desde o ano 1.600 até hoje. Dos 65 terremotos estudados 56 ocorreram em  uma zona de rift e 97% desses casos estavam associados a uma falha vertical e  nunca a falhas de baixo ângulos.
Os autores sugerem que o stress causado pelo atrito no plano de falha, durante  um terremoto, gera cargas elétricas que se propagam principalmente em planos de  falhas verticalizados. Essas cargas positivas, ao atingir a superfície formam  fortes campos elétricos que ionizam os gases e criam as luzes.
Os estudos laboratoriais indicam que esses campos elétricos podem ser mais  frequentes em alguns tipos de rochas do que outros.


Ano novo chinês se aproxima: será a virada do ouro?

Ano novo chinês se aproxima: será a virada do ouro?
No dia 31 de janeiro será a passagem para o ano novo Chinês, o ano do cavalo. Esta proximidade é, também, o momento em que a China costuma intensificar a compra do ouro, uma tradição milenar. O ouro futuro já subiu $23/oz,  para entrega em fevereiro, refletindo as expectativas dos investidores. Já o ouro para março subiu neste novo ano mais de 4%.
Tudo em linha com o ano novo chinês e com as expectativas do mercado. Ainda é cedo para chamar esses aumentos de uma virada nos preços do ouro, mas fique atento, pois se houver uma virada real neste trimestre ela pode acontecer agora com a pressão compradora do ano do cavalo chinês.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Garimpo: começa corrida pela cassiterita

Garimpo: começa corrida pela cassiterita

A recuperação do preço do estanho no mercado internacional, acompanhando a tendência de alta das commodities minerais observada nos últimos tempos, está fazendo ressurgir com força no Pará o garimpo de cassiterita, como é mais conhecido o minério de estanho. Em São Félix do Xingu, berço daquele que foi, na primeira metade da década de 1980, um dos maiores garimpos de cassiterita do Brasil, a garimpagem, retomada no primeiro semestre deste ano, já ocupa hoje perto de 1.500 pessoas, incluídas aquelas que desenvolvem atividades de apoio. O estanho tem como principal aplicação industrial a produção de soldas para a indústria eletroeletrônica.

O garimpo está localizado na mesma área onde foi explorada, há quase três décadas, a antiga mina de cassiterita, na hoje vila de São Raimundo, um próspero distrito de São Félix do Xingu localizado a cerca de 28 km de distância da sede do município. A comunidade local, que já havia se acostumado à rotina da atividade agropastoril, voltou a experimentar a febre do garimpo entre abril e maio deste ano, quando começaram a chegar ali as primeiras levas de garimpeiros procedentes de Ariquemes, berço histórico da exploração garimpeira de cassiterita no Brasil.

Acionada na época pela Prefeitura Municipal de São Félix do Xingu, preocupada com os impactos sociais e ambientais que se prenunciavam com a retomada da atividade garimpeira, a Superintendência do Departamento Nacional da Produção Mineral (DNPM) no Pará deslocou para aquele município, em julho deste ano, uma primeira equipe técnica. À frente do grupo, o superintendente João Bosco Pereira Braga implantou ali, em caráter pioneiro, um projeto que já vinha sendo maturado pela administração central do DNPM em Brasília. O projeto está hoje se ampliando no Pará e deverá futuramente ser estendido a todo o país.

A previsão é do geólogo Paulo Brandão, que representa a Diretoria de Gestão de Títulos Minerários do DNPM no projeto Coordenação de Ordenamento Mineral (Cordem). “Este é um projeto piloto que vai ser levado às demais superintendências do DNPM em todo o Brasil”, disse ele na quinta-feira, ao participar, em Belém, da entrega dos dois primeiros títulos de Permissão de Lavra Garimpeira (PLG) em São Félix do Xingu. A beneficiada foi a Cooperativa dos Garimpeiros de Ariquemes, entidade que congrega, principalmente, os trabalhadores responsáveis pela retomada da exploração mineral no município.

Outras duas cooperativas – a Coomix e a Coogata – já estão organizadas e deverão em breve receber também os seus títulos de lavra. Conforme esclareceu o superintendente João Bosco Braga, o DNPM optou por estimular o associativismo e o cooperativismo no ordenamento da atividade. “É muito mais fácil você dialogar e encaminhar a solução de problemas com uma entidade do que se entender individualmente com centenas ou milhares de trabalhadores”, enfatizou.

João Bosco informou que o garimpo de Vila São Raimundo está em áreas tituladas no século passado em nome de três grandes mineradoras – Vale (na época, a estatal Companhia Vale do Rio Doce), a Metalmig, de São Paulo, e a Mineração Planície Amazônica, uma subsidiária da Paranapanema. Ele disse que o preço do estanho, como de toda commodity mineral, costuma oscilar bastante. Na década de 1980, por exemplo, uma brusca queda de preço, da ordem de 70%, provocou a paralisação das atividades no Pará. Atualmente, a cassiterita está cotada a US$ 15,4 mil a tonelada e o estanho em torno de US$ 22 mil.
Desafio é legalizar a pequena mineração

Tendo como principais parceiros as prefeituras e o Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), o DNPM pretende levar o projeto Coordenação de Ordenamento Mineral (Cordem/Pará) a 47 municípios paraenses. O primeiro foi São Félix do Xingu; o segundo, o polo oleiro-cerâmico de São Miguel do Guamá e Irituia. “A grande mineração está resolvida no Pará. O nosso desafio será ordenar e legalizar a pequena mineração”, afirmou o superintendente João Bosco Braga.

O superintendente do DNPM observou que a cadeia mineral, mantida pelas indústrias extrativa e de transformação, responde hoje por 45 mil empregos. Só o polo oleiro-cerâmico de São Miguel do Guamá e Irituia, segundo ele, garante ocupação e renda para cerca de 30 mil pessoas, enquanto os garimpos remanescentes do Tapajós empregam hoje em torno de 40 mil trabalhadores. “Eu não ponho em dúvida a enorme importância da grande mineração para a economia brasileira nem estou discutindo a qualidade do emprego. O que eu quero mostrar é que a pequena mineração precisa também ser valorizada”, acrescentou.

João Bosco Braga disse que o Cordem será desenvolvido no Pará tendo em mira três grandes alvos. O primeiro, as regiões de garimpos – de ouro, cassiterita e gemas. O segundo, os minerais empregados em larga escala na construção civil, especialmente areia, brita e seixo, mapeados e dispersos por três grandes por três grandes áreas – a região metropolitana, o polo Santarém e o polo Marabá/Carajás. Como terceiro alvo o DNPM aponta os polos oleiro-cerâmicos, que no Pará são dois, hoje claramente identificados: o de São Miguel/Irituia e o de Santarém.

Também dispersa é a distribuição de garimpos, conforme destacou João Lobo Braga. Os de ouro estão localizados principalmente nos vales do Tapajós e do Gurupi – abrangendo os municípios de Viseu, Cachoeira e Nova Esperança do Piriá, além de pequenas ocorrências esparsas e sazonais na região de Rio Maria e Redenção. De acordo com o DNPM, são três as áreas garimpeiras que até hoje produzem gemas no Pará – a de ametista em Marabá, a de opala e diamantes em São Geraldo do Araguaia e a de diamantes do rio Cupari, em Itaituba.

João Bosco Braga destacou que o garimpo de ametista do alto Bonito, entre Marabá e Paruapebas, ainda em operação, foi talvez o maior produtor do Brasil. Se não em volume, certamente no tocante à pureza e à qualidade. “A ametista do Pau d’Arco (como ela era conhecida na época e que nada tem a ver com o atual município do mesmo nome) era a melhor do Brasil”, enfatizou.