sábado, 19 de abril de 2014

No interior do PI, exploração de opala

No interior do PI, exploração de opala garante 1º emprego e renda a famílias

Pedro II vive da agricultura e da exploração da opala e venda das joias.
Em alta qualidade, pedra é encontrada apenas no Piauí e na Austrália.

 No passado, o garimpo da opala no interior do Piauí não garantia mais que um ano de renda para os trabalhadores da região, já que o dinheiro da exploração desordenada da pedra costumava ser gasto com a mesma facilidade com que era retirado das minas.
Mas, nos últimos cinco anos, o que era “perdição” para muitos garimpeiros virou negócio em Pedro II. Por ano, a cidade vende perto de 400 quilos de joias feitas com a pedra para os mercados interno e externo. E só 10% dos recursos minerais que existem no município foram explorados.
Desde a extração da opala, encontrada em alta qualidade apenas no Piauí e na Austrália, até o design das peças passa pelas mãos dos pedro-segundenses, permitindo que muitos vivam só disso. Na família de Osmarina Uchôa, 40 anos, o garimpo das pedras cabe ao seu marido e a criação das joias, à sua imaginação.
Francisco Carneiro da Silva Filho, 24 anos, preferiu ficar longe das lavouras e se especializar em lapidação (Foto: Anay Cury/G1)Francisco Carneiro da Silva Filho, 24 anos, preferiu ficar longe das lavouras e se especializar em lapidação (Foto: Anay Cury/G1)
Há seis meses Osmarina abriu uma loja no centro de Pedro II, a Pedra Joia, emprega dois funcionários e disse ter faturamento bruto de R$ 4.000 por mês. “Meu sonho agora é terminar de registrar meu negócio como loja mesmo, ser dona da minha microempresa. Quero fazer cursos e ampliar esse comércio”, afirmou Osmarina, que antes era funcionária da prefeitura de Pedro II.
Osmarina, dona da loja Pedra Joia, em Pedro II (Foto: Anay Cury/G1)Osmarina, dona da loja Pedra Joia, em
Pedro II
As perspectivas positivas da renda que a opala pode gerar estão estimulando jovens do pequeno município a investirem na venda das joias, ampliando o tamanho das lojas e procurando pontos com melhor localização, “para vender mais”. “Me mudei aqui para o centro há uns meses, já pensando no Festival de Inverno. Vem gente não só do Piauí, mas de vários estados. Eles ficam bem em frente da nossa loja, então conseguimos vender bastante. O estoque está cheio”, disse Wellington Rodrigues, 22 anos, sócio, com o seu irmão, da ALTA.L & Joias.

Dono de uma das maiores e mais antigas lojas da cidade, inaugurada em 1992, Juscelino Souza também é uma dessas pessoas que apostaram tudo o que tinham na opala, seguindo, de certa maneira, os passos do pai, que era garimpeiro. No ateliê onde produz as peças – desde a lapidação até a ourivesaria – o empresário emprega 18 funcionários. Para a maioria, é o primeiro emprego. Quando começou, eram só oito, mas, à medida que as pedras começaram a cair no gosto de estrangeiros, a joalheria teve de ser expandida. No início, 90% do que era produzido por Juscelino tinha a exportação como destino, chegando principalmente a França, Alemanha e Estados Unidos.
No entanto, nos últimos anos, a crise que vem atingindo esses países está fazendo com que o empresário comece a focar mais no mercado interno, que hoje responde por 80% do seu faturamento - que chega a R$ 500 mil por ano.
“Os brasileiros estão conhecendo e apreciando mais as joias feitas com pedra. E com o aumento do emprego e da renda, dessa classe C, as pessoas consomem mais. Foi o que garantiu que nossa produção se mantivesse”, disse o empresário, que afirmou ter registrado crescimento de 10% nos seus ganhos no último ano.
Quem está no ramo há mais tempo também começa a dividir o que aprendeu: como fabricar uma bela peça e administrar o próprio negócio. Antonio Márcio de Oliveira trabalha desde 1989 com lapidação de joias. Em 2000, abriu sua primeira joalheria, o Ateliê de Prata. Em 2004 formalizou-se e, neste ano, ampliou uma de suas duas instalações. Juntas, elas empregam dez funcionários e faturam R$ 220 mil por ano, de acordo com Oliveira. No Sebrae, o empresário capacita pessoas interessadas em receber orientações para serem bem sucedidas como ele.
Juscelino Souza, dono da Opalas Pedro II (Foto: Anay Cury/G1)Juscelino Souza, dono da Opalas Pedro II 
Diante do aumento do número de lojas e de ateliês de produção das joias de opala – em 2005, eram 10 e hoje, chegam a 35 – o mercado de trabalho de Pedro II ficou mais aquecido, dando oportunidade para que jovens consigam seu primeiro emprego e se especializem na fabricação das peças.

Francisco Carneiro da Silva Filho, conhecido como Júnior, 24 anos, preferiu ficar longe das lavouras – a outra fonte de renda da população – e se dedicar à lapidação de pedras, o primeiro emprego e, conforme seu desejo, único, na área. “Faço cursos, busco sempre aprender mais. Mas não tenho vontade de sair daqui. Me criei aqui e é aqui que eu quero ficar”, contou Júnior.
Com direito à participação nos lucros da empresa onde trabalha, Marcos Vinícius de Sales Monteiro, 24 anos, diz não trocar a ourivesaria “por nada”. “Estou aqui há oito anos. Esse é o meu primeiro emprego, minha vida. Gosto do que faço e só quero progredir”, contou o jovem, enquanto mostrava uma peça à qual acabara de dar forma. Na loja onde é funcionário, as joias custam de R$ 30 a R$ 1 milhão.
Marcos Vinícuis trabalha em ateliê de joia em Pedro II e diz não trocar o emprego por nada (Foto: Anay Cury/G1)Marcos Vinícuis trabalha em ateliê de joia em Pedro II e
diz não trocar o emprego por nada..
Atrás do sucesso mais recente que tem vivido o comércio de Pedro II está o garimpo. Nas mãos desses homens tem início a primeira etapa do ciclo produtivo das joias de opala. Hoje, com a crescente e necessária legalização da exploração das minas, muitos abandonaram a atividade, segundo contam os trabalhadores.
No entanto, os que ainda insistem garantem que o esforço vale a pena. Antonio Ferreira Neto, 48 anos, chamado de Marola, é garimpeiro e lavrador desde os 17. Em Pedro II, conhecida como Suíça piauiense devido às temperaturas amenas que permitem o cultivo de legumes e hortaliças, a maioria das famílias que vivem do garimpo complementam a renda com a produção de suas pequenas lavouras.

“Consegui criar dois filhos com o dinheiro daqui. Tem o lado ruim, desgasta a gente. Tem que ficar aqui o dia inteiro procurando pedra, e nem sempre acha, mas eles estão lá. Um estuda em faculdade pública em Teresina, faz biologia e quer voltar para trabalhar com meio ambiente em Pedro II, e o outro foi para São Paulo, trabalhar em um restaurante muito chique, aquele Fasano.”

“Quatro meses por ano, a maioria das pessoas está voltada à agricultura familiar e o restante do tempo a essas outras atividades”, disse Marcelo Morais, consultor do Projeto Gemas e Joias, do Sebrae no Piauí e Coordenador do Arranjo Produtivo Local da Opala.
Antonio Ferreira Neto, 48 anos, chamado de Marola, é garimpeiro e lavrador desde os 17 (Foto: Anay Cury/G1)Antonio Ferreira Neto, 48 anos, chamado de Marola, é garimpeiro e lavrador desde os 17 (Foto: 
Raio X da Opala (Foto: Editoria de Arte/G1)

Com sorte e muita insistência, há garimpeiros que já chegaram a ganhar R$ 60 mil em pedras em um mês, segundo contou o presidente da cooperativa dos trabalhadores, José Cícero da Silva Oliveira. Normalmente, o ganho não atinge essa cifra, mas a atividade tem se desenvolvido de forma sustentável, gerando perspectivas mais positivas para essa atividade. Hoje, são explorados, legalmente, cerca de 700 hectares, o equivalente a 7 milhões de metros quadrados.

“A exploração não é mais desordenada. Todos os trabalhadores da cooperativa trabalham em áreas regulares, com licenciamento, com equipamento de segurança. Sempre recebemos a visita de fiscais de vários ministérios”, afirmou. No regime de cooperativa, 10% de tudo o que se ganha em vendas é dividido entre os 150 associados. “Mas se um encontra uma pedra maior, por exemplo, fica para ele. Se não fosse assim, não daria certo, né?”, ponderou.
Opala lapidada, pronta para virar joia (Foto: Anay Cury/G1)Opala lapidada, pronta para virar joia (Foto: Anay Cury/G1)
A opala extra chega a custar quase quatro vezes mais que o ouro. Enquanto o grama do ouro é cotado por volta de R$ 80, o da opala, dependendo do tipo, o da opala pode ser vendido por até R$ 300. Tão valiosa é a opala que chama a atenção de grandes joalheiras no Brasil. Na Amsterdam Sauer, tradicional joalheria brasileira, presente nas principais metrópoles do mundo, por exemplo, a pedra de Pedro II sempre foi utilizada na produção e comercialização de suas joias, segundo a empresa.

RadiografiaA cidade de Pedro II fica no norte do Piauí, a 195 km da capital Teresina, e contabiliza, aproximadamente, 37.500 habitantes, segundo Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O município tem cerca de 500 famílias, entre garimpeiros, lapidários, joalheiros e lojistas que vivem da opala, de acordo com dados do Sebrae do Piauí.

GARIMPO DE DIAMANTE JUINA MT



.,no estado do Mato Grosso., foi palco de uma grande corrida de garimpeiros na decáda de 1980...lá tinha varios garimpos de diamantes..o diamante de Juína.,não era em sua totalidade para ser usado em joías.,lá tinha mais o diamante industrial.,muito usado pelas industrias aeronauticas e outras....o que perdia em qualidade o garimpo de Juína.,ganhava em produtividade.
Ali tinhas vários garimpos.,mais dois se destacaram dos demais: o garimpo do 180 e o do arroz.
O trabalho nestes garimpos eram bem cansativos.,pois dependiam muito do esforço fisico.,quem nem sempre eram bem compensados.
Trabalhavamos por em média 15 dias.,ai pegavamos nossas comissões e iamos para "festar" na cidade....em Juína na epóca tinha muitos hoteis aonde ficavam os compradores de diamantes.
Mais uma das figuras mais "emblematica" que conheci foi o negão da anta...esse era seu nome...assim ele era conhecido...o negão da anta era um calejado e experiente garimpeiro.,porém não parava em lugar nenhum...vivia mais de reco(quando se lava um material que ja foi usado a procura de alguma sobra de garimpo)_..pois bem,o negão da anta sempre vivia rodado em Juína.,quase sempre em alto estado de embriagues fazendo ponto na rodoviária de Juína....gostava de uma mulher.,porém esta nem bola dava para ele.,devido ao seu pessímo estado,tanto financeiro como fisíco...certa vez o negão pediu a um conhecido comprador de diamante que lhe fornece vivéres.,pois ia tentar a sorte no garimpo do arroz.....era comum na epóca os compradores de diamantes fornecerem os vivéres necessários bem como o material para garimpagem.,em troca de 50./. do que fosse achado...se não achasse nada o prejuizo seria dos dois...neste dia outros compradores negaram dar a compra para o negão.,pois ja tinha perdido dinheiro com ele...porém teve um que arriscou..e la foi o negão contente e feliz atras da sorte..
no segundo dia de "reco" o negão achou uma pedra de diamante..e não era uma pedra qualquer...foi considerada umas das mais grandes e valiosas que ja foram achadas em Juína...diz o negão que quase desmaiou quando viu a "bitela"...largou tudo e voltou a Juína e foi procurar o comprador que lhe havia financiado a empreita..o comprador era uma pessoa honesta e integra., e mandou que o diamante fosse avaliado em Bruxelas.,na bolsa de diamante(fotos por fax..)..veio a avaliação e autorização de compra da mesma...e ai surgiu um pequeno problema!!!.,o negão da anta não tinha documento!!!.,só sabia do nome da cidade em que nascera na Bahia..e como dinheiro é dinheiro.,com tres dias o negão ja tava documentado e com conta aberta em banco e etc..tal....com a parte que lhe coube.,o negão comprou um hotel na cidade(hotel este que ja tinha sido enxotado várias vezes por não ter dinheiro para pagar...)...comprou um carro santana(era o top da epóca)...e é lógico!!!casou com a amada que de repente descobriu que o amor da vida dela era o negão da anta!!!!!..o sócio na pedra(comprador)...arrumou um bom administrador para o restante do dinheiro que foi aplicado em gado....á partir daquele dia o negão da anta.,passou a ser o Sr. Negão da Anta!!!!!
ai entra uma velha máxima do garimpo...."a sorte não escolhe pessoas....vem para as pessoas"..naquele dia muitos negaram ajudar o negão na compra dos vivéres..um acreditou...e este a sorte veio....

GARIMPO DE OURO E DIAMANTE EM RORAIMA 1980/90

Se escutamos o termo “buscador de ouro” nossa mente possivelmente voará ao Velho Oeste, ao longínquo Oeste norte-americano de que tantos filmes temos visto, e imaginará homens com bateias tentando tirar alguma “pepita” de ouro da areia de um rio. Porém essa imagem não é propriamente exclusiva dali, senão que aconteceu em outros lugares do planeta, e de fato ainda ocorre, sem mudar quase nada, no norte do Brasil e ao sul da Venezuela.

Durante os anos 80 e 90 a pequena cidade de Boa Vista (a capital do estado nortista brasileiro de Roraima) era um dos grandes centros mundiais de extração de ouro e diamantes e em suas ruas, os pequenos negócios encarregados de sua compra existiam por centenas. As cifras são difíceis de assimilar, imagine que nos tempos de maior atividade era possível, em um único dia, ver em seu pequeno aeroporto até 600 aterrisagens e decolagens de pequenos aviões que levavam pessoas e mantimentos ao garimpo e traziam o encontrado, uma grande quantidade de ouro e diamantes.

Anúncio de um dos estabelecimentos que ainda se dedicam ao comércio de ouro e diamantes na cidade de Boa Vista.
As condições em que viviam aqueles que realizavam esta atividade eram terrivelmente duras. O trabalho era esgotante e tinham que dormir em barracas de campanha no meio da selva a centenas de quilômetros de qualquer localidade, vulneráveis às doenças e em um território sem lei.

A maioria das minas estavam localizadas em território yanomami. Afortunadamente no ano 1.991 o Governo Federal brasileiro as homologou como Terra Indígena e proibiu o garimpo, o que aliviou em grande parte a situação dos índios, que vinham sofrendo as enfermidades trazidas pelo homem branco e contra as quais não tem defesas naturais, e uma crescente contaminação cultural com o pior de nosso mundo, o álcool, a prostituição, etc.

Quando a atividade mineira acabou alguns dos milhares de garimpeiros ficaram ao redor de Boa Vista, onde viviam suas mulheres e filhos, porém muitos, sem vislumbrar outro futuro e picados pelo mosquito do “pode ser que amanhã eu encontre a pepita de ouro que me tire da miséria” partiram para Venezuela, onde continuam em sua busca sem fim.

Assim é o ouro quando se encontra na natureza.
Em Boa Vista conhecemos Neguinha, uma mulher alegre e cheia de energia que viveu no garimpo durante 5 anos. Neguinha não se nega de contar-nos sua história, a única condição é que não coloquemos sua imagem.
De onde você veio?

Como a grande maioria dos garimpeiros, venho de uma família pobre do nordeste do país. Éramos gente do Maranhão, Ceará, Piauí, Pará, Rondônia,... Ali a situação era muito difícil. Então te encontravas com alguém que tinha ido às minas e regressava com muito dinheiro, suficiente para comprar gado, casa, terras, montar um comércio... Isso te fazia pensar que tú podes conseguir o mesmo. Por isso quis ir ali, para ver si realmente era certo o que diziam.
Nem todos os que iam voltavam assim, o normal era que quem saía não regressava nunca. Recordo uma brincadeira que se contava em minha cidade naqueles anos: “Um burro estava coçando as costas na parede de uma casa e sem querer toca com a pata na porta, “toc toc toc”, a dona da casa diz lá de dentro: “pode entrar, meu marido está no garimpo”.

A perspectiva de enriquecer de um dia para outro fez que muitos homens, inclusive pais de família com filhos, deixaram suas casas e se foram. Uns poucos voltaram ricos porém a grande maioria ficou no garimpo e não voltou. Ali os homens se encontravam com um mundo de prostituição, droga, e também ambição, inveja e morte. Conheço uma história de dois cunhados que foram juntos às minas, um dia um encontrou uma pepita de ouro que pesava um quilo e meio. Seu cunhado o matou e voltou a casa com o ouro. Acredito que ainda hoje sua mulher não sabe que foi ele quem matou seu irmão.

Porém nem tudo era perverso, também houve muitas histórias de companheirismo, de pequenos grupos que colocaram tudo o que tinham para tirar de avião um companheiro enfermo, de gente que carregou um amigo caminhando durante dias para salvar-lhe a vida,... como em todos os lugares tem gente boa e má.

Em teu caso, como foi a decisão de ir ao garimpo?

Briguei com meu companheiro e nesse momento chegaram duas amigas que voltavam das minas. Me convidaram e não duvidei, peguei uma bolsa, meti a roupa que tinha e me fui, saí sem um tostão.

Como foi o começo?

Comecei no estado do Pará trabalhando como cozinheira. A atividade nas minas começava muito cedo, me levantava às 4 da manhã para fazer fogo. Depois passava o dia cozinhando, preparando arroz, feijão e carne de sol.

Pensava que conseguiria dinheiro fácil, porém foi uma desilusão. A vida era muito dura, peguei muitas malárias, contei 38, e alguma hepatite. Nunca ninguém me bateu nem me machucou de alguma maneira. Só recordo de um bêbado que tentou me obrigar a dormir com ele uma noite. Subi em uma árvore da selva e não desci até a manhã seguinte. Os gritos dos macacos me salvaram porque me assustavam tanto que não podia dormir e assim não caí da árvore. O homem me pediu perdão de manhã e nunca voltou a acontecer nada. As mulheres vão ao garimpo trabalhar como cozinheiras ou prostitutas, estas últimas chegavam ao acampamento, montavam umas barracas de pano provisórias, faziam seu trabalho, cobravam e se mandavam.

Cobrabas um salário?

O salário das cozinheiras era fixo, uma grama de ouro por dia, 30 gramas por mês porém não dava para muito porque ali tudo chegava de avião e era muito caro. Um pacote de cigarro custava 1 grama de ouro e eu fumava dois pacotes por dia, ou seja 2 gramas. Para pagar mendigava entre os companheiros e também ia ao rio e garimpava, tirava algo de ouro.

Havia tanto ouro?

Uma noite dormi na barraca com 5 quilos. O dono chegaria de avião às 8 da manhã, me chamava todo o tempo pelo rádio para ver se estava acordada. Minha vida com aqueles 5 quilos de ouro não valia nada, tinha um revólver porém os garimpeiros que o tinha tirado sabiam que eu tinha e também estavam armados, ali todo mundo estava armado.

Como se organiza o trabalho?

Normalmente se trabalha em uma equipe de 4 pessoas mais uma cozinheira. Os homens trabalham com uma máquina que vai limpando o fundo do rio. Do ouro que se tira, 30% se divide entre os 4 garimpeiros e o resto é para o dono da máquina, que é quem realmente se enriquece. Ser garimpeiro é muito sofrido, o trabalho é duro e ao final tem que pagar tudo, o avião, o diesel para a máquina, a comida,… Isso sem contar com os mosquitos, a malária, os perigos,…

Como chega o garimpeiro até as minas? Encontra trabalho facilmente?

Normalmente chega de avião. Vai porque escutou alguma “fofoca”, algum rumor de que tem ouro no lugar. Chega, coloca sua rede em algum lado e espera que surja uma vaga, que outro garimpeiro se vá. Ninguém lhe convida, ele tem que chegar e esperar que surja a oportunidade. Serão poucos dias, dois ou três. Tem quem leve sua bateia (espécie de peneira) e vão trabalhando em solitário, normalmente são estes que descobrem novas minas porque vão a lugares ainda não explorados, quando o encontram voltam à currutela (o povoado onde tem diversos serviços como um bar-armazém), tomam umas cachaças, se embebedam e soltam o rumor.

Nem sempre um rumor é real, já ocorreu de que a gente chega a um lugar no que não tem nada e depois não tem dinheiro para pagar o vôo de volta. A situação se complica e passará muita fome.

Havia indígenas nas áreas em que voce esteve? Como era a relação com eles?

Sim, os yanomami. Normalmente tínhamos uma relação de troca, eles nos davam farinha, beijú, pimenta,... e nós facas, ferramentas,…

Para ser sincera, quando os conheci pela primeira vez pensava que não eram como nós, que não eram pessoas. Não podia entender sua cultura, não choravam, queimavam seus mortos e comiam as cinzas, realizavam infanticídio,... para mim não eram gente. Porém em uma ocasião chegaram com seus filhos nos braços, doentes de gripe, chorando e implorando desesperados que levássemos seus filhos a Boa Vista no “guru-guru”, no avião, para salvar-lhes a vida. O branco lhes tinha levado as doenças. Ali entendi que éramos iguais.

Por quê deixou o mundo do garimpo?

No ano 1.992, quando a área yanomami foi homologada como Terra Indígena a polícia federal entrou no garimpo para desmantelá-lo. Eu, com anos de trabalho, tinha podido ter uma maquinaria e tinha uma equipe trabalhando para mim. Então chegaram onde estávamos e destruíram aquilo em segundos. Meteram pedras no motor e o ligaram, cortaram as mangueiras com machado, queimaram os barracos,… não ficou nada. Quando se foram nem sequer nos tiraram dali. Éramos nove pessoas e não tínhamos comida. Demoramos 22 dias para chegar a algum lugar descendo em uma balsa pelo rio. Pescávamos e parávamos na margem do rio para fazer fogo e cozinhar. As vezes os peixes vinham cheios de vermes porém com a fome que tínhamos os comíamos igual.

Naquele momento me chateei muito, porém hoje podem me oferecer 3 quilos de ouro para ir que não aceito. Tenho consciência do mal que fizemos, da destruição que causamos, do lixo que ficou, não quero mais isso. Quando cheguei a Boa Vista me ajoelhei e prometi nunca mais voltar ao garimpo, ainda que fosse na porta de minha casa, e assim tem sido, já se passaram 15 anos.

O quê aconteceu com outros garimpeiros quando se fechou a área yanomami?

Muitos se foram a área de Raposa Serra do Sol, porém eram minas de diamantes e não sabiam trabalhar bem com eles, perdiam dinheiro e se foram em seguida para Venezuela. Acredito que lá agora tem mais garimpeiros brasileiros que venezuelanos.

Qual é a situação atual do garimpo?

Diminuiu muito, porém não desapareceu. Não tem vigilância de organismos federais, só os indígenas estão fiscalizando. O garimpeiro encontra a maneira de chegar, seja andando, seja de canoa ou avião. As vezes os indígenas se zangam com os garimpeiros e ocorre algum enfrentamento. Depois as coisas se tranquilizam durante um tempo até que os garimpeiros voltem.

Desde o aeroporto já não se pode voar sem autorização, os aviões clandestinos saem de pistas no lavrado (no cerrado), porém tem radares e se é detectado o piloto tem que dar milhares de explicações, pode perder o avião e inclusive ir para a cadeia.

O DIAMANTE (CARBONO)

É apenas uma pedra, de estrutura simples, composta por átomos do elemento básico de toda forma de vida., o carbono. Raro, elaborado pela natureza há milhões de anos em camadas profundas da Terra, o diamante desde a Idade Média tem sido o ornamento mais fascinante e valioso das coroas reais e das jóias das mulheres afortunadas. Ao longo das últimas décadas ele se tornou também uma pedra preciosíssima para cientistas que pesquisam materiais.
Essa jóia, porém, não é natural nem nasce no fundo da Terra, mas em laboratórios. Como uma versão contemporânea dos alquimistas medievais, que procuravam a pedra filosofal para transformar chumbo em ouro, esses cientistas fazem diamantes a partir de substâncias tão pouco nobres como grafita ou gás metano. Longe de criar pedras para ornamentar anéis, eles buscam aperfeiçoar um material que pode se tornar o trampolim de um novo salto tecnológico, promessa mais concreta do que os badalados supercondutores cerâmicos anunciados alguns anos atrás.
Por suas propriedades, os diamantes se constituem num espécie de panacéia tecnológica, remédio para problemas em locais tão diversos quanto usinagem de metais, instrumentos medidores de radiação, computadores, naves espaciais e perfuração de petróleo. “Um diamante, seja natural ou sintético, é o material mais duro que existe”, diz o físico João Herz da Jornada, chefe do Grupo de Física de Altas Pressões da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que pesquisa a síntese de diamantes há seis anos. Isso significa que a pedra risca e penetra qualquer outro material, mas não pode ser riscada por nenhum deles. Duro mas frágil: devido ao tipo de arranjo molecular dos átomos de carbono, o diamante quebra quando leva pancadas em determinados planos. Mas sua resistência à abrasão é poderosa, o que lhes permite desgastar de cerâmicas a metais e sofrer bem pouco ataque.
Diamantes são também os melhores condutores térmicos, ou seja, dissipam calor mais rápido que qualquer outra substância, ao passo que são isolantes elétricos, impedindo a passagem de correntes elétricas. Inertes quimicamente, dificilmente reagem com outras substâncias, passando incólumes por banhos de ácido capazes de dissolver metais.Tudo isso misturado numa só pedrinha, e tem-se a receita de um material quase perfeito. Até 1955, quando nos laboratórios da General Electric americana foi produzido o primeiro diamante sintético, dependia-se apenas dos naturais que haviam se dignado a subir à superfície da Terra. Somente em 1797, o químico inglês Smithson Tennant provou que o diamante era simplesmente uma forma de carbono: queimado na presença de oxigênio, virava dióxido de carbono, como acontece com a grafita ou com o reles carvão vegetal. O século e meio seguinte foi de corrida para ver quem descobria a receita de transformar grafita em diamante, em que a GE chegou primeiro.O método desenvolvido pela GE é a técnica de alta pressão e alta temperatura. Junta-se um pouco de grafita, um catalisador (metais como ferro, cobalto e níquel), faz-se um sanduíche de várias camadas, colocando-o no centro de uma câmara de alta pressão. No Laboratório de Alta Pressão da Federal gaúcha, montado com máquinas e equipamentos totalmente projetados e construídos no Brasil (e iguais aos estrangeiros ), essa câmara é o furo central de um disco de carboneto de tungstênio. uma liga superdura.

Colocada numa prensa de 500 toneladas, a câmara atinge a pressão de 50 000 a 60 000 atmosferas—1 atmosfera é a pressão do ar ao nível do mar. Uma corrente elétrica passa então por dentro da câmara e aquece o sanduíche na temperatura ideal de 1 500ºC. Em cinco minutos, tem-se uma mistura solidificada de diamantes pequenininhos e metal. Um banho de ácido dissolve o metal e ficam só as pedrinhas. Parece simples, mas é preciso controlar muito bem temperatura e pressão, para que o processo seja eficiente.Acima de 1 000 graus Celsius, o diamante em pressão normal se grafitiza. Isso só não acontece na câmara por causa da alta pressão, condição em que a forma estável do carbono é o diamante. Quando se quer uma pedra maior, monocristalina, um pequeno diamante é colocado na base da câmara, e ali o carbono vai se depositar, fazendo-o crescer, num processo que pode demorar uma semana.Foi assim que o laboratório da GE fabricou seu diamante ultrapuro, com 99,9% de isótopos de carbono-12 (enquanto os naturais têm 99% ), e apenas 0,1% de carbono-13, considerado uma impureza. Esse ultrapuro consegue a proeza de conduzir calor com 50% a mais de eficiência do que o diamante natural. Do diamante, costuma-se dizer que é para sempre, mas na verdade não deveria ser nem por trinta segundos. Na temperatura e pressão da superfície da Terra, a forma estável do carbono é a grafita. O diamante é a forma metaestável, ou seja, só continua existindo porque não há energia suficiente (alta temperatura) que sacuda seus átomos e o faça retornar à forma estável, a grafita.

Calcula-se em 1 bilhão de dólares anuais o mercado mundial de diamantes sintéticos, Graças a sua dureza, o diamante entra em cena na indústria toda vez que ferramentas normais não dão conta do serviço pesado. Só nos automóveis, cada um que sai da linha de montagem deixa para trás 1 quilate (0.2 grama) de diamante gasto em sua produção. Como nessa indústria trabalha-se muito com peças e ferramentas de materiais duros e abrasivos, o diamante é quem dá melhor resultado nas usinagens—retiradas de material para que as peças atinjam as dimensões exigidas— e acabamentos. como polimento de discos de freio ou dos cilindros dos motores. Quem faz esse trabalho é o chamado policristalino de diamante, ou PCD, uma das formas de aplicação do diamante industrial que nada tem a ver com as gemas vistosas incrustadas nos anéis.Quase 90% dos diamantes industriais são sintéticos. Pedrinhas minúsculas, com tamanho variável entre 1 200 e 0,25 mícrons (1 mícron é 1000 vezes menor que 1 milímetro), parecem a olho nu um punhado de purpurina extremamente brilhante. O PCD é feito com milhares de diamantes de 10 mícrons colocados sobre uma base de metal-duro, uma liga de carboneto de tungstênio com cobalto. Sob alta temperatura e pressão, o cobalto penetra nos interstícios entre os diamantes, unindo os pedacinhos num corpo agora inteiro, com formatos diversos e tamanhos de até 5 centímetros.

Além da indústria automobilística, o PCD é usado na aeronáutica, para trabalhar os novos materiais leves e resistentes como kevlar e fibra de carbono."No caso da fibra de carbono, é imprescindível o uso de ferramentas que sustentem o poder de corte por muito tempo, como as de diamante, pois se ficarem cegas estragam a fibra", explica o engenheiro Luiz Carlos Caetano da Silva, da De Beers Diamantes Industriais do Brasil. Outro processo de construir ferramentas diamantadas é a sinterização, em que grãos de diamantes são misturados a ligas metálicas que aprisionam esses grãos. Essa liga cravejada de pedras pode ser posteriormente soldada a diferentes bases, formando ferramentas como rebolos, serras e limas. Uma das ferramentas mais importantes é a broca para perfuração de poços de petróleo. Com o diamante sinterizado na ponta, a broca vai perfurando várias camadas de rocha até perto de 4 000 metros de profundidade. Só o diamante consegue chegar lá inteiro—ainda que as pedras sofram desgaste no processo, ele é muito menor do que o sofrido por qualquer outro material que fosse utilizado, tornando a broca resistente por mais tempo. Segmentos sinterizados de diamantes são aplicados também em serras. Elas cortam qualquer pedra que apareça pela frente, de mármore e granito a concreto.

O método mais moderno de fabricar diamantes sintéticos é chamado CVD, sigla de Chemical Vapour Deposition, ou deposição de vapor químico, inventado por soviéticos há mais de dez anos. Os avanços científicos e técnicos nesse método, nos últimos quatro anos, transformaram- no na última moda em laboratórios de todo o mundo. "Nesse processo, não se passa de uma fase a outra, mas de uma substância a outra". afirma o físico Rogério Pohlmann Livi, do Grupo de Altas Pressões da Federal do Rio Grande do Sul.A matéria-prima aqui não é a grafita, mas o gás metano (CH4). Numa proporção de mais de 99% de hidrogênio e menos de 1% de metano, o gás é levado a um recipiente de vidro protegido com quartzo e passa por um filamento de tungstênio, semelhante ao das lâmpadas domésticas, onde é aquecido a 2 000°C. A temperatura ativa o gás e quebra as ligações moleculares, ocorrendo a formação de radicais livres (CH3, CH2,CH, etc.). Em muitos experimentos o gás é ativado por microondas, Iaser ou até mesmo pelas reações químicas em maçaricos.Dentro do recipiente de vidro fica a base onde vai se formar o diamante, o substrato, geralmente uma plaquinha de silício mantida aquecida a 800°C. Cada molécula de CH3 se deposita sobre o substrato, deixando ali o carbono e liberando o hidrogênio.

Os átomos de carbono se arranjam então na forma de diamante, microscópicos cristais nascendo ao longo do substrato, num processo chamado nucleação. Os pequenos cristais de diamante espalhados pela superfície crescem até se tocarem, formando uma camada continua. O resultado do CVD, portanto, é um filme de diamante policristalino, ou seja, formado por milhares de infinitesimais cristais de diamantes agregados.A invenção do CVD foi um achado. É certo que ele ainda custa muito mais do que o de alta pressão—calcula-se em 100 dólares por quilate—, pois são necessárias cerca de dez horas de um consumo extraordinário de energia para fabricar um 1 filme de 1.5 cm x 1.5 cm com até 10 mícrons de espessura. Apesar do preço ainda elevado, essa nova técnica permite o revestimento de diamante em superfícies relativamente extensas (atualmente mais de 100 centímetros quadrados) e com formas complexas, o que viabiliza um grande número de novas aplicações.Por outro lado, para campos tão diferentes como revestimentos antiabrasivos, ferramentas de corte e microeletrônica, apenas camadas muito finas—e portanto baratas—são necessárias. Estima-se que a introdução do processo CVD irá ampliar consideravelmente o mercado do diamante sintético, dos atuais 1 bilhão de dólares por ano para algo em torno de 7 bilhões de dólares por ano. Imune a radiações, o diamante daria um ótimo passageiro a bordo de naves espaciais, já que passaria ileso pelo mar de raios lá em cima, como os ultravioleta e os raios X.

É uma janela perfeita também para aparelhos de raios laser. Isso tudo, se ainda não é uma realidade comercial, já é viável tecnologicamente. Porém, um dos grandes desafios pelos quais fervilham os laboratórios que pesquisam materiais em todo o mundo é aprender a usar o potencial do diamante como semicondutor, na fabricação de chips com características muito melhores do que os existentes hoje, baseados no silício.Melhor dissipador de calor já nascido ou inventado, e transportando impulsos elétricos a velocidades muito superiores à do silício o diamante poderia fazer maravilhas dentro de um computador. Os chips de silício, que fazem o trabalho de processar informação, já pedem água por tanto esforço que fazem. A movimentação dos elétrons dentro deles produz calor—assim, quanto mais informação passa mais ele fica quente—, e acima de 200 ou 300°C o chip está destruído. A 1 50°C ele já não funciona direito, um problema sério para computadores a bordo de automóveis, veículos militares e mísseis, que nem sempre trabalham sob sombra e água fresca, como aconteceu recentemente na Guerra do Golfo Pérsico. Supercomputadores, não fossem seus eficientes sistemas de refrigeração, simplesmente não poderiam funcionar.

Embora seja isolante elétrico, o diamante, tal e qual o silício, vira um semicondutor quando dopado (adicionado de impurezas) com outra substância, nesse caso o boro. Só que a confecção de chips de diamante para computadores e outros equipamentos eletrônicos, pelas mesmas tecnologias existentes para o silício, esbarra na inabilidade em se produzirem camadas finas monocristalinas do material. Por enquanto, só se consegue fazer crescer filmes policristalinos (um aglomerado de monocristais).Por isso, em dezenas de laboratórios do mundo, existe hoje uma corrida louca atrás do crescimento epitaxial (com a mesma orientação cristalina) de diamante sobre silício e outros materiais, tendo como resultado as duas camadas monocristalinas. “Mesmo que isso seja conseguido, existem muitos outros problemas a serem resolvidos para a fabricação de chips comerciais, como contatos elétricos, dopagern seletiva, adesão de camadas e temperatura de funcionamento", adverte João Herz da Jornada. De qualquer forma, protótipos de diodos e transistores—peças básicas dos chips —feitos de diamante já provaram seu funcionamento em laboratório. Fazê- los trabalhar no mundo real parece ser uma questão de tempo e de desenvolvimento tecnológico. Quando esse dia chegar, os computadores verão o futuro mais brilhante.





Caixa de reflexos
Antes de ser lapidado, um diamante natural tem a aparência de uma pedra qualquer. É nos cortes sofridos durante a lapidação que ele se transforma numa verdadeira caixa refletora de luz. Qualquer que seja o formato, de circular a quadrado, o importante é dar ao diamante a proporção correta. Assim, a luz, ao entrar pela pane de cima da pedra, reflete e sai também por cima, causando aos olhos a impressão de brilho. Se a pedra ficar com um cone muito profundo, a luz reflete uma vez e escapa para o lado. Num diamante raso demais, a luz passa direto e o atravessa, sem refletir.Quando passa pelo processo de lapidação, um diamante perde metade de seu peso original. É necessário extrair cerca de 250 toneladas dos veios de kimberlito, a rocha que abriga os diamantes formados a 160 quilômetros de profundidade numa temperatura de cerca de 1 700° C, para se conseguir uma gema—uma pedra com pouca ou quase nenhuma impureza, e de tamanho suficiente para ser cortada.



PRODUÇÃO MINERAL

Pólo de Gemas, Jóias e Artesanato Mineral do Estado da Bahia
PRODUÇÃO MINERAL
A Bahia é reconhecida por se
r o Estado brasileiro que mais Investe na atividade
mineral. Tais investimentos permitiram a realização de inúmeras pesquisas e prospecção
mineral, mapeamento geológico básico,
desenvolvimento de estudos em distritos
mineiros e de pesquisas geocientíficas, com reflexos positivos, demonstrados no
expressivo crescimento e diversificaç
ão da produção mineral da Bahia.
Atualmente, a produção mineral baiana
é gerada por aproximadamente 320
empresas, que atuam em mais de 100 municí
pios, e abrange cerca de 35 substâncias
minerais, mobilizando 19 mil empregos diretos.
De acordo com informações da Compa
nhia Baiana de Pesquisa Mineral
(CBPM), o Estado tem feito levantamentos aer
ogeofísicos, utilizando os mais modernos
sistemas de alta resolução disponíveis. E
sses levantamentos buscam a identificação de
ambientes geológicos e a seleção de novas área
s para pesquisa mineral, por meio da
revelação de áreas que sinalizam a possibilidad
e de existência de mineralizações. Entre
os levantamentos aerogeofísicos realizados
pela CBPM, nos últimos anos, cabe registrar
aqueles desenvolvidos nas
regiões de Mundo Novo, Senhor do Bon.m, Juazeiro,
Curaçá, Jaguarari, Riacho de Santan
a, Paramirim, Boquira, Sento Sé,
Itagimirim/Medeiros Neto e Ibitiara-Rio de Contas. Por sua importância econômica e
social, o Setor de Gemas também está sendo contemplado por ações governamentais,
por meio de sondagens, pesquisas geológica
s/geofísicas, edição do Mapa Gemológico
da Bahia, criação de unidades de lapidação/
artesanato mineral e cursos de treinamento,
aliados aos incentivos direcionados ao apoi
o e desenvolvimento. É importante ressaltar
que o Mapa Gemológico da Bahia, elabor
ado em 2000, permitiu estruturar banco de
dados com mais de 700 registros de jaziment
os, com realces para a esmeralda, ametista,
água marinha, diamante e cristal de roch
a. O Estado é considerado o segundo maior
produtor de gemas coradas do país.
Por sua importância, cabe registrar que,
em 1963, teve início a localização de
ocorrências de esmeraldas na Bahia, pa
rticularmente, no sertão Norte do Estado,
denominado Serra da Carnaíba. Neste Loca
l, a exploração era praticamente toda
subterrânea, em túneis de até 100 metros de profundidade. Na década de 80, essa área
chegou a representar quase toda a esmera
lda produzida no Brasil
e cerca de 25% do
total da exportação brasileira de gemas,
com exceção dos diamantes. Nos anos 80,
foram descobertos cristais de esmeraldas
em Campo Formoso, garimpo de Socotó, há
cerca de 40 quilômetros da Serra da Carnaí
ba, que rapidamente superou a produção de
Carnaíba.
Uma estimativa preliminar mais recente
das reservas de esmeralda/berilo do
Garimpo da Carnaíba sinaliza a existência
de 220 toneladas em Carnaíba de Cima, 105
toneladas em Bráulia-Marota, e 35 toneladas em Bode-Lagarto-Gavião.
Adicionalmente, algumas perfurações exploratórias mostraram que os serpentinitos
portadores de esmeralda podem se estender po
r mais algumas centenas de metros em
Carnaíba de Cima. Embora a melhora dos pr
ocedimentos mineiros implique em custos
mais altos, tem sido demonstrado que pode ser economicamente viável explorar as
faixas mais profundas utilizando
novas técnicas. Algumas áreas
potenciais, situadas fora
dos limites legais do garimpo de Carnaí
ba, têm sido indicadas para prospecção.